Em Dois Córregos, enquanto as casas da cidade são exemplarmente mantidas, a vila ferroviária se desfaz em poeira. Na foto, vista de duas janelas, o interior da estação - Foto Alexandre Giesbrecht em 1/1/2011
Na Revista de História da Biblioteca Nacional deste mês de janeiro, uma reportagem sobre o Palacete do Barão do Rio Pardo onde o entrevistado fui... eu! Nem por isso o palacete está bem de vida. É de 1883 e está caindo, aliás, parte já caiu. Próximo à estação de Julio Prestes - na época, chamada de Estação São Paulo -, esta foi exatamente o motivo pelo qual o barão a construiu ali: o bairro tinha, então, apenas quatro ou cinco anos de existência e com as facilidades de locomoção para o interior por uma Sorocabana que ia avançando rumo a Botucatu (chegaria lá em 1888). Veja mais sobre o palacete no site de Douglas Nascimento, São Paulo Antiga.
Mas o patrimônio imobiliário paulista continua sofrendo: em Vinhedo, cidade que conheço pouco, o CONDEPHAAT tombou, no centro da cidade, pelo que entendi, as matas e a casa-sede da Fazenda Cachoeira, com cerca de duzentos anos de idade. Porém, os donos não se conformaram e hoje existe uma batalha judicial pelo cancelamento do terreno. Enquanto isso, o casarão se deteriora. Embora eu torça pela vitória da conservação, pimenta nos olhos dos outros é colírio: a venda do terreno com a demolição da casa e derrubada da mata certamente renderá muito mais aos donos que a exploração da área para turismo. Infelizmente, aqui não é a Europa.
No passeio que fiz por parte do interior paulista na semana passada, nota-se que as casas antigas, justamente as que fazem hoje a diferença em qualquer cidade, estão desaparecendo. Em algumas, ou não existe quase nada ou o que existe não é conservado. Apenas em duas delas vi o patrimônio sendo valorizado: em Agudos e em Dois Córregos, a conservação das casas parece estar na educação dos moradores. São cidades pequenas, onde isso pode facilmente se espalhar. O mesmo ocorre no pequeno vilarejo de Varpa, no município de Tupã.
É preciso que essa filosofia se espalhe. Mas de que forma podemos conseguir isso? Somente mesmo por educação de berço. Aulas na escola desde o jardim de infância sobre a valorização da história dos locais em que se vive. Por que somente em algumas cidades se investe na manutenção de belas fachadas e das casas? O que há de diferente nelas? Afinal, isso não existe somente em cidades pequenas. Existe também, por exemplo, em Curitiba, cidade bem maior do que as citadas acima.
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
NOSSOS BELOS IMÓVEIS SE DESFAZEM
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