Na última sexta, dia 17 de julho, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou o tombamento pelo CONDEPHAAT de um conjunto de casas na Barra Funda. Trata-se do conjunto situado na rua Vitorino Camilo, entre as alamedas Ribeiro da Silva e Eduardo Prado. São 14 casas em arquitetura eclética.
Não conheço o local, mas sem dúvida trata-se de algo valioso para a Capital em termos de manutenção de um conjunto desses. Outros já existiram e se foram, ou estão em péssimas condições. Segundo ainda O Estado, são casas construídas em 1939 para a classe média alta. Ele, no entanto, passou por um processo de degradação nos anos 1980 e quase virou cortiço.
O nome é Parque Savoia, projeto de um arquiteto que também projetou o antigo Cinema Paramount, na Brigadeiro Luiz Antonio. Os proprietários sempre teriam sido os mesmos: a família Lungano, dona até hoje. Aliás, ninguém mora ali: as casas são todas escritórios, e, como curiosidade, sobreviveu a placa na entrada que ainda avisa aos “distintos residentes” a proibição de pessoas “extranhas”.
A vila, em 1990, foi cenário de diversos comerciais; ainda no ano passado, Ivete Sangalo esteve ali para gravar um, da Avon. Um filme de 2004 – Amigo Secreto – também foi rodado na vila, e o primeiro episódio da série Castelo Ra-Tim-Bum foi gravado ali nos anos 1990.
Na mesma reunião, o Condephaat também tombou o Instituto Agronômico de Campinas, construído em 1887. Duas vitórias para a conservação do patrimônio no Estado.
Por outro lado, o Estado de hoje, 19, mostra que a antiga fábrica da Companhia União dos Refinadores, na rua Borges de Azevedo (ou será Figueiredo?) foi demolida e ali deverá ser erguido um conjunto de oito prédios residenciais com sete andares cada. Outra fábrica que está em compasso de espera pela aprovação da demolição é a da Antártica, na Mooca. Derrotas feias em contraste com as vitórias citadas mais acima.
O problema é: a fábrica da União pode não ser esteticamente grande coisa e ser um monstrengo difícil de aproveitar mesmo como outra fábrica, mas a pergunta é: até quando vamos continuar a permitir a construção de tantos prédios que, no duro, no duro, são inúteis: os apartamentos venderão, sem dúvida, mas, se eles jamais fossem construídos, também não fariam falta.
A verticalização em excesso está acabando de vez com a cidade. Tive um exemplo disso recentemente: fiquei internado num hospital na alameda Santos, na Capital, por trinta dias, e somente vi o sol na tarde em que recebi alta, quando cheguei à calçada, para esperar o caro que me levaria para casa. E, mesmo assim, aquele sol que vem lááááá de cima, passando por uma barreira de prédios e alcançando a calçada e o asfalto da estreita alameda dos Jardins. Em tempo: as fotos acima (esquerda, fábrica União, direita, Antártica) foram publicadas hoje n’O Estado de São Paulo.
domingo, 19 de julho de 2009
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Sim Ralph, é Borges de Figueiredo o correto.
ResponderExcluirSão Paulo, mesmo após tantas atrocidades cometidas contra o patrimônio da cidade parece que ainda não aprendeu nada, ou muito pouco...