Leonardo Bloomfield, Pátio da Luz, 1960
Era a CP - Companhia Paulista de Estradas de Ferro (1868-1971) uma ferrovia maravilhosa mesmo, como dizem todos os aficcionados ferroviaristas do Estado de São Paulo e alguns dos outros estados brasileiros?
Uns até dizem que não, não era tudo aquilo... que nas estações de entroncamento de linhas (Bauru, Itirapina, Campinas, Bebedouro, Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Dois Córregos etc.) era uma bagunça, juntando trens vindos de mais de uma direção com trens dela mesmo ou de outras ferrovias... pode até ser, mas, por outro lado, os relatos de época, tanto de pessoas como jornalísticamente ou mesmo em trabalhos , diziam o contrário.
Como duvidar, porém, de quem falava mal dela da forma que li, por exemplo, há algum tempo atrás? Em geral, ouvimos sobre a potência que ela era. De um carioca, li algo como "a saudosa e sempre lembrada Companhia Paulista
de Estradas de Ferro, que, acreditem ou não, existiu realmente, e onde eu viajei
inúmeras vezes nos seus fantásticos carros Pullman, saboreando seus
estupendos bifes CP’s em aconchegantes carros restaurante..."
Propaganda de julho de 1952 - Folha da Manhã
O que pode estar acontecendo é algo do tipo comparar a Paulista ruim com a CPTM do horário de pico. Em situações normais, de não se ter de pegar trens em estações de entroncamento, poderíamos admitir a Paulista boa. Eu viajei pela Paulista uma só vez e, aliás, já nem era Paulista, era FEPASA, em 1977. Fiz São Paulo a Panorama, ida e volta. Viajei de carro-dormitório até Marília, primeira (realmente, não sei se era primeira ou segunda, nessa época eu não ligava para trens... acreditem) até Panorama. Na volta, até Bauru, igual, e em Bauru, tomamos o carro-salão, o "verdadeiro Pullmann". Espetacular! E era "Era FEPASA"!
É verdade, no entanto, que os carros-dormitório já davam sinais de desgaste. Mas não houve problemas. No entanto, um ano mais e esses carros-salão foram retirados de serviço (só 25 anos de uso, e até hoje poderiam estar funcionando, seriam um sucesso!) e desmontados, queimados, sei lá. É mesmo um crime o que se fez e o que se continua fazendo com nosso patrimônio, ferroviário ou não. Há muito poucos carros desses Pullmann recebidos em 1952 em pátios por aí. Quase nada. Aliás, se me perguntarem se realmente tem algum sobrando, neste momento, eu não me lembrarei da resposta.
Para se ter uma ideia, os carros que chegaram em 1952 formavam, com a locomotiva, que muitas vezes era a elétrica V-8 (não a Russa, como falei há alguns dias aqui) a seguinte composição, que teria sido chamada no seu início de "Pássaro Azul". Numa notícia do anúncio do novo trem chegando a Bebedouro em 1952, dizia-se que eram nove carros: um carro-correio, um carro-breque (caboose), três carros de segunda classe, três de primeira, um carro-salão e um restaurante, todos Pullmann e estes dois últimos, com ar condicionado. E também afirmavam que "os carros que vão circular entre São Paulo, Bauru e Barretos são dotados do máximo conforto, com poltronas forradas de veludo e reversíveis e os de segunda classe superiores aos atuais de primeira" (os de primeira que vinham sendo usados até então, ou seja, os ACF - American Car Foundry de 1928).
Com bagunça ou não, quem não quereria? Hoje tem? NÃO! Culpa de quem? Dos governantes e até nossa, que não tivemos coragem e nem vontade de protestar na hora dos escândalos.
terça-feira, 15 de janeiro de 2013
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Dizem que a Paulista chegou a ser considerada uma das 5 melhores companhias ferroviárias DO MUNDO! A que ponto a coisa chegou desde que ela foi "estatizada" à força nos anos 1960, em um processo onde seus próprios funcionários acabaram sendo usados como "bois de piranha" por aqueles que queriam por que queriam tomar conta dela. Os funcionários, aliás, não demoraram muito para descobrir que haviam feito papel de idiotas, segundo dizem, tendo descoberto muito pouco tempo depois que haviam sido usados por cretinos politiqueiros, mas aí o estrago já havia sido feito, e até hoje isso tem consequências. Se a Paulista não tivesse sido "estatizada" e seguido firme em frente, será que ainda existiria hoje? Seu ponto forte sempre foi uma administração competente, e talvez isso a mantivesse viva até hoje, mas nunca saberemos...
ResponderExcluirCaro Ralph. Belíssimo Blog. Sempre estou por aqui aprendendo. Parabéns! Gostaria de uma informação se for possível. Os lendários carros ACFs chegaram a receber o último esquema de pintura da CP? Ou seja, Azul, faixa prata e tero creme? Meu e.mail: marciobarker@hotmail.com Grato. Abraço.
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