quinta-feira, 20 de março de 2014

UM PAÍS MUITO, MUITO ESTRANHO.



 No "A", a península da Crimeia, n o Mar Negro, na Europa
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Um dos assuntos mais comentados na mídia escrita, falada, televisiva e "internética" atualmente é a situação grave na penísula da Crimeia. Há cem anos atrás isso já teria resultado em guerra - basta ler sobre a Primeira Guerra Mundial, que por muito menos destruíram a Europa durante os quatro anos seguintes.


Hoje as pessoas se lembram disso pelos livros de história e ficam preocupados com a Crimeia. Mas o mundo é outro. Há outros interesses em questão.

Entretanto, é certo que muitos brasileiros jamais ouviram falar da Crimeia. "País estranho"é um dos comentários. Os mesmos ouvidos há vinte anos atrás, quando o nome da Bósnia-Herzegovina começou a aparecer na mídia e os comentários também passaram pelo "país estranho"! Poucos haviam ouvido faar dele, também.

A discussão entre a Russia e a Ucrânia é realmente potencialmente perigosa e dá audiência, com certeza, assim como o avião que desapareceu entre a Malásia e Pequim.

Todos esses locais longínquos nos parecem estranhos, mas, estranho mesmo é o nosso querido Brasil.Acabo de assistir uma reportagem sobre o estádio do Corinthians, sendo terminado para a Copa do Mundo. Porém, sobre outros assuntos muito mais importantes para o país do que um estádio construído para uma empresa particular (o Corinthians) com dinheiro público.

A frequência com que se fala desse estádio e das outras onze arenas (agora chamam estádio de arena) da Copa do Mundo é muito maior do que o que se fala de obras importantíssimas para o Brasil todo, como a transposição do rio São Francisco, a ferrovia Norte-Sul e a ferrovia Transnordestina, para citar alguns exemplos.

Se todas essas obras estivessem seguindo um curso normal, cumprindo seus prazos e orçamentos, até se aceitaria menos notícias. Porém, isto está lnge de acontecer. A maior parte dessas obras está parada há meses e cada vez que surge uma reportagem sobre os absurdos que estão acontecendo por ali, por falta total de gerenciamento por parte do governo federal, o problema está pior.

Por que a imprensa não acompanha isso com a mesma frequência que a Copa do Mundo? Certamente porque a Copa dá mais audiência.

Caramba, mas e o dinheiro que se desperdiça nas obras citadas (e em muitas outras) por falta de gerenciamento não é trocentas vezes mais importante do que saber quantos tijolos foram assentados hoje numa arena?

E São Paulo, que, embora com muito menos chuva do que o esperado, a ponto de haver ameaça séria de racionamento de água, continua inundando a cada chuva que cai? Imagine se estivesse chivendo o normal para a estação?

Quem diz que a imprensa mente está errado. A imprensa não mente, apenas não conta toda a verdade. E muitas vezes, isto é lesivo para todos nós, que não percebemos que os estranhos somos todos nós.

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