A bela estação de Caieiras em 2006. Foto Adriano Martins
Hoje, duas notícias sobre estações ferroviárias saíram nos jornais brasileiros.
Uma, na Folha de São Paulo, mostra o tombamento de nove estações ferroviárias da antiga São Paulo-Railway - ou E. F. Santos a Jundiaí, como passou a ser chamada depois da estatização de 1946. Hoje, não tem nome algum.
As estações de Santos, Jundiaí, Várzea Paulista, Franco da Rocha, Caieiras, Perus, Jaraguá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra foram tombadas pelo CONDEPHAAT recentemente. As sete últimas, por pedido aberto por mim em 2006. Na reportagem, onde consta meu nome (incompleto, o Giesbrecht não foi mencionado), apenas cita que eu pedi o tombamento e uma declaração resumida minha, de que "elas representam a expansão da ferrovia pelo Estado e a explosão de crescimento da cidade de São Paulo". Não faz muito sentido: o que eu declarei realmente é que essas estações foram todas construídas ou totalmente reformadas na década de 1890, como consequência do crescimento do tráfego ferroviário no Estado e também pelo crescimento da cidade de São Paulo e da região metropolitana de então, que pedia pelo aumento da capacidade de embarque e de desembarque de passageiros na linha.
O outro jornal foi a Gazeta do Povo, de Curitiba, mostrando o lado ruim das estações paranaenses, muitas abandonadas pela ferrovia e pelo poder público, dando como exemplo a bela estação de Jacarezinho, no norte do Estado. Cita também outras em diversas regiões. Nessa, também fui entrevistado, tendo meu nome registrado juntamente com meu site de estações ferroviárias.
É sempre bom saber que contribuo de alguma forma para a memória da ferrovia no País. Gostaria de contribuir muito mais, mas aí, eu realmente necessitaria ser um ricaço que conservaria as estações, trilhos e material rodante por hobby. Acho que vai demorar um pouco para chegar a isso...
Para completar, mais notícias sobre o trem-bala Rio-SP-Campinas, sempre fazendo comparações do tipo "com esses bilhões seria possível se instalar tantas ferrovias pelo País", ou "poder-se-ia fazer tantos quilômetros de metrô" nas capitais. Sim, sem dúvida é verdade: porém, por que não sermos realistas e admitirmos que, se o TAV não sair do papel, esses "bilhões" de reais não vão ser desviados para outras ferrovias. Isso nunca acontece.
Apesar de discordar de vários amigos e conhecidos, eu acho que o Brasil, sim, precisa desse trem. Chega de depender de empresas de aviões incompetentes. Vamos dar a chance para uma empresa ferroviária ter sua própria incompetência. De repente, ela até acerta...
segunda-feira, 26 de julho de 2010
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Pena que ela escreveu errado o seu nome, era uma boa chance de você gostar mais da Folha ;)
ResponderExcluirE ainda trocaram os nomes dos municípios e estações de Franco da Rocha e de Varzea Paulista!!!
ResponderExcluirVixe, então agora é que vc odeia a Folha mesmo!! =D
ResponderExcluirQue é isso? Eles me deram uma oportunidade de sair no jornal...
ResponderExcluirOlá Ralph, realmente, a oportunidade saiu..
ResponderExcluir:)
li a reportagem hoje na folha de são paulo, queria conversar contigo sobre a possibilidade de tombamento da estação de trem de corrego rico, imagino que conheça, pois as informações que eu tenho de lá são do seu site; sou psicologo e trabalho em corrego rico, meu email é dtschezzi@gmail.com
aguardo seu contato, (escrevi por aqui pois não encontrei um email seu...)
abraços,
Ralph, não me canso de te agradecer pelo seu trabalho. Eu sempre gostei de ferrovias, mas acho que as suas iniciativas acaba concentrando e reunindo muito mais gente de todos os cantos, dando notícias de tudo, montando o quebra-cabeça com peças que não saem nos jornais e outras fontes nem sempre confiáveis.
ResponderExcluirMe admiro como você administra seu tempo e faz tanta coisa ao mesmo tempo. Acho que ninguém tem idéia do quanto a organização e disponibilização das informações ferroviárias (isso só pra citar o site Estações Ferroviárias) já mudou a postura dos que gostam de ferrovias. Temos um retrato cada dia mais fiel à realidade, e é preciso conhecer para defender.
Sobre o tombamento, a mim me parece algo tão óbvio, que não sei como não tombaram há muitos anos atrás. Mas também acredito que se não fosse sua iniciativa, talvez nunca mais elas fossem protegidas ao menos pela lei.
Quanto ao TAV é um assunto muito complicado que sofre com os pensamentos mesquinhos, que acham que tudo deve ser esgotado em uma frente só. Se tem analfabetos, construiremos trocentas escolas, depois vemos os outros problemas. Mas as coisas são muito múltiplas e demandam planejamento. Eu sou um leigo e como tal, acho que quanto mais diversidade de coisas, mais saudável fica. É que cada uma das iniciativas diferentes despertam outras tantas, num efeito cascata. Concordo contigo e acho que assim será com o TAV. Os investimentos não podem ser enxergados de um modo simplista como lemos nas reportagens.
Navegando no estacoesferroviarias.com.br dei com o tombamento da Estação de Várzea Paulista e resolvi procurar no blog mais informações. Fiquei entusiasmada!
ResponderExcluirParabéns pela iniciativa de salvar estações ainda "salváveis". Inestimável serviço de utilidade pública.
Vera Helena Bressan Zveibil
Muito obrigado, Vera. Um abraço
ResponderExcluirCaro Ralph
ResponderExcluirFoi um grande prazer conhecer o seu blog. Sou um entusiasta do transporte ferroviário e tive a oportunidade de ter conhecido e viajado em algumas linhas férreas em minha infância. Assisti com grande pena o sucateamento da nossa malha ferroviária ao longo das 6 últimas décadas. Nesse governo não creio que nada de expressivo tenha sido feito para recuperá-las. Mesmo com o alto custo do transporte de carga por rodovias e estado lamentável em que elas se encontram, parece que não há interesse político para que se faça algo a respeito. E a ferrovia Campinas-Jundiaí-Santos, em que pé está? E a linha férrea que ligava a cidade do Rio a São Paulo. Que fim levou? Isso para falar o mínimo. E agora só se ouve falar do TAV.Eu me pergunto como esse trem vai resolver e melhorar os grandes problemas de transporte, tanto de passageiros como de carga, que enfrentamos, já há algum tempo, em todo o Brasil. Será que essa alternativa para os que viajam de avião, entre Rio e São Paulo, vai resolver os problemas dos aeroportos que estão a beira de um colapso em todo o Brasil? Isso sem falar no custo faraônico que essa obra está estimada. Não sei se tem algum "expert" em logística assessorando o atual governo sobre esse projeto ou é talvez algum interesse escuso que ainda não rolou na mídia. Creio que a segunda alternativa é a mais provável. Na minha humilde opinião creio que, no momento presente, com a enorme dívida que os governos federal e estaduais vão assumir suas funções, insistir em construir o TAV no Brasil seria como aquele cavaleiro que decidiu comprar a melhor e mais cara sela sem ter ainda podido comprar o cavalo. Gostaria de saber a sua opinião já que você me parece ser uma pessoa que muito entende do assunto. Meu e-mail é: almyralmeida@uol.com.br
Ficaria contente em ver o meu comentário publicado em seu blog bem como o que você teria a dizer.
Almyr de Almeida .
Al, as duas linhas que v. citou existem e funcionam. Parte delas com trens da CPTM e parte com cargueiros apenas. Quanto ao TAV, eu acho que ele é necessário sim. Só avião para ligar Rio-SP é pouco e bagunçado. O custo é alto porque a serra atrapalha, e muito. Eu espero que saia, mas só acredito vendo. Se vai haver mutretas, pergunto: o que neste país não tem mutretas para construção de obras públicas? Enfim, o trem é muito mais necessário ao país do que a maioria das pessoas pensa. A maioria pensa que trem é ultrapassado, mas é um engano a que os governos anteriores nos levaram. Abraços
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