Foto Ivanir Barbosa
Supondo que minha ideia que já divulguei aqui pelo menos umas 3-4 vezes, de que os trens de passageiros existentes nos anos 1980-90 em São Paulo deveriam ter sido mantidos como eram, com um mínimo de decência, limpeza e cumprimento de horários, até que, aos poucos fossem reformados para um nível decente, digamos, o atual americano - que não se compara hoje com os melhores da Europa - tivesse sido adotada, teríamos hoje pelo menos algumas linhas já funcionando, digamos, bem.
É o que chamo de "chorar sobre o leite derramado", pois, realmente isso não aconteceu e, é evidente, não acontecerá por esse caminho.
Mas, vá - suponhamos que isso tivesse acontecido. Você, eu, que gosta de trens de passageiros e que hoje lamenta a sua não existência no Estado de longe mais rico da Federação, usaríamos esses trens?
Para isso, lembremos o que existia no início dos anos 1980 ainda funcionando: São Paulo-Santos, São Paulo-Barretos, São Paulo-Panorama, São Paulo-Araguari (com baldeação em Campinas por causa da diferença de bitola), Santos-Juquiá, São Paulo-Londrina, São Pauo-Presidente Epitácio, São Paulo-Santa Fé do Sul. Depois voltaram o Santos-Embu-Guaçu e surgiu o Sorocaba-Apiaí. Todas estas linhas acabaram entre 1997 e 2001. Ainda existiriam as linhas da RFFSA: São Paulo-Rio, São Paulo-Santos e Bauru-Corumbá.
Nas linhas mais longas, onde estariam os trechos que seriam mais usados? É certo que, como não se tratariam de "trens-bala", seriam trens que atingiriam no máximo, digamos, 120 a 140 km/hora. Não parariam, com certeza, em estações de fazenda, as intermediárias de outrora. Por exemplo: entre São Paulo e Barretos, uma das mais longas, ele pararia em: Jundiaí-Louveira-Valinhos-Vinhedo-Campinas-Hortolândia-Nova Odessa-Americana-Limeira-Cordeirópolis-Santa Gertrudes-Rio Claro-Itirapina-São Carlos-Araraquara-Américo Brasiliense-Santa Lúcia-Rincão-Barrinha-Pitangueiras-Bebedouro-Colina-Barretos.
São 22 estações centrais de cidade, sendo que algumas poderiam ser eventualmente cortadas por serem pequenas... mas seriam poucas e seriam elas que talvez mais necessitassem do trem, como Santa Lucia e Rincão, por exemplo. Cada parada durando 2 a 3 minutos, lembrando que mesmo que o trem ande a 120-140 km/hora, a média de velocidade sempre seria mais baixa, por causa de curvas, passagens de nível, etc.
E, em algumas regiões, ele seria um trem regional - as pessoas fariam trajetos curtos entre uma cidade e outra. Em dias de rodeio em Barretos, o trem poderia esgotar as passagens. Isso acontecia nos anos 1980. O pessoal sairia de São Paulo e de muitas outras cidades intermediárias e faria em muitos casos uma longa viagem, porém bem mais confortável do que de ônibus. Mas, na verdade, eles seriam, para a grande maioria dos passageiros, trens regionais. Um grande exemplo disso seria o trecho entre Peruíbe e Juquiá - o grande fluxo estaria entre Santos e Peruíbe - e entre Bauru e Panorama, que foi, no final da FEPASA nos anos 1990, o trecho mais movimentado da ferrovia.
A São Paulo-Santos seria muito concorrida, principalmente com as estradas eternamente cheias não só durante os finais de semana. Demora-se tanto nas estradas para o litoral que mesmo com a descida da serra pela cremalheira o uso da linha seria vantajoso hoje em dia.
Mas, eu, por exemplo, que defendo tanto o trem. Eu usaria todas essas alternativas quando fosse para o interior, para cidades atendidas pelos trens? Eu faria muita coisa como amante de trens, mas a ncessidade bateria sempre? Ou eu muitas vezes preferiria o carro? Lembremos, porém, que, se você fosse para uma cidade fora do trajeto, sempre se poderia, principalmente hoje, alugar um carro para continuar. Sim, aluguel de carro é caro aqui na terrinha, mas já fiz isso algumas vezes e valeu a pena (sem o trem, claro, pois não há trens, estamos aqui falando hipoteticamente).
Algo a se pensar. De repente, um milagre acontece e cmeçam a voltar os trens... precisamos estar preparados para mostrar aos outros que não éramos visionários... não, eu aqui já estou delirando.
terça-feira, 11 de março de 2014
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A questão da ferrovia é similar à educação pública no Brasil. Não era "brastemp", mas menos pior precário no passado, que inexistente hoje. E na minha opinião não existe necessidade de fazer referência aos EUA, Europa, porque de fato trem tem em qualquer lugar do planeta. Em termos de TAV, o primeiro foi japonês, e a China que eu conheci em 1985 não tinha nenhum km de TAV, mas hoje já supera o Japão. Uma hora estaremos reconstruindo a identidade nacional, com educação pública de qualidade e reconstruindo as ferrovias. Um futuro haverá de ter este País.
ResponderExcluir