quarta-feira, 12 de outubro de 2011

SOBRE VER E CONHECER

Foto German Andres Reccius Puga - 2010
Fotografias que me foram enviadas recentemente de uma estação em Ribeirão Preto - Silveira do Val, no meio de um canavial - levaram-me a pensar sobre a diferença de "ver" e de "conhecer" um local.

Estive nesse local há mais de dez anos e fotografei a estaçãozinha. Muito simpática e típica da Mogiana dos anos 1910, e mais típica ainda desse ramal (o ramal de Jataí) em particular. As estações dessa linha são - ou eram, já que a grande maioria já foi demolida - em geral isoladas e hoje continuam dessa forma. As que foram demolidas não têm nem como serem encontradas, pois até as plataformas de pedra foram removidas. Se não foram, sumiram em meio ao canavial. A única que ficava em local que acabou se desenvolvendo foi a de Jataí, hoje no centro da cidade de Luiz Antonio.

Seus nomes derivaram de fazendas (Gironda, Jataí, Santa Eliza, Capão da Cruz, Monteiros) ou de proprietários (Mendonças, Domingos Martins, Joaquim Firmino, Silveira do Val, Francisco Maximiano). O ramal foi construído entre os anos de 1910 e 1913. Os trens de passageiros e de cargas deixaram de circular em 1976 e os trilhos foram retirados em 1977. O ramal ligava a cidade de Sao Simão com a de Ribeirão Preto como se fosse uma variante ao tronco da ferrovia correndo pelo oeste da mesma. Uma linha construída pela Mogiana em 1914 ligava a estação de Monteiros à de Guatapará, da Cia. Paulista.

Não é fácil pela posição da estação e pelas fotografias que recebi ter ideia de como é o local. Como eu conheci esse local, posso avaliar bem como é. O espaço entre o prédio e os canaviais, a posição da estradinha, etc. O prédio está hoje completamente isolado de tudo. Aparentemente ninguém mora nele, pois jamais vi, nem quando lá fui, nem nos relatos de quem me enviou fotografias, ninguém por ali. É possível que sirva como depósito de materiais ou que esteja simplesmente fechado. Não está em condições tão más para algo que não parece ter função. As portas e janelas estão sempre fechadas.

Das quase 5 mil estações ferroviárias existentes em meu site sobre o assunto, eu não estive pessoalmente nem em vinte por cento. Pelo número delas e pela extensão do país, isto seria quase que impossível, sendo eu um sujeito que trabalha para viver e que não nada em dinheiro nem tem tempo suficiente. Por isso, quando vou a uma estação da qual já tenho fotos mas apareço lá pela primeira vez, muitas vezes eu me surpreendo com o que vejo, mesmo tendo as fotogrfias. Isto é normal. Até olhan do pelo Google Maps você pode se surpreeender.

Um dos melhores exemplos foi a estação de Santos, da SPR, no Valongo. Eu jamais havia estado lá e tinha várias fotografias dela. Quando fui, descobri que o espaço - o largo que existe à sua frente - não é tão largo assim, é até bem estreito, ainda mais tendo na frente os dois paredões do prédio antiquiquíssimo que desabou há mais de vinte anos deixando suas fachadas em pé exatamente na frente do prédio da estação. Para um prédio como este, imaginava eu que o tal largo fosse bem mais amplo.

Um comentário:

  1. Ralph,
    A Silveira do Val é mesmo muito bonita. Infelizmente o prédio está abandando e até mesmo o acesso é difícil hoje. Por incrível que pareça, ela fica bem próxima da sede da fazenda, cerca de 200m, mas as árvores e o canavial, aliado à estrada em curva, fazem parecer que ela fica isolada. As duas vezes que estive lá foram por caminhos diferentes, uma pela propriedade vizinha, e outra pelo carreador do canavial. Nessa fazenda, se a pessoa não tiver prática de percorrer talhões de cana acaba se perdendo, pois é um baita labirinto.
    Abraços.

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