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Outras pouquíssimas linhas também sobreviveram. Já as da FEPASA continuavam correndo, embora com trens cada vez em pior estado. Aliás, nesta época só existiam mesmo os trens das linhas-tronco das saudosas Paulista, E. F. Araraquara, Sorocabana e Mogiana, ou sejam: São Paulo-Barretos, Itirapina-Panorama, Araraquara-Santa Fé do Sul, São Paulo-Presidente Epitácio e Campinas-Araguari.
O Governo Federal anunciava as privatizações, que somente vieram a ocorrer em 1996 e 1997, sob Fernando Henrique Cardoso. Até abril de 1996 acabaram todos os trens de passageiros que a RFFSA ainda mantinha, lembrando sempre que a CBTU controlava os de subúrbio das capitais. Por que? Porque na verdade a privatização foi a concessão das linhas da RFFSA a grupos privados que não queriam trens de passageiros nem amarrados.
O consórcio NOVOESTE ficou com a Noroeste; a MRS com as linhas de bitola larga da antiga Central (acima, foto de locomotiva da MRS em Barra Mansa em 2009, foto Eduardo Coelho) e a velha Santos-Jundiaí (estas linhas, o grande filão); a FCA ficou com a métrica da Central, a velha Rede Mineira e a extinta Leste Brasileiro; a FSA (que virou ALL) com a malha sul (PR, SC e RS); a CFN com as linhas do Nordeste (Alagoas para cima) e a Teresa Cristina manteve o nome (sem o “Dona”) na rede da pequena, mas rentável, E. F. Dona Teresa Cristina, em SC. A Vale do Rio Doce foi privatizada junto com suas ferrovias (que passaram a ser as duas únicas do País com trens de passageiros, que são mantidos até hoje), sempre lembrando da FEPASA, ainda nas mãos do Governo Paulista, mas totalmente abandonada à sua sorte.
Em 1994, foi criada a CPTM, para gerir os trens metropolitanos de São Paulo, em estado então caótico, e esta absorveu as linhas de subúrbio da FEPASA (as duas da Sorocabana) e as da CBTU, que deixou de existir em São Paulo. Em fins de 1997, o Governo decidiu entregar a FEPASA como pagamento de dívidas do Estado com a União. Com efeito, em 1º de abril de 1998 tal ocorreu e a FEPASA tornou-se a “malha paulista” da RFFSA. Esta foi quase que imediatamente privatizada, em novembro. Ganhou a concessão o nefasto consórcio da FERROBAN, que assumiu as operações em janeiro de 1999.
Muitas modificações se seguiram às privatizações, com absorções de linhas por esta ou aquela concessionária, a partir de 1999. Com a privatização da malha paulista, a Ferroban assumia a obrigação de manter os trens de passageiros ainda existentes por dois anos.
Enquanto isto, a RFFSA foi colocada sob liquidação, pois já não tinha mais função. Seus ativos concessionados passaram para a União.
A FEPASA foi extinta em 2002. Curiosamente, foi este o triste fim da gloriosa e extinta havia 31 anos Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Afinal, não foi a Paulista que absorveu as outras cinco ferrovias em 1971 e teve o nome alterado para FEPASA? O CNPJ foi o mesmo até o fim.
(continua)
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