quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
LIXO
No final do ano salvei duas fotografias na UOL que me fizeram relembrar o velho problema do lixo. O recolhimento de lixo nas cidades, principalmente nas grandes, está se tornando impossível. Mesmo se tratando de um problema de educação (explico: mesmo se você não se importa com o lixo - e muita gente não se importa, mesmo - você, se for educado, deve respeitar o seu próximo que pode não gostar dele), ele tem de ser recolhido, primeiro, na sua casa ou apartamento, segundo, no seu quintal, e levado para algum local adequado.
Estou longe de ser especialista no assunto. Na verdade, conheço muito pouco. O fato é que "lugares adequados" para servirem de depósito de lixo não são fáceis de se escolher. Os lixões e aterros sanitários hoje saturam em pouco tempo e muitas vezes permanecem recebendo lixo "oficialmente" muito além de sua capacidade. Sobre eles pipocam desempregados sem qualquer material de proteção à sua saúde caçando recicláveis. Isto dá ao Brasil o título de maior reciclador de lixo do mundo, mas ao mesmo tempo é um atestado da falta de dinheiro de quem recolhe e da falta de interesse por falta do governo.
A fotografia de São Paulo (no topo desta página) mostra lixo recolhido de uma ou mais habitações ou casas comerciais colocadas na calçada à espera do caminhão de lixo. O caminhão geralmente passa à noite, por causa do trânsito caótico das grandes cidades. O lixo deve ser colocado fora a um determinado horário, geralmente no final da tarde, para ficar o mínimo de tempo na rua. Mas quem respeita? Isto é uma verdade nos bairros ricos e nos bairros pobres, e principalmente nas favelas.
A fotografia mais abaixo mostra Copacabana no dia seguinte à festa aberta na praia do Rio de Janeiro para o reveillon. As pessoas não deveriam jogar lixo no chão, sem dúvida. Mas havia latas suficientes em posições estratégicas? Havia coo se chegar nelas, com tanta gente se espremendo na praia e nas suas calçadas? E não seria então o caso de esse lixo ser recolhido imediatamente após o final da festividade, quando as pessoas começam a tomar o rumo de suas casas, em vez de amanhecer ali da forma que mostra a fotografia?
E isso, lembrando que a cidade do Rio está há cerca de dois ou três meses multando quem joga lixo no chão - inclusive bitucas de cigarros. O lixo, enfim, não é um problema: é um enorme problema. Outro fato concreto é que o volume de lixo não cresceu somente com o aumento da população, mas também com o aumento da tenologia, que exige, por exemplo, tudo vendido embalado ou em sacos de papel ou plástico. Mas, como dispor destes contenedores? Vejam a reação em São Paulo ao fato de os supermercados terem convencido o governo a tentar convencer o povo que dar sacolas plásticas era um incentivo à sujeira - quando, na verdade, eles queriam era vender suas próprias sacolas recicláveis. E quem garantia que eram mesmo recicláveis? Enquanto isso, os depósitos de alguns supermercados, geralmente atrás das lojas e fora da visão de quem passa na rua são verdadeiras imundícies.
A reciclagem deveria ser obrigatória e incentivada de maneira maciça pelas prefeituras e estados. Porém, poucas cidades a têm por que ela dá prejuízo. Será que dá mesmo? E se der, não é melhor manter a cidade limpa e dar subsídios à sua limpeza, assim como se deve dar subsídios ao transporte público? Muitas cidades começam os programas, incentivam e subsidiam cooperativas de recicladores e catadores e depois de algum tempo retiram tudo. Como esses catadores geralmente são gente miserável que subsiste graças ao lixo, não há como se manter a cooperativa e ela fecha.
No sul do Brasil, especialmente do Paraná para baixo, as cidades são muito mais limpas do que as do resto do Brasil em geral. Meus olhos viram e vêem isto. Como eles conseguem e nós, mais para o norte, não? E a Europa, por exemplo? Como consegue? Vejam - não é somente problema de educação, é tanbém se livrar do lixo da maneira certa, nisso incluindo incineração e em muitos casos geração de energia e fabricação de briquets que servem à construção civil. E aí entra, inclusive, o esgoto.
Vemos o verdadeiro lixo em São Paulo quando as chuvas causam inundações. De onde vem o lixo boiando? Vem do refluxo dos bueiros e bocas de lobo e das próprias calçadas, guias e sarjetas.
Enfim: o assunto é muito vasto e requer muita discussão. Só que não se faz nada e o problema se eterniza. Que falem os especialistas.
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A resolução do problema do lixo começa com a educação da população - e, infelizmente, parece que boa parte dela não se importa em viver no meio da imundície, ao menos no Brasil. Por exemplo, aqui em São Vicente o problema é crônico, não há a menor preocupação em se jogar lixo no meio da rua, inclusive móveis e aparelhos eletrônicos sucatados. Não há punição para isso, pois o poder público é totalmente omisso. O pior é que a geração de lixo vem aumentando cada vez mais já que, bem ou mal, a população vem ganhando acesso cada vez maior aos bens de consumo. E, por sua vez, cada vez há mais embalagens, e estas estão se tornando cada vez mais sofisticadas. Esse problema é grave e universal. A solução está em minimizar a geração do lixo e na correta destinação do que for produzido. Na Alemanha foi criado um sistema (Duales System Deutschland), o qual promove a reciclagem de embalagens, e é financiado por um imposto cobrado especificamente de cada unidade produzida. A iniciativa é boa. Mas, no Brasil, a verba arrecadada para isso iria para a "base aliada" e as embalagens continuariam emporcalhando nossos campos, rios e praias.
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