quarta-feira, 7 de agosto de 2013

QUANDO FOI MESMO QUE RODOU O PRIMEIRO TREM PARA BRASÍLIA?


Pois é, se você é do ramo (o ramo que gosta de ferrovias brasileiras), deve responder que foi em 1968. Mas, de acordo com a imprensa, não foi. Foi dez anos antes, em 1958.

Uma composição da Rede Mineira de Viação partiu da estação de Alfredo Maia (no Rio de Janeiro) no início da madrugada de um domingo (0h30), 20 de julho de 1958 e, percorrendo por bitola métrica todo o trecho, via linha Auxiliar até a estação de Governador Portela, onde passou para o ramal de Santa Rita de Jacutinga, chegou a esta cidade que dava o nome ao ramal. Dali seguiu pela Linha da Barra (da Rede Mineira, os velhinhos vão se lembrar) até a estação de Rutilo, de onde passou para a linha-tronco da RMV até Goiandira, em Goiás, e dali até Anápolis, onde chegou na noita da terça-feira, dia 22 de julho.

Bom, daqui para a frente, não havia mais linha. Porém, a composição foi recebida com festas pelos presentes  na estação da cidade e seus integrantes, uma comitiva chefiada plor um tal Coronel Gaspar Peixoto da Costa, então chefe da quarta seção da EMFA, seguiram por estrada (asfaltada, já) até Brasília. Lá ficaram durante todo o dia seguinte, voltando a Anápolis à noite para iniciar a viagem de volta logo em seguida: a noite de quinta-feira, dia 24.

Queiram ou não, esse fato foi noticiado pelos jornais (no caso, a reportagem que li foi da Folha da Manhã, publicada no dia 26 de julho) com a manchete do tipo da que aparece no alto deste artigo.

Até aí, tudo foi festa. A chegada do trem foi até com folga, pois chegara a Anápolis com seis horas a menos do que o previsto, depois de 1.524 quilômetros de percurso.

A volta, no entanto, teve problemas. Deu "enguiço" no chamado "Trem  Brasília". Isso se deu na estação de Imbuzeiro (para quem não sabe, a penúltima estação da linha da Barra, uma antes de Santa Rita do Jacutinga, sentido Rio), quando "a máquina apresentou avarias", tendo, no entanto, conseguido puxar o trem até Santa Rita. (Aliás, que máquina? Vapor? Diesel? A reportagem nada fala sobre isso).

Aí a máquina foi substituída por outras duas e isso já estava com oito horas de atraso quando chegou a Valença, onde outra vez trocaram de máquina. E, horror dos horrores: trocaram as locomotivas mais duas vezes, uma em Governador Portela e outra em Japeri. O trem Brasília acabou chegando a Alfredo Maia às 19h10 de sábado, dia 26, quando deveria ter chegado no mesmo dia às 9 da manhã. É o que conta a segunda reportagem publicada na Folha no dia 30 de julho, com o título que está logo acima deste parágrafo.


Um comentário:

  1. Ralph, no mesmo dia, o boca-mole do FG estava derrubando e tacando fogo, com sua trupe de nojentos, em uma kombi do jornal JB no Rio de Janeiro - poucos dias depois, o AI5 seria implantado. Por isso a notícia que para nós seria importante praticamente inexiste. Quando chega a hora da ferrovia algum fato "melhor" sempre acontece...

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