sexta-feira, 30 de julho de 2010

OS BONS TEMPOS. MESMO?


Corria o ano de 1945. Meu avô Sud era Diretor-Geral do Ensino do Estado de São Paulo e, apesar de seus esforços, não conseguia melhorar da forma que imaginava o ensino paulista. Em sua administração construíram-se algumas escolas pelo interior do estado, melhoraram-se algumas instalações - de acordo com os jornais da época - mas algumas escolas continuavam mal instaladas, e isto em plena Capital estadual.

Um dos professores fez um trabalho - possivelmente pedido por meu avô - e saiu fotografando os edifícios escolares paulistanos. Na verdade, parece ter visitado todos os que existiam no município então - e só relatou realmente os que tinham problemas. E, pelas fotos e comentários cáusticos desse professor não identificado, a situação de diversos prédios era bastante comprometedora.

A fotografia reproduzida acima, por exemplo, estava grampeada (ainda hoje está) no alto de um papel que era uma das páginas do relatório que ele apresentou. Por algum motivo, o relatório ficou nos arquivos pessoais de Sud e veio cair em minhas mãos. Na folha de papel, estava datilografado em tinta azul o texto abaixo, mantido na ortografia original:

Uma casa de colono de um sitio decadente a centenas de quilometros da capital?
Casa abandonada a beira da estrada, esquecida dos homens e amada dos morcêgos?
Lembrança de séculos idos, quando o avião, o submarino, o telefone, o rádio, eram fantasias dos livros de Julio Verne?
Pouso de tropeiros que vêm de longe, em demanda da humilde cidadezinha que se ergue no planalto?
Cenário trágico de algum conto de assombramento?
Nada disso.
O que se vê acima é o presente! É o século XX.
É o prédio de um grupo escolar da Capital de São Paulo.
Nele se preparam os pequeninos brasileiros para o Brasil maior de amanhã.
Nele labuta uma plêiade de professores!
Êle está situado a meia hora da Praça do Patriarca!
Chama-se Grupo Escolar João Teodóro!
Está situado à rua Joaquim Marra no. 20, em Vila Matilde.

O prédio, quase que certamente, não mais existe. E devia ficar a meia hora da praça do Patriarca... de trem da Central. A rua citada fica ao lado da estação da Vila Matilde.

Fica o registro de uma época.

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