domingo, 30 de março de 2014

EXTINÇÃO DE RAMAIS: TRAJANO DE MORAES, RJ

Último trem em 31 de março de 1963. Acervo Mario Guimarães
A extinção do ramal que chegava a Trajano de Moraes, município fluminense que hoje tem menos de 11 mil habitantes, em 31 de março de 1963 foi o que se chama de absurdo.
Mapa atual do município.
Hoje, cinquenta e um ano depois (está bem, quarenta e nove anos e trezentos e sessenta e quatro dias) da extinção do ramal ferroviário citado, nossos governos (não me refiro somente ao atual) continua realizando façanhas absurdas sem aceitar críticas ou voltas atrás.
Folha de S. Paulo, 29/3/2013
Não conheço a cidade. É verdade que já passei perto, mas não tive como visitar a cidade - lembrem-se que eu sou fascinado por conhecer locais novos pelo Brasil afora. Mas um município com população tão baixa não tem mesmo renda para se autossustentar. Jã não devia ter naquela época - imagine hoje, ele, que vive de "turismo" - ponho entre aspas pois ele tem apenas fazendas antigas e cachoeiras que não têm como sustentar uma cidade, por mais bonitas que possam ser.
Folha de S. Paulo, 1/4/1963

As notícias da época de supressão desse trem de passageiros mostram que não havia rodovias decentes para o tráfego de automóveis, ônibus e caminhões para a cidade. Sem o trem seria o caos. E deve ter sido, realmente, pelo menos por algum tempo. Vejam as notícias colocadas neste artigo.
Folha de S. Paulo, 1/4/1963

Vejam também a tristeza de um relato de doze anos após o fato feito por um certo Otavio Fajardo Rodrigues, constante de meu site : "Lembro-me bem do derradeiro dia em que o trem deixou a estação. Com sonoro e melancólico toque do sino é dada a saída precisamente às 6 horas e 20 minutos. Muita gente lá estava para a despedida. Vagarosamente vai deslizando pelos trilhos até a curva da chácara do Américo Lima. Aí faz uma paradinha, ouvindo-se um agudo e angustioso apito, fazendo de conta como se fosse um adeus para sempre. E lá se foi pela estrada afora, deixando uma baforada de fumaça que pouco a pouco foi desaparecendo. O carro misto de 1a e 2a classe estava todo ornamentado de hortênsias azuis e rosas, repleto de passageiros. Por onde ele passou, Loreti, Trajano de Moraes, Leitão da Cunha, o trecho da serra, vendo-se lá embaixo o rio Triunfo e o Conceição, as manifestações de despedida foram as mais sentidas e expressivas (...)"

A cidade de Trajano não foi a única a perder o trem. Outras do ramal (e o ramal se bifurcava na cidade, chegando até Manuel de Moraes), Triunfo, Leitão da Cunha, Visconde do Imbé, Doutor Loretti e Santa Maria Madalena foram localidades que também ficaram sem ele no mesmo dia, pois eram atendidas pelas mesmas linhas.

Será que um dia vamos aprender a ver as reais necessidades de nosso povo e não as reais necessidades de nossos políticos apenas?

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