
O sindicato de ferroviários "Sindpaulista", que se intitula o "1º Sindicato de trabalhadores ferroviários do Brasil" em seu site oficial, está reivindicando do Governo do Estado de São Paulo, entre outras coisas, a extensão das linhas da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até o município de Campinas.
Por isso, têm um blog, o http://www.cptmcampinas.com.br/, onde publicam matérias sobre esse trem, que, realmente, vem sendo anunciado (timidamente) pela CPTM e por órgãos do Estado.
Quisera eu ser tão otimista com essa obra quando esse sindicato o é. De qualquer forma, no link que publiquei acima, pode ser lido tudo o que lá está escrito. Eu, particularmente, apoio a vinda desse trem, mas da forma que os trens de passageiros vêm sendo tratados nos últimos cinquenta anos em São Paulo e no Brasil, é difícil ser otimista.
Um dos apoiadores desse projeto é o Pedro Bigardi, deputado estadual por Jundiaí. Por acaso, conheço-o (pouco), das três vezes em que estive na Assembleia Legislativa participando de programas de TV e também da mesa de abertura da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista, instalada há poucos meses pela Assembleia. De qualquer forma, não sei qual é o real comprometimento deste deputado com o projeto, mas posso afirmar que ele é um sujeito que efetivamente gosta de ferrovias, tendo como colegas "ferreofanáticos" - ou semi - mais uma meia dúzia de deputados.
Na minha opinião, não dá para estabelecer um trem metropolitano até Campinas, como uma continuação do trem que serve até Francisco Morato e Jundiaí. Um trem para Campinas tem de ser tratado como um trem de passageiros de longa distância, senão, o passageiro, parando em cada estação que hoje existe na CPTM, vai demorar tanto para chegar que o trem não vai sobreviver.
O antigo trem que servia Campinas existiu desde o ano de 1872 até 1998 e na maioria dos casos era parte de uma linha maior da Companhia Paulista que seguia até Barretos, com um prolongamento até Colômbia, às margens do rio Grande. Havia um ou outro horário em que, dependendo da época, servia somente o trecho São Paulo-Campinas ou São Paulo-Rio Claro. Lembram-se da época do Trem Húngaro? Pois é.
Os trens que serviam Campinas a partir de São Paulo, eram em 1978, segundo o Guia Levi, em número de treze por dia. A partir de Jundiaí, eles paravam apenas nas estações de Louveira, Vinhedo e Valinhos.
Ainda tendo como referência o ano de 1978, esses treze trens diários eram trens de passageiros de longa distância mesmo. Todos paravam em Jundiaí, onde havia troca de tripulações e de máquinas (com raras exceções) da EFSJ pela da Paulista, uo, depois, da RFFSA pela da FEPASA. Dez deles tinham como única parada a estação de Jundiaí. Apenas três faziam mais paradas: um (partia 12:05 de SP) parava em Franco da Rocha, Louveira, Vinhedo e Valinhos. Outro (o das 18:40, parava também em Campo Limpo e as três cidades entre Jundiaí e Campinas. e mais um, o das 22:20, parava somente em Vinhedo. É evidente que em épocas mais remotas isso podia ser diferente, lembrando-se que já havia diversas paradas da EFSJ e também algumas da CP, como Horto, Corrupira e Samambaia, a partir de Jundiaí.
Em termos de tempo de percurso, o horário mais rápido o fazia em 45 minutos. Já os que tinham as paradas citadas podiam gastar até 1 hora e 40 minutos. Convenhamos que 45 minutos está ótimo.
Os novos trens da CPTM que seriam usados para o percurso teriam de percorrer uma linha de Jundiaí a Campinas já restaurada (hoje está um lixo) e com isso talvez pudessem (pelo menos, deveriam) manter a parada em Jundiaí e talvez arriscar outras, como, por exemplo, em Franco da Rocha. Manter-se-iam logicamente as paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos e talvez houvesse tempo de se criar alguma outra que justificasse o movimento sem perder em qualidade e em tempo de percurso.
Enfim, é isso aí. Agora, é só aprendermos a parar de enrolar e pôr mãos à obra. Que tal contratarmos uns japoneses como professores?