Folha de S. Paulo, 7/4/1961.
Desde os anos 1950 a Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) estava tocando as obras para reduzir a quilometragem absurda do trecho de Itararé a Jaguariaíva. Começou fazendo o trecho entre as estações de Fabio Rego e de Jaguairíva, deixando o trecho Itararé-Fabio Rego para depois.
Esse trecho foi aberto em 1964. As várias curvas que ali existiam foram retificadas com a nova linha e pelo menos um túnel e um enorme viaduto foram construídos.
Em 1994 esse trecho foi abandonado, junto com o outro jamais retificado.O motivo: a ligação de Itapeva com Pinhalzinho (fronteira SP-PR) e Ponta Grossa, terminada em 1973. Falta de planejamento e gasto desnecessário de dinheiro são fatos claros nesse processo. Do trechos sobraram apenas alguns viadutos metálicos (incluindo o grande viaduto de Samambaia, aberto em 1964), todos hoje possíveis de serem vistos da rodovia.que liga Itararé a Jaguariaíva. Note que a rodovia tem 48 quilo^metros e a ferrovia erradicada (a que foi construída em 1908) tinha 98 km.
O resto desapareceu. Não há uma estação em pé - ao que se sabe, eram todas de madeira. Mesmo as versões novas de Fabio Rego e a de Samambaia, de alvenaria, foram demolidas. O túnel próximo à estação "nova" de Fabio Rego está inundado e somente se enxerga com enorme dificuldade a sua parte superior no meio da mata.
Apesar disso, os trens que seguiam de São Paulo para Curitiba, Ponta Grossa, Santa Maria e Porto Alegre continuaram seguindo pela linha Itararé-Uruguai até 1976, quando uma desculpa conveniente (queda da ponte sobre o rio Itararé, na divisa estadual) parou "provisoriamente" o tráfego dos trens de passageiros por ali. Pelo que se sabe, a ponte foi reconstruída, mas os trens de passageiros não voltaram. Em 1994 os trilhos foram retirados.
Folha de S. Paulo, 12/4/1961
Mas houve tempo em que se consertavam as linhas. No início de abril de 1961, a EFS anunciou que seu trens para o Sul teriam de seguir por Ourinhos por pelo menos 60 dias, devido a um problema exatamente no trecho Itararé-Jaguariaíva. A nota (no topo deste artigo) não era muito clara quanto aos motivos. Eu imaginei, pesquisando nos jornais, que fosse por causa de alguma interrupção forçada pelas obras no trecho - aquelas que citei acima. Porém, o tráfego foi restituído apenas alguns dias depois, no dia 12 de abril (veja a outra nota).
Outros acidentes nesse trecho eram sempre consertados, mesmo provisoraimente, como o de 1924, onde se fez uma "ponte de fogueira", onde se empilham dormentes sobre os trilhos como se estivessem construindo uma fogueira.
E que Deus salve as ferrovias do Brasil.
domingo, 5 de janeiro de 2014
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Caro Ralph,
ResponderExcluirNo acervo da Folha, caso ainda não tenha lido, em 12/08/1979 há um artigo denominado "Uma Viagem de Destino Incerto" (chamada na 1ª página e matéria nas págs. 8 e 9), onde o repórter narra suas desventuras teimando em ir de SP a POA de trem (já então via Ourinhos)... Nesse ano (79) ainda lembro de ter visto os carros Inox da FEPASA em composição pronta para partir p/ SP da estação "modernosa" de Maringá...
Desde 1989 percorro com alguma frequência a PR-151 e sempre me deparo com o enorme desperdício da ponte metálica sobre o Rio das Mortes que você cita. Mais um para a nossa triste coleção.
Parabéns pelo interessantíssimo blog.
Abs.
Conheço o artigo, Flavio. Obrigado.
ResponderExcluirEssa queda da ponte eu me lembro. Naquela época meu pai era Juiz de Direito em Itararé e em 1962 nos mudamos para Serra Negra, graças à carreira dele... Me lembro de termos que atravessar o rio de barco devido à queda da ponte.
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