quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

QUE BOTEM OS TRENS PARA RODAR!

Trilhos no mato.
Vira-e-mexe eu cito ramais e linhas desativados, erradicados, abandonados neste blog. Todo mundo já deve estar cheio disso e de minhas reclamações. mesmo por que a chance de isto influenciar alguma coisa de bom, como a reativação das linhas, é de 99,99%... contra.
Olha o trilhozinho escondido!
Mas sou teimoso, ou burro, sei lá - e continuo escrevendo. Quem sabe um dia Jesus Cristo leia e tome providências. Ou algum governante inteligente e bem-intencionado (muito difícil, este último não deve existir).
Trilhos escondidos. Procure e acharás!
Vendo há dias atrás as fotografias e alguns comentários de uma linha que conheço, tiradas por um membro da ABPF provavelmente lá de Cruzeiro, SP, de nome Gabriel Santos, pensei o seguinte: quem foi o imbecil que desativou esta linha, que liga Cruzeiro a Varginha, que, vinte anos depois, ainda está com os trilhos assentados e passa por regiões belíssimas? Quem foi o idiota que nem a colocou na privatização de ferrovias do final dos anos 1960? Quem são os sem-cérebros que nem sequer pensam hoje em reativar esta linha para passageiros como um trem regional?
Um dos três túneis do trecho.
Não estou falando em trens turísticos. Isto, aliás, ela já tem em dois trechos - o Passa-Quatro a Manacá e o Soledade a São Lourenço. E não é financiado por governo, não, graças a Deus, por que governo tem de financiar trem como transporte e não como turismo de fim de semana. Isto é função da ABPF, responsável por estes dois trechos que funciona a cada final de semana e que luta com enormes dificuldades para manter a linha funcionando, mantendo material rodante em ordem etc..
Se v. olhar bem, encontra os trilhos.
Os dois trechos que ela opera são curtos, correspondem a cerca de 20 km, ou menos de 10% da linha Cruzeiro-Varginha. O ideal seriam trens rodando a linha toda e facilitando a vida de quem mora na região. Há trechos em excelente estado - os mantidos pela ABPF e mais um pedaço que se pretende prolongar o trem turístico além de Passa-Quatro, há trechos mais ou menos, por que até há relativamente pouco tempo recebiam alguns cargueiros (Três Corações a Varginha, cerca de 35 km) e trechos cobertos de mata e floresta, como o que fica entre Cruzeiro e Coronel Fulgencio, esta do lado mineiro do tunel - as fotos tiradas por Gabriel que estão espalhadas neste artigo.
Outra vez: olhe bem.
Vamos ficar esperando? Nenhuma prefeitura se interessa em ativar e pressionar os governos estadual e/ou federal para colocar trens decentes ali para a população? Acha, que o trem é obsoleto, quando rodam trens de passageiros na América do Norte e na Europa toda, além da Ásia e da África? E mais: em Três Corações a linha bifurca e chega até Lavras. Este trecho não está sendo usado também. São mais noventa quilômetros que poderiam entrar no circuito.

E que Deus salve o Brasil.

12 comentários:

  1. Só complementando, o esquema da ferrovia que eu fiz no wikipedia, mostra bem a linha toda e os trechos operacionais: http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrada_de_Ferro_Minas_e_Rio

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  2. Oi Ralph,

    se permite, uma pequena correção:

    O passeio de Passa Quatro vai da estação de central até a estação Coronel Fulgêncio (além de passar pela estação Manacá), o que totaliza em torno de 10km de trajeto.

    hoje o trem ainda não opera no túnel da mantiqueira, mas a ABPF faz a manutenção do mesmo e este se encontra em condições operacionais, então no total, temos aproximadamente 21,5km de ferrovia em condições operacionais.

    Complementando as informações do ótimo artigo: As fotos do Gabriel são aproximadamente dos kms 23 ao 21, que fica tudo no trecho de Cruzeiro, logo após o túnel da mantiqueira, indo no sentido Passa Quatro - Cruzeiro.

    O imbecil que fechou o ramal foi o presidente da RFFSA, em 1991.

    Obrigado

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  3. Ralph, nao precisa parar nao, tem um bom publico para todas as suas publicações, muita gente ficaria triste sem elas. Mesmo a arqueologia das ferrovias é importante a muitos de nós, se for o que apenas sobrar. Essa linha é uma das minhas preferidas, como todas as que sobem serras. Representam obras difíceis e uma técnica de construçao impressionante, pra época que foi feita, além de muito trabalho duro. Apesar da linha ser 'longa' pros padrões atuais, acho que teria como subir ali rapidamente, para passageiros, afinal, a linha de Campos do Jordão tem inclinação média muito maior. Daria pra subir ali rapidinho com uma automotriz, não ? Dá vontade de arranjar e adaptar um vagao na raça e sair rodando ali na serra, quem sabe alguem notaria. Certamente muitos se interessaria pela aventura. Abraços

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    1. O traçado é bem pesado Andre, curvas de 80m de raio e rampas de 3%, nem a automotriz faria rápido. Estourando ela levaria ali 1:30hs de Cruzeiro a Passa Quatro, mas o ônibus leva 45min, então só para turismo mesmo, transporte mesmo seria inviável.

      Já no trecho Passa Quatro - Varginha, acredito que daria para bater o ônibus, mas tem muita linha para recuperar e um custo bem alto.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Sobre o vagão, no estado que se encontra hoje você não consegue andar nada, muitas barreiras, árvores no meio da via, sem chance.

      Tem um pessoal em Cruzeiro falando em limpar esse trecho das fotos do Gabriel para circular com um pequeno auto de linha. A ABPF já se prontificou a ajudar eles para permitir ao menos um auto de linha bem leve circular. Agora estamos aguardando o pessoal de Cruzeiro se manifestar.

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  4. O pior, Bruno, é que eu sei que vai até Fulgencio e não Manacá. E escrevi errado. Vou mudar no texto. Obrigado.

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    1. E tive de alterar os nomes das estações (Manacá para Coronel Fulgencio), a quilometragem opercorrida pela ABPF e a percentagem da linha... ainda bem que v. falou. Minha cabeça anda na lua.

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    2. Sem problemas! São pequenos detalhes que apenas chama a atenção de nós mais envolvidos, mas a mensagem final do artigo, continua a mesma.

      E estou aguardando a sua visita! Abraços

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  5. Quando digo "botar para rodar", digo com mudanás na via e no material rodante, pois não adianta reativar com o traçado antigo na maioria das vezes. Usar-se-ia o provisorio enquanto se reformaria o velho.

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    1. Pois é Ralph, no trecho em questão, eu fico em um dilema quanto a isso, pois seria absurdamente caro modernizar o trecho de serra, dai pergunto: será que valeria a pena? Visto que a região, a principio não tem uma grande demanda.

      Eu penso em uma re-ativação mais conservadora ou digamos, mais modesta, similar ao seu modo: que re-ativem para carga (assumindo que teremos o que transportar). Se o traçado pesado encarecer o frete, que o governo de um subsidio a ferrovia com base no que ele vai economizar em manutenção, acidentes, etc, nas estradas da região.

      Com a carga dando uso e mantendo a via, vamos então começar as melhorias para viabilizar passageiros.

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  6. Olá Ralph, sou um grande fã seu...te acompanho desde de 2006 pelo site "estações"; trabalhei como supervisor de VP na FCA em muitos trechos ferroviários do sul de minas e rio...Bom o que eu sei que infelizmente muitas desses ramais que foram erradicados e outros que serão ainda em sua origem nasceram com um propósito errado...eu fui supervisor de VP do trecho entre Barra Mansa a Angra... e sem dúvida é um dos trechos mais bonitos do Brasil mas infelizmente pouco explorado...hoje em dia eu, acho que até foi fechado porque trabalhei lá entre 2008/2009 e não tenho mais informações daquele ramal. O governo fala em construir novos trechos mais modernos e tal...mas aqui é Brasil...sou a favor de construir novas ferrovias mais modernas e viáveis...mas esse tal de PIL não vai sair do papel...é só um pretexto para que o governo sempre fez... de acabar com estes ramais considerados "anti-econômicos", enfim este será só mais um trecho que desaparecerá com o tempo infelizmente...

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