quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

COELHO BASTOS, SEIS ANOS DEPOIS

A vila em 2005 (foto Cleber Agostini)

Alguém sabe onde fica Coelho Bastos? Não se preocupe, parece que pouca gente sabe. Na verdade, eu sei – mais ou menos. Fica, ou ficava, no Estado de Minas Gerais, perto da divisa com o Rio de Janeiro. Era uma estação ferroviária da lendária Leopoldina e estava situada exatamente entre duas estações que se tornaram sede de municípios: Eugenópolis e Antonio Prado de Minas, que, aliás, são cidades pequenas. Nunca estive lá. Até gostaria, mas o fator tempo é determinante – são cerca de 600 quilômetros daqui de São Paulo, por estradas ruins.

Era apenas uma das páginas de estações de meu site sobre o assunto, sem foto e sem quase nenhuma informação – apenas a data de inauguração, que constava num livro antigo. Mais nada. Eis que um belo dia uma estudante universitária de São Paulo me consultou para saber se eu tinha alguma notícia adicional sobre a vila de Coelho Bastos, pois, procurando pela Internet, ela somente havia achado uma referência: a da página do meu site. Ela me agradeceu muito, pois vinha procurando há muito tempo a sua localização, porque precisava de uma certidão antiga que teria de ser procurada nas cidades em volta, e agora ela sabia quais cidades ficavam ali próximas. Na verdade, eu nem consegui descobrir a qual dos dois municípios citados ela pertence.

Não muito tempo depois, também por causa do site, uma alemã, morando na Alemanha, também me enviou uma mensagem em português, dizendo-se descendente dos Coelho Bastos. Queria saber se eu teria maiores informações, e eu não tinha. Mas quem eram eles? Eram fazendeiros de café na região, quando ali havia muito café. É a região de uma cidade de nome curioso, Porciúncula, que, aliás, fica no Estado do Rio de Janeiro, também muito próxima a Coelho Bastos. Foi por isso que a estação ganhou esse nome – os donos das terras na época da construção, final do século 19, já eram eles. Portanto, subitamente, um interesse grande pela estação – e quase nenhuma informação para dar ou receber.

A linha da Leopoldina que cortava essas terras era chamada de Linha do Manhuaçu. Ligava a região da cidade chamada Leopoldina, que deu o nome à ferrovia, à cidade de Manhuaçu, em Minas, acompanhando sempre de perto a divisa estadual entre Minas e Rio e, depois de um certo ponto, a divisa de Minas com o Espírito Santo, até chegar à cidade de Manhuaçu. Tudo na chamada Zona da Mata mineira. Curiosamente, a construção da linha teve problemas, pois, perto de Coelho Bastos, o Estado do Rio tem uma reentrância no Estado de Minas – exatamente onde fica Porciúncula e por onde a linha teria de passar, entrando e saindo do território fluminense por alguns poucos quilômetros. Como havia na época outra ferrovia com a concessão ali no Rio, houve problemas de “zona privilegiada”. Quem resolveu a situação foi exatamente o Conselheiro Antonio Prado, na época, ministro da República. Por isso, ele foi homenageado com uma estação, citada acima.

Enfim, continuo sem saber muito, quase nada, sobre Coelho Bastos. Não sei nem se existe ainda ali alguma estação em pé – a linha foi desativada há quase trinta anos, trilhos arrancados, abandono, essas coisas. Nem sei se em volta se formou algum vilarejo, e se ele sobrevive ainda hoje. O que sei é que a estudante da qual falei não havia conseguido achar nada sobre a vila naquela região, hoje pobre, sem grandes perspectivas. Uma região em que, ao contrário do que vivem dizendo, a desativação da ferrovia trouxe problemas e não soluções. Afinal, enquanto ele existia, havia um trem direto dali ao Rio de Janeiro, facilitando a vida dos moradores. São histórias do nosso Brasil, de nossas ferrovias, de nossas vidas.

Seis anos depois de escrever as linhas acima, eu já sei que a estação não existe mais, o vilarejo pequeníssimo ainda está lá e vi Jô Soares desempenhar o papel de um Coelho Bastos no filme O Xangô de Baker Street...

7 comentários:

  1. Ralph, nao sei como te agradecer para as fotos que voce postou. Meu nome è Maria Zuppello, sou uma jornalista italiana e desde 2007 moro no Brasil, em Sao Paulo. A historia maravilhosa é que meu avo, Nicola Mazziotta, nascido em 1906 em Fardella, uma aldeia pobre da Basilicata na Italia, morou entre 1921 e 1927 no Brasil. Morou em Sao Paulo do Muriae, hoje Muriaé onde trabalhou para Casa Vesuvio da Familia Guarino e nas memorias que me deixou ele falou que morou alguns meses em Coelho Bastos.E que ele ajudo a recoltar dinheiro para a construçao de uma pequena igreja. Que imagino seja aquela da sua foto, entao datavel ao redor do 1926 (ele falaa deste ano). Mas me fala, tudo isso no existe mais? Porque eu quero visitar Muriaè e Coelho. Meu avo nunca voltou no Brasil mas sempre me falou deste pais como de um paraiso...obrigada para seu maravilhoso trabalho. Maria mariazuppello@gmail.com

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    1. Maria, veja no meu site: http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_mg_manhuacu/coelhobastos.htm
      E obrigado por suas palavras. Abraços

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  2. Meu nome é Adriano Jonas Henriques de Azevedo, meus avós fizeram parte dessa história de vilarejo, minha mãe nasceu em 1951 , temos algumas fotos em nosso arquivo da linha de trem. Podemos entra em contato para poder conversar melhor .

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    1. Que bom Adriano vê história de nossos pais ser lembrado saudade de Coelho Bastos

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    2. Que legal Adriano vê história de nossos pais ser contado saudades Coelho Bastos

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  3. Se você quiser me mandar as fotos para pôr no site, agradeceria muito.

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  4. Meu nome é Orlindo nasci na comunidade do pangarito que é muito proximo de Coelho Bastos meus pais se chamavam Laudelino Miguel da silva e Elvira batista , gostaria de receber fotos destes lugares saudosos que me trazem muito boas lembranças, meu email é " batista310@hotmail.com " quem quiser se comunicar pode mandar mensagem neste email.

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