quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O RAMAL DE MANGARATIBA

Revista da Semana, 28/5/1932
É uma região que não conheço. O máximo que vi dessa área foi a restinga da Marambaia, mostrada no mapa ao sul da linha do ramal. Literalmente, "vi": do avião, várias vezes.

Já avançar pela praia mesmo, de carro, vindo das praias cariocas, cheguei perto de Guaratiba (que está no mapa). Agora, de trem, jamais me aventurei, embora tenha idade para isso. Jamais andei de trem no ramal de Mangaratiba, hoje chamado de ramal de Santa Cruz, ponto máximo desse antigo ramal atingido pela Supervia.

Na verdade, os trens de subúrbio da Central do Brasil sempre iam até Santa Cruz e, depois, para continuar até Mangaratiba, havia de se baldear em Santa Cruz. Dali para a frente, não havia trens elétricos nem tantos trens eram oferecidos aos usuários. Em 1932, quando esse mapa foi feito, todo o percurso era em trens a vapor - mas em Santa Cruz, havia a citada baldeação que muitas vezes podia resultar em uma espera demorada na plataforma. A região toda ainda tinha aspecto rural, especialmente a partir de Santa Cruz. Itaguaí, Itacurussá e Mangaratiba eram pequenos vilarejos. As praias, suponho, paraísos semi-desertos.

O ramal, na verdade, começava, sempre começou e continua a fazê-lo, em Deodoro. No mapa de 1932, não se desenhou a continuação da linha dali a Japeri. Devia ser uma maravilha andar nesse trem, especialmente o da extensão para Mangaratiba. Era chamado de "Macaquinho". Como eu somente conheci o Rio em 1972, quando tinha 20 anos... Bem, esta foi a época em que o Macaquinho estava sendo suprimido. E foi-o porque uma ligação com um ponto próximo à estação de Japeri, em bitola larga, foi construída para carregar minérios para o porto de Sepetiba, usando o leito do ramal a partir de Itaguaí.

Os passageiros perderam a vez. Alguém tem de pagar pelo "pogresso" e aqui, como sempre, foi o povo, dependente desses trens. A linha entre Itaguaí e Santa Cruz ficou a ver navios e foi abandonada (houve um curto período de reaproveitamento por volta de 1987, logo abandonado). Comboios e mais comboios de minérios passaram a correr pela linha, vindos da Serra do Mar e chegando a Sepetiba - aquele trecho em "u" em Mangaratiba que pode-se ver no mapa foi para o beleléu também.

O trecho é muito bonito. Há pontos em que o trem encosta na areia. Hoje, somente os maquinistas podem desfrutar dessa paisagem em viagens de trens. Mais sobre os trens do ramal.

4 comentários:

  1. No Guia Levy de 1972 ainda havia os horários dos barcos da Companhia Sul Fluminense de Navegação que faziam a rota Mangaratiba/Ilha Grande (Vila Abraão)/Angra dos Reis/Parati. Quanto a esta localidade Jacarehy, eu não me lembro.

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  2. Conceição de Jacareí é distrito de Mangaratiba. Acho que eles passaram a usar o nome completo para diferenciar-se da Jacareí paulista, que curiosamente também tem N.S.da Conceição como padroeira. De lá, de Mangaratiba e de Angra dos Reis saem barcos para Vila
    Abraão na Ilha Grande. Mas suponho que a navegação costeira acabou depois que a BR-101 ficou pronta.
    2. Atualmente o trem atravessa uma ponte quilométrica até a ilha Guaíba, onde fica o terminal exportador de minérios. Não vai mais para a cidade de Mangaratiba através daquele "u" que foi aproveitado para fazer uma rua estreita chamada avenida Litorânea. Na verdade apenas asfaltaram o leito da ferrovia (que era em linha singela de bitola métrica). Vale a pena percorrer esta "avenida" pelo Google Street View. Nos cortes de pedra só é possível passar em sentido único de tão estreitos que são.

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  3. Ralph, acho que errei. A linha era de bitola larga não era? É que o corte é tão estreito que pensei ser para linha de bitola métrica. Mas se a linha de Mangaratiba era continuação do subúrbio da Central...

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