terça-feira, 7 de julho de 2009

A REVOLUÇÃO DE 1924 A 40 KM DA PRAÇA DA SÉ

Ontem, dia 6, foi publicado na coluna semanal do José de Souza Martins (OESP) um artigo sobre a Revolução de 1924 em São Paulo. Como sempre muito bem escrito, resume em algumas linhas o que foi esse desastre dos quais os paulistanos parecem querer se esquecer.

Como ele mesmo escreve, “...os revoltosos a abandonariam só na madrugada de 28 de julho, quando se retiraram para o interior”. Foram de trem da Luz para Bauru, daqui a Botucatu e dali a Presidente Epitácio, de onde seguiriam, pelo rio, para o sul do País, depois de saquearem todas as estações ferroviárias da Sorocabana.

Mas, em Parnahyba (hoje Santana de Parnaíba), o vigário, Monsenhor Paulo Florêncio, não perdeu a chance de, no resumo mensal que era obrigado a escrever no livro que hoje está na Cúria de Jundiaí, relatar o que se passou na cidade enquanto São Paulo, a 40 km dali, era impiedosamente bombardeada pelo próprio Governo Estadual na tentativa de pôr para fora os invasores:

No dia 5 de julho às 9 ½ chegou até nós a triste notícia de que em São Paulo rebentara formidável revolução. Desde então nossa paróquia era passagem de numerosos fugitivos, alguns já conhecidos daqui ficavam entre nós, outros procuravam outras paróquias mais provisionadas de gêneros alimentícios. O povo sempre alarmado com as notícias contínuas quase nada mais fazia senão conversar sobre o que se passava em São Paulo. Aqui ouvia-se o ribombar dos canhões. Como é triste o som lúgubre dessa arma de guerra a lembrar ao longe tantas vidas desaparecerem! (...) Por duas ou três vezes os revoltosos aqui estiveram, nada houve. Segundo a ordem do Sr. Arcebispo, fizemos solene Te Deum, à orquestra, no domingo, na segunda-feira, missa de réquiem pelos mortos em geral desses tristes dias. (...) O Seminário de São Paulo que fora invadido pelos revoltosos depois de retirar seus alunos para o Cambuci, internou-os em Pirapora, onde os seminaristas ficaram até o fim desses dias para sempre miserandos na história de São Paulo. Passaram todos por nossa paróquia e estiveram na residência paroquial à espera de condução para Pirapora. Nas horas caladas das noites ou nas angústias dos aflitivos dias a ouvir o ribombar longínquo dos canhões eu perguntava a mim mesmo: mas que desgraça será essa, será castigo? E me ia convencendo de um castigo em que tantos são inocentes iam sofrendo. Aqui deixo meu profundo pesar pela morte de tantos irmãos. Durante esses dias, vinte e três a vinte e quatro dias, a nossa paróquia esteve bem povoada de forasteiros, máxima de transeuntes. Agora continua sua vida calma e solitária, despertada de quando em quando pela buzina dos automóveis rumo de Pirapora” (Livro do Tombo da Paróquia de Parnahyba 546, páginas 11 e 12 – Cúria Metropolitana de Jundiaí. Texto escrito em 31-7/1924).

A 40 km da Praça da Sé, na Praça da Matriz em Parnahyba (a foto acima do Largo da Matriz entre 1920 e 1930 pertence ao Centro de Memória da Prefeitura de Santana de Parnaíba), ouviam-se os canhões. Eram mesmo outros tempos.

6 comentários:

  1. Parece que em 1932 houve uma fuga parecida com essa que o senhor retrata, de revoltosos para Mato Grosso. Um professor meu contou que seu avô, funcionário da CPEF, foi sequestrado por soldados paulistas que desejavam sair de São Paulo, e que protagonizaram uma verdadeira sequencia cinematográfica no interior paulista. Parabéns pelo seu blog, visito-o todos os dias. Abraços, T+.

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  2. José, realmente, nunca havia ouvido falar desse tipo de coisas em 1932, mas não é impossivel, não. Afinal, em SP esse tipo de coisas não seria divulgado na época.
    Abraços e obrigado

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  3. CAROS AMIGOS
    Sou Secretário da Sociedade Veteranos de 32-MMDC há mais de treze anos.
    A fuga para Mato Grosso foi tentada pelo CORONEL EUCLYDES FIGUEIREDO, Comandante da tropa que se reteve na divisa com o RIO, erro clássico que não se pode cometer em uma revolução. Mas aí em 2 de outubro de 1932 a Cessação das Hostilidades já havia sido assinada. O CORONEL FIGUEIREDO pretendia rearticular as tropas em outro Estado, mas logo foi preso e exilado para PORTUGAL. Qualquer outro esclarecimento poderá ser prestado pelo e-mail celmario@gmail.com

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  4. sou uma estudante e estou me envolvendo de tal forma nessa historia. Estou encantada, tenho um trabalho para apresentar amanhã, e posso afirmar com certeza que essa vai ficar na minha memória. é uma historia de luta e garra. Tiveram muitas decepções por parte dos revoltosos mais como #brasileiros corajosos eles não desistiram e lutaram até o fim sz' Beijos :*

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  5. Sou uma estudante e estou me envolvendo de tal forma nessa historia. Estou encantada, tenho um trabalho para apresentar amanhã, e posso afirmar com certeza que essa vai ficar na minha memória. é uma historia de luta e garra de brasileiros que fizeram um Brasil melhor.
    Admiro todos os Lideres de todas as revoltas que contribuiriam para a historia do nosso pais e todos os que ajudaram esses Heróis

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  6. Tiver uma chacar em Santana do Parnaiba, linda cidade historica, Realmente este igreja ainda permanece com todo o encanto imaginario e ja havia escutado pelos mais idosos, destas perpecias de muitos durante a Revolucao Paulista. Muito significativa esta cidade, fora o solar da marquesa, amante de D.Pedro, que ainda permence em pe. Vale a pena conferir e prossguir na viagem ate Pirapora.

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