domingo, 16 de março de 2014
NUNCA CONFIE NOS MAPAS!
Eu estava nestes últimos dias analisando alguns mapas mais antigos da cidade de São Paulo, para titat algumas dúvidas. O problema é que quando se faz isto, não se consegue fixar somente no assunto, no logradouro em que você esta interessado em pesquisar.
No caso, estava olhando um guia de ruas (não dá para chamar de "mapa", pois a cidade já é tão grande há tanto tempo que os mapas são divididos em páginas separadas - os populares "guias de rua", grossos como tijolos e que hoje aos poucos vão sendo substituí-los pelo GPS, que, alás, jamais uso, nem os tenho) do ano de 1966 que tenho desde aquela época.
Já há um bom tempo que não recomendo nem a mim mesmo acreditar piamente em mapas. Aliás, nem nos mapas de hoje, recém-lançados. As modificações são tão rápidas que as editoras não conseguem acompanhar. Ou então, por algum motivo, usam plantas de loteamentos ou de futuras ruas que ainda não existem e talvez nem venham a existir.
Isto aconteceu até num dos mapas teoricamente mais confiáveis da cidade que já existiu, o Sara Brasil de 1930. Mas voltemos ao mapa de 1966. No caso, era uma época em que eu já tinha catorze anos de idade e costumava ficar lendo mapas de ruas da cidade abertos no chão da sala de visitas da casa de meus pais no Sumaré. Eu logicamente ainda não dirigia, mas pedia ao meu saudoso pai para me levar em alguns ponts que eu queria conhecer, durante os fins de semana. E tentava prestar bastante atenção por onde normalmente passávamos ou quando íamos a algum lugar onde eu jamais havia estado antes.
É por isso que, no mapa de 1966, notei alguns erros - e notaria mais, se tivesse continuado a olhar mais nestes dias - algumas ruas que jamais existiram.
Vejam por exemplo mapa (duas páginas) do Guia de São Paulo de 1966 que estão copiadas no topo desta página. Vejam onde está a rua Iguatemi (é a atual avenida Faria Lima) no canto esquerdo inferior da página 136, no quarteirão entre as ruas Tucumã e Coronel Tito.Esta última rua jamais existiu. Fica dentro do Clube Pinheiros, que não somente já existia naquele tempo como eu também o frequentava. Veja que há outras travessas entre a Coronel Tito e a Tucumã. Também nunca existiram. Por que estavam ali? O clube ia até onde vai hoje, a rua Angelina Maffei Vita, que aparece sem nome como uma rua muito estreita no mapa.
Reparem agora em outro mapa, logo acima desta linha. O mapa 135, no alto. Há duas ruas, uma chamada Colombana e outra, Itatim, entre as avenidas Eusebio Matoso e Rebouças. No mapa, ambas terminam em um V na rua Ibiapinópolis - que existia e ainda existe. Onde estão essas ruas, existia ali um enorme terreno baldio que, dizem, pertencia ao INPS. De qualquer forma, dez anos depois, quando trabaljei no prédio que foi construído no acesso da Marginal à Eusebio Matoso e concluído em 1976, eu estacionava o carro junto com muita outra gente nesse terreno baldio. A maior parte dele era ocupada por campos de futebol de várzea. Somente no final de 1977 o terreno foi interditado para que se construísse o atual prédio do Shopping Center Eldorado. Essas ruas realmente não existiam. Apenas um trecho muito curto da Columbania, que saía da Marginal, existia em terra e fazia um angulo de 90 graus para terminar na Eusébio Matoso. Hoje esses dois trechos se chamam São Columbano e Ofélia.
Finalmente, vejam este mapa imediatamente acima. A avenida que cruza o mapa 177 de noroeste a sudeste não existia. Era apenas um córrego e com um ou outro caminho de terra eventual para se alcanár algumas casas. Vej que tem o nome de avenida Aeroporto e também Gil de Campos Salles. O córrego era o da Traição. A avenida que foi construída aí em 1972 passou a se chamar avenida dos Bandeirantes. Por outro lado, repare que a partir da rua Texas, a avenida Santo Amaro (mapa 177, embaixo) se chama Adolfo Pinheiro. Esse nome parece ter mudado realmente somente em 1966 para ser tudo Santo Amaro. Curiosamente, o trecho pequeníssimo entre o córrego da Traição e a rua Texas passou a se chamar Santo Amaro também em outubro de 1962. Por que somente esse trecho, sabe Deus, mas isso foi noticiado na época.
Em todos os mapas acima é possível verificar que há nomes de algumas ruas que são completamente diferentes dos que existem hoje. Em resumo:quando quiser saber a história de São Paulo, use mapas apenas como referência, mas nunca como uma certeza definitiva de algum fato.
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