Casa de chácara na rua Santo Antonio, 31 (numeração da época) em 1905, da família Ribeiro Branco. Ficava onde hoje está a Praça da Bandeira (Acervo Ubirajara Ribeiro)
Em pouco mais de cem anos, a cidade de São Paulo mudou muito. Claro, cresceu de cerca de 200 mil habitantes para mais de onze milhões. Isto fez com que inúmeras regiões - e também o centro da cidade - se desfigurassem, tanto em termos imobiliários quanto em mapa viário.
Mapa de 1905 do centro de São Paulo
Um exemplo disto está aqui - a região onde se iniciava a rua Santo Antonio, na Bela Vista. Nessa época (1905) ela se iniciava no largo da Memória - que era o nome do antigo Piques, ou largo do Piques. Originalmente, no entanto, a rua levava à Igreja de Santo Antonio, na rua Direita, entre as ruas Líbero Badaró e São Bento (a igreja existe até hoje, no mesmo local, que hoje está na praça do Patriarca, criada em 1922). A razão do nome da rua era a igreja. Notem agora que no mapa de 1905 (acima), ela passava pela rua da Abolição e seguia adiante. Esta esquina era a única pela qual a Santo Antonio passava antes de chegar à rua Major Quedinho e ao Velódromo, antigo campo de futebol e que durou até 1915.
Mapa de 1930 do centro de São Paulo (Sara Brasil)
No mapa de 1930, já se pode ver que houve mudanças. Embora o largo da Memória ainda existisse, o Parque do Anhangabaú já existia e "encostava" nele. O Velodromo já havia desaparecido e no seu lugar já existiam construções, a rua Florisbela (que não aparece no mapa, está mais à esquerda e que depois se chamou Nestor Pestana) e a rua Martins Fontes, ainda não completada. A rua João Adolfo também já existia e a avenida Anhangabaú era um esboço do início da futura Nove de Julho.
Mapa de 1997 do centro de São Paulo (O Guia Mapograf)
No mapa de 1997, mais mudanças: inúmeras casas já haviam sido demolidas para a construção, nos anos 1960, da atual Praça da Bandeira. Desapareceram com isso o largo da Memória e partes das casas das ruas Santo Amaro e Santo Antonio, além de inúmeras casas arrasadas para a cosntrução da praça e do viaduto que lá existe hoje. Na rua Santo Antonio há o encontro entre os viadutos Jacareí e Maria Paula, além do da rua Major Quedinho. A Nove de Julho e a 23 de Maio já existem há tempos - mais de 30 anos. A rua João Adolfo, que chegava na Santo Antonio, para hoje na Nove de Julho. O Parque do Anhangabaú virou avenida, depois foi concretada com túneis em baixo e sem os jardins que tinha.
Duas curiosidades: o viaduto Jacareí tem esse nome por causa de uma pequena rua que passava quase em baixo dele e que hoje ainda existe, diminuída em seu tamanho: basta comparar os mapas (em 1930 ela existe, mas ficou fora do mapa que pus aqui). Da mesma forma, já existia uma rua Maria Paula.
Interior da chácara da rua Santo Antonio dos Ribeiro Branco. As casas que se vêem fora estavam muito provavelmente na rua Santo Amaro nessa época (1905) (Acervo Ubirajara Ribeiro)
A outra: uma das casas que existia comprovadamente em 1905 na rua Santo Antonio era uma chácara onde morava a mesma família - Ribeiro Branco - que mais tarde se mudou para a Vila Mariana, na rua Madre Cabrini, e em 1927, para a rua Domingos de Morais, na belíssima Chácara Conceição, da qual já falei neste blog e que desapareceu em 1969 (a casa) e em 1991 (os maravilhosos jardins) para a construção de prédios.
No mapa de 1930, que mostra as construções, ela provavelmente não existia mais, pois a quantidade de casas que existem no local onde mais tarde foi construída a Praça da Bandeira era muito grande. O local possivelmente foi loteado. A comprovar.
(Nota: alterado em 30/8/2017 - o autor)
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
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Muito a comentar nesse trecho, mas agora só (!) três lances:
ResponderExcluir1 - Lembro que havia um enorme casarão, bem no alto do terreno entre as ruas Abolição e Major Diogo. A lateral maior do terreno era exatamente na r. Santo Antônio. Isso até final dos anos 1970. Hoje tem um predião pavoroso lá. Já me falaram o que era aquele casarão, mas esqueci.
2 - Exatamente em frente à Câmara Municipal, na Maria Paula tem um prédio, com entrada pela r. Japura. Esse prédio tem um playground bem abaixo do nível da Maria Paula. Pela geografia do local, creio que ali passava um córrego, que talvez até passasse embaixo de onde hoje é a Câmara (ali não é o Viaduto Jacareí?)
3 - Quem lembra dos bons tempos, o ápice do agito cultural no Bixiga, no início dos anos 1980? Ficava na r. Santo Antônio a Livraria do Bixiga, com sua decoração datada, livros nos caixotes de laranja. Ficava lotada de gente! Abraços!
Há várias versões para o bairro se chamar Bexiga. Uma delas é que havia uma estalagem de um português cujo nome era João e o apelido Bexiga. Ao freguês ele não cobrava pela hospedagem mas só para guardar o cavalo. Diziam que a hospedaria do Bexiga era horrível, havia percevejos na cama e de fato o cavalo deveria ficar melhor instalado. Geraldo Nunes
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