Ramal de Sertãozinho em recuperação (?) em Ribeirão Preto. Autor desconhecido.
Notícias ferroviárias dos últimos dias são muitas. Façamos um acompanhamento nos próximos meses para ver o que resulta de tudo isso.
A primeira: o ministério dos Transportes finaliza até dezembro os estudos de viabilidade dos trens regionais federais entre Londrina e Maringá, no Paraná, e entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Seria ótimo, se fosse resultar em algo. No primeiro caso, a RFFSA eliminou esse trem, já bastante decadente mas sempre lotado de passageiros, em março de 1982. Depois de uma década, começaram os papos de volta desse trem. Vinte anos depois, falar dele vai e volta de tempos em tempos. Vai sair? No segundo, trata-se de trem eliminado em 1976. A linha, em teoria, ainda existe. Coberta de mato, de terra e de asfalto, dependendo do trecho. E com trilhos roubados também. Vai sair?
A segunda: FCA recupera (isso significa: tirar mato e terra de cima dos trilhos e repô-los onde foram roubados) o ramal que liga a estação do Barracão à de Passagem, em bitola métrica e que originalmente foi a junção de dois ramais - o de Pontal, da Paulista, e o de Sertãozinho, da Mogiana. Desde a privatização em 1998, nenhum trem jamais correu ali. Nem auto de linha. O trem de passageiros acabou em 1976. A recuperação provavelmente é para inglês ver e mais provavelmente ainda para devolver o ramal à União (note-se: o ramal Passagem-Pontal é o último ramal ainda existente da Cia. Paulista em bitola métrica). Uma associação de preservação ferroviária de Ribeirão Preto diz que vai colocar um trem turístico no local. Para ver o que? Como eu sempre disse, que tal as prefeituras das cidades por onde o ramal passa (Ribeirão Preto, Sertãozinho, Pontal e Pitangueiras) reativarem o ramal com trens regionais para seus munícipes em vez de pensarem em trem turístico (a enganação de sempre)?
A terceira: Linha do Metrô de Teresina será duplicada. Também serão construídas 6 novas estações e as instalações modernizadas. O projeto inclui ainda a aquisição de quatro novos trens, os quais contêm quatro vagões cada. Ainda bem, pois ficar rodando somente com trens dos anos 1970 e que originalmente não eram lá essas coisas (os velhos "trens húngaros") não convém mesmo. A pergunta: vai sair mesmo? Em quanto tempo? No cronograma Brasil?
A quarta: Duas composições do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) começam a funcionar a partir da próxima segunda-feira (10) em Maceió. O trajeto será da capital – da estação principal da Companhia de Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) até Satuba ao preço de R$ 0,50 por viagem. Os VLTS correrão sobre a linha por onde hoje correm - e há muitos anos - os trens diesel da CBTU. A estação de Rio Largo – destruída por conta da enchente do ano passado – segue em obras para recuperação de toda malha ferroviária. Em Rio Largo, a enchente de junho de 2010 acabou com a linha férrea, no final do ramal. Passaram-se 16 meses e nada até agora. No Japão, trens estavam operando um mês depois do tsunami de março deste ano... só para comparação.
A quinta: Governo de Paty do Alferes, RJ, defende trem turístico entre Paraíba do Sul e Nova Iguaçu. Para que? A não ser que trem regular de passageiros tenha mudado de nome, será mais uma enganação para o povo que precisa de transporte. No caso da Linha Auxiliar, como na de Sertãozinho citada acima, ela não é usada pela FCA (que coincidência, a mesma concessionária!) e poderia muito bem abrigar trens decentes. Mas não, ficam tapeando o povo. Mas nem tudo está perdido, pois parece que há gente pensando diferente: defensor da retomada do transporte ferroviário, o vice-prefeito
de Guapimirim, Marco Aurélio Dias, defende que a Linha Auxiliar, assim como
a ferrovia de contorno da Baía da Guanabara, seja recuperada para serem
utilizadas como trens de passageiros, reduzindo a necessidade do transporte
ferroviário e criando novas opções de deslocamento para os moradores desses
municípios. No caso de Três Rios e Paraíba do Sul, a viagem por trem para o
Rio de Janeiro, de 150 km, poderia ser feita em duas horas, mesmo tempo do
transporte rodoviário.
E assim, vai se processando a vida ferroviária do país: comoo há 150 anos atrás, sem planejamento algum, vivendo apenas de sonhos e enganações. Até 50-60 anos atrás, no entanto, no meio deles havia vida pensante e ferrovias eram construídas, trens para passageiros circulavam. Hoje, não há isso.
sexta-feira, 7 de outubro de 2011
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