Estação de São João Novo, entre Amador Bueno e Pantojo: mato nos trilhos por falta absoluta de uso (Foto tomada hoje por mim).
O fato de eu me utilizar de nomes que a cada ano que passa vão desaparecendo no tempo - como o da Estrada de Ferro Sorocabana, extinta no tempo - pode ser considerado como mero saudosismo.
No entanto, ela facilita o entendimento das linhas hoje ainda existentes. Quando a Sorocabana foi fundida com outras linhas para formar a FEPASA em novembro de 1971, ela tinha oito linhas em funcionamento: a linha-tronco, de São Paulo a Presidente Epitácio; o ramal de Bauru (Rubião Jr. a Bauru); a linha da antiga Ituana, de Campinas a Mairinque; a linha Mairinque-Santos; o ramal de Juquiá, de Santos a Juquiá; o ramal de Itararé, de Iperó a Itararé; o ramal de Piracicaba, de Jundiaí a Piracicaba e o ramal de Dourados, de Presidente Prudente a Euclides da Cunha Paulista; todos os outros já haviam sido extintos.
Eram todas linhas que transportavam tanto cargas quanto passageiros. A primeira a ser extinta pela FEPASA foi a linha de Jundiaí a Itaici (que era a parte inicial do ramal de Piracicaba), em 1972. Logo em seguida, veio a extinção dos ramais de Piracicaba (1976 para passageiros e 1991 para cargas); o ramal de Bauru (1976 para passageiros; gargas seguem por ali até hoje); da Ituana (1976 para passageiros e 1987 para cargas, mas, no caso, substituída por uma variante com tecnologia mais moderna, mas que nunca transportou passageiros, embora tenha construído estações para isso); da Mairinque-Santos (1976, com volta no trecho entre Embu-Guaçu e Santos até 1997 para passageiros; para cargas, deve ser hoje a linha mais movimentada do país, ou uma das); o ramal de Juquiá (1977 para passageiros, voltando a faze-lo de 1983 até 1997; para cargas, fê-lo até 2003, abandonado pela concessionária); o ramal de Dourados (1978); o de Itararé (1978, mas com cargas até hoje; no entanto, voltou a funcionar com passageiros, com a adição de um ramal a partir de Itapeva substituindo o trecho dessa cidade até Itararé, entre 1997 e 2001).
E a linha-tronco seguiu funcionando com passageiros até janeiro de 1999. Sua parte inicial, São Paulo a Amador Bueno, funciona até hoje (o trecho final Itapevi-Amador Bueno está em fase de reforma há três anos, mas deve voltar a funcionar em janeiro agora) com os trens metropolitanos da CPTM. Dá para se ver que, da antiga Sorocabana, os passageiros só são transportados na parte da CPTM.
Já as cargas, somente nos trechos Campinas-Mairinque-Santos e no trecho Iperó-Itararé-Pinhalzinho (a FEPASA e a RFFSA construíram em 1973 uma linha para o PR, Itataré-Pinhalzinho-Ponta Grossa) para substituir o trecho de Itararé).
Mas e o tronco? Este está sendo utilizado em trechos separados, alguns muito mais do que outors. Há trechos abandonados pela concessionária, em franco desrespeito ao contrato de concessão. De Amador Bueno a Pantojo (primeira estação após Mairinque), o tráfego é nulo desde alguns meses; o mato cobre as linhas. Entre Pantojo e Rubião Júnior, em Botucatu, há tráfego que vem do Mato Grosso pela Noroeste e pelo ramal de Bauru; entre Rubião Jr. e Ourinhos e entre esta cidade e Presidente Prudente há transporte raríssimo, geralmente de combustíveis; e entre Presidente Prudente e Presidente Epitácio, nada.
Para uma empresa que investiu bilhões de reais em dinheiro de hoje para prolongar e melhorar suas linhas, duplicar, eletrificar, reconstruir prédios, etc. o fim é inglório e decepcionante. Poderiam estar todos funcionando até hoje com algumas modificações de percursos, máquinas e tecnologia. Mas o governo preferiu investir quase tudo na indústria automotiva. Todos nós vimos no que deu.
E, pior: o governo não tem o menor controle sobre as concessionárias, que só fazem o que interessa a elas, pouco se importando com a melhoria da infraestrutura no Brasil - responderão alguns: empresa privada quer ter lucro, pouco se importa com outros assunts. É verdade. Só que quando você tem várias manejando a infraestrutura e o futuro de um país, você tem de deixar isso claro: não respeitou as regras. cai fora no dia seguinte. Mas o governo atual não tem autoridade nem objetivos. Aliás, desculpe, tem um sim, um somente: manter-se no poder.
E um recado que dou pela enésima vez para a CPTM: estenda suas composições até a estação de Mairinque. A linha nesse trecho é sua. A eletrificação foi para o saco, mas gaste dinheiro e a refaça. Há muita gente precisando desse trem em São João Novo, Mailaski, Gabriel Piza, São Roque e Mairinque. A estrada para lá é cheia de lombadas, asfalto ruim em nuitos pontos, caminhões, movimentadíssima. Um trem, como os que existiam antes até 1998, resolveria os problemas deles e daria melhor rendimento à chamada "extensão operacional" que corre para lá de Amador Bueno.
E que Deus salve o Brasil.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
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Ralph, dias atrás fui justamente nesta região tirar algumas fotos, inclusive tirei fotos da Parada 46. Lhe interessa?
ResponderExcluirSim, claro! Obrigado
ExcluirEsperança de dias melhores? http://jjefproducoes.blogspot.com.br/2014/01/governo-pode-cassar-concessoes-da-all.html
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