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sábado, 10 de março de 2012

TREM SÃO PAULO-CAMPINAS

Olhaí o Trem Húngaro em Campinas... (acervo Tony Belviso)

O sindicato de ferroviários "Sindpaulista", que se intitula o "1º Sindicato de trabalhadores ferroviários do Brasil" em seu site oficial, está reivindicando do Governo do Estado de São Paulo, entre outras coisas, a extensão das linhas da Cia. Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) até o município de Campinas.

Por isso, têm um blog, o http://www.cptmcampinas.com.br/, onde publicam matérias sobre esse trem, que, realmente, vem sendo anunciado (timidamente) pela CPTM e por órgãos do Estado.

Quisera eu ser tão otimista com essa obra quando esse sindicato o é. De qualquer forma, no link que publiquei acima, pode ser lido tudo o que lá está escrito. Eu, particularmente, apoio a vinda desse trem, mas da forma que os trens de passageiros vêm sendo tratados nos últimos cinquenta anos em São Paulo e no Brasil, é difícil ser otimista.

Um dos apoiadores desse projeto é o Pedro Bigardi, deputado estadual por Jundiaí. Por acaso, conheço-o (pouco), das três vezes em que estive na Assembleia Legislativa participando de programas de TV e também da mesa de abertura da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista, instalada há poucos meses pela Assembleia. De qualquer forma, não sei qual é o real comprometimento deste deputado com o projeto, mas posso afirmar que ele é um sujeito que efetivamente gosta de ferrovias, tendo como colegas "ferreofanáticos" - ou semi - mais uma meia dúzia de deputados.

Na minha opinião, não dá para estabelecer um trem metropolitano até Campinas, como uma continuação do trem que serve até Francisco Morato e Jundiaí. Um trem para Campinas tem de ser tratado como um trem de passageiros de longa distância, senão, o passageiro, parando em cada estação que hoje existe na CPTM, vai demorar tanto para chegar que o trem não vai sobreviver.

O antigo trem que servia Campinas existiu desde o ano de 1872 até 1998 e na maioria dos casos era parte de uma linha maior da Companhia Paulista que seguia até Barretos, com um prolongamento até Colômbia, às margens do rio Grande. Havia um ou outro horário em que, dependendo da época, servia somente o trecho São Paulo-Campinas ou São Paulo-Rio Claro. Lembram-se da época do Trem Húngaro? Pois é.

Os trens que serviam Campinas a partir de São Paulo, eram em 1978, segundo o Guia Levi, em número de treze por dia. A partir de Jundiaí, eles paravam apenas nas estações de Louveira, Vinhedo e Valinhos.

Ainda tendo como referência o ano de 1978, esses treze trens diários eram trens de passageiros de longa distância mesmo. Todos paravam em Jundiaí, onde havia troca de tripulações e de máquinas (com raras exceções) da EFSJ pela da Paulista, uo, depois, da RFFSA pela da FEPASA. Dez deles tinham como única parada a estação de Jundiaí. Apenas três faziam mais paradas: um (partia 12:05 de SP) parava em Franco da Rocha, Louveira, Vinhedo e Valinhos. Outro (o das 18:40, parava também em Campo Limpo e as três cidades entre Jundiaí e Campinas. e mais um, o das 22:20, parava somente em Vinhedo. É evidente que em épocas mais remotas isso podia ser diferente, lembrando-se que já havia diversas paradas da EFSJ e também algumas da CP, como Horto, Corrupira e Samambaia, a partir de Jundiaí.

Em termos de tempo de percurso, o horário mais rápido o fazia em 45 minutos. Já os que tinham as paradas citadas podiam gastar até 1 hora e 40 minutos. Convenhamos que 45 minutos está ótimo.

Os novos trens da CPTM que seriam usados para o percurso teriam de percorrer uma linha de Jundiaí a Campinas já restaurada (hoje está um lixo) e com isso talvez pudessem (pelo menos, deveriam) manter a parada em Jundiaí e talvez arriscar outras, como, por exemplo, em Franco da Rocha. Manter-se-iam logicamente as paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos e talvez houvesse tempo de se criar alguma outra que justificasse o movimento sem perder em qualidade e em tempo de percurso.

Enfim, é isso aí. Agora, é só aprendermos a parar de enrolar e pôr mãos à obra. Que tal contratarmos uns japoneses como professores?

segunda-feira, 14 de março de 2011

A ESTAÇÃO E CIDADE DE VINHEDO VISTA DA ALEMANHA

Carro da antiga Cia. Paulista virando poeira ao lado do museu de Vinhedo. Foto de janeiro de 2011. O que se pensar de um museu desses?
Recebi hoje um e-mail da Alemanha que me deixou muito feliz. Transcrevo-o abaixo sem colocar o nome da remetente, a qual não conheço e não sei se lhe interessaria ter o nome divulgado aqui. Depois mando, se ela me o permitir.

Bom dia, Ralph,

antes de mais nada, parabéns pela tua page sobre estacoes ferroviárias. Uma maravilha histórica, num país onde infelizmente a memória é desprezada e pisoteada. Com isso, são contribuicoes como a tua que fazem com que o interessado pelo menos consiga algum material para tentar entender um pouco da sua própria história.

Anexo uma foto que tirei em janeiro do corrente em Vinhedo. Tenho também foto da estação, ou melhor do que sobrou do prédio. Uma tristeza imensa de ver aquele abandono todo.

O meu interesse na ferrovia tem a ver com a minha história familiar, onde penso que o advento da ferrovia teve um papel preponderante, não obstante ninguém diretamente ter trabalhado nem na construção nem posteriormente no funcionamento.

Meu bisavô foi o primeiro pastor luterano que de fato fincou pé no interior do Estado de São Paulo, sendo o fundador de inúmeras comunidades e escolas. O seu envio ao Brasil em 1869 pela Missão da Basiléia tinha por objetivo atender espiritualmente os imigrantes de língua alemã cuja maioria nessa época encontrava-se nas fazendas de café.

Interessante observar que justamente nessa época começa a construção da estrada de ferro no interior do Estado, com o que, depois de o primeiro endereço dele ser lá pelos lados de Limeira, em 1874 encontro carta datada de "Rocinha, Estação Cachoeira".

Ao visitar essa estação em janeiro, chamou-me a atenção que, de fato, alguns prédios (penso que deva ser o que restou) apresentam características bem antigas e, se dependesse de mim, todo aquele pedaço, inclusive a estação seria tombado e tratado com o devido respeito.

Não deixa de ser um contrassenso em si mesmo o fato de em Vinhedo existir um Museu do Imigrante, uma construção caríssima e - a meu ver - totalmente destituída de sentido, pois o que existe dentro do prédio que se chama de Museu são apenas fotos antigas ampliadas para posters e, se for ver corretamente, tudo muito recente para se falar alguma coisa sobre Imigrantes. De fato, o que me pareceu ser antes o fato, de que algum político de plantão, descendente de algum imigrante mais recente,
resolveu assim fazer uma homenagem a si mesmo. Mas isso é mero palpite, uma vez que nada, mas nada mesmo encontrei naquele museu sobre imigração alemã de meados do século XIX, sendo que sei que por lá ainda hoje há descendentes desses imigrantes. Mas sobre sua história nada se sabe oficialmente.

Interessante é que aqui na Alemanha acaba-se encontrando muito mais material sobre esse Brasil do século XIX do que no próprio Brasil. No momento estou a ler o relatório de viagem de J. J. Tschudi, que em 1858 visitou como cônsul suíço para assuntos de imigração todas as colônias nas fazendas de café onde houvesse imigrantes de língua alemã. Interessantíssima história e não deixa de ser interessante também os seus comentários sobre a necessidade de uma estrada de ferro para escoamento do café e suas consideraçoes sobre a relação da futura ferrovia com a abolição dos escravos.

Desejo-te um excelente dia. Caso queira a foto da estação de Vinhedo,
terei prazer em enviá-la.

Grande abraço

Minha resposta está abaixo. Havia muito que responder, mas tentei ser bastante resumido em meu texto:

Obrigado por suas palavras com relação a meu site. É, museus no Brasil são assim mesmo - não vou dizer todos, mas 99% deles. O brasileiro ainda não percebeu que museu, para ser bom e atrair pessoas, precisa ser um senhor museu, e não um lugar que apenas junta "velharias". Não adianta algo que o sujeito visita, fica dez minutos (quando muito), e quando tem dúvida sobre algo, pergunta à pessoa - geralmente uma só - que "toma conta" do museu e a resposta é "não sei, estou aqui só para tomar conta".

Eu me recordo de duas vezes isso ter acontecido: uma na antiga usina elétrica de Emas (Pirassununga), onde existe um museu da região, e eu perguntei ao sujeito mal vestido que estava lá algumas coisas e ele me respondeu "desculpe, não sei nada, sou só faxineiro aqui". E olhe que o que mais tinha no museu era poeira... tudo extremamente empoeirado.

A segunda vez foi em Porto União, SC, onde havia uma moça - devia ter uns 18, 19 anos e, sinceramente, era uma das mulheres mais lindas que já vi, e que respondeu quando perguntei algo: "não sei, só tomo conta aqui, ainda sou estudante"... fica difícil. Não que beleza signifique necessariamente cultura ou interesse na área, mas acaba decepcionando mais ainda quem pergunta...

Acho, no entanto, que o conceito de pesquisa, cultura e preservação aqui está mudando rápido, para melhor, mas falta muito ainda a percorrer. Uma das coisas que se precisa eliminar é a concorrencia - o ciúme que uma associação tem da outra... não sei se isso existe na Europa também...

Obrigado, e mande por favor as fotos de Rocinha.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

NOSSOS BELOS IMÓVEIS SE DESFAZEM

Em Dois Córregos, enquanto as casas da cidade são exemplarmente mantidas, a vila ferroviária se desfaz em poeira. Na foto, vista de duas janelas, o interior da estação - Foto Alexandre Giesbrecht em 1/1/2011

Na Revista de História da Biblioteca Nacional deste mês de janeiro, uma reportagem sobre o Palacete do Barão do Rio Pardo onde o entrevistado fui... eu! Nem por isso o palacete está bem de vida. É de 1883 e está caindo, aliás, parte já caiu. Próximo à estação de Julio Prestes - na época, chamada de Estação São Paulo -, esta foi exatamente o motivo pelo qual o barão a construiu ali: o bairro tinha, então, apenas quatro ou cinco anos de existência e com as facilidades de locomoção para o interior por uma Sorocabana que ia avançando rumo a Botucatu (chegaria lá em 1888). Veja mais sobre o palacete no site de Douglas Nascimento, São Paulo Antiga.

Mas o patrimônio imobiliário paulista continua sofrendo: em Vinhedo, cidade que conheço pouco, o CONDEPHAAT tombou, no centro da cidade, pelo que entendi, as matas e a casa-sede da Fazenda Cachoeira, com cerca de duzentos anos de idade. Porém, os donos não se conformaram e hoje existe uma batalha judicial pelo cancelamento do terreno. Enquanto isso, o casarão se deteriora. Embora eu torça pela vitória da conservação, pimenta nos olhos dos outros é colírio: a venda do terreno com a demolição da casa e derrubada da mata certamente renderá muito mais aos donos que a exploração da área para turismo. Infelizmente, aqui não é a Europa.

No passeio que fiz por parte do interior paulista na semana passada, nota-se que as casas antigas, justamente as que fazem hoje a diferença em qualquer cidade, estão desaparecendo. Em algumas, ou não existe quase nada ou o que existe não é conservado. Apenas em duas delas vi o patrimônio sendo valorizado: em Agudos e em Dois Córregos, a conservação das casas parece estar na educação dos moradores. São cidades pequenas, onde isso pode facilmente se espalhar. O mesmo ocorre no pequeno vilarejo de Varpa, no município de Tupã.

É preciso que essa filosofia se espalhe. Mas de que forma podemos conseguir isso? Somente mesmo por educação de berço. Aulas na escola desde o jardim de infância sobre a valorização da história dos locais em que se vive. Por que somente em algumas cidades se investe na manutenção de belas fachadas e das casas? O que há de diferente nelas? Afinal, isso não existe somente em cidades pequenas. Existe também, por exemplo, em Curitiba, cidade bem maior do que as citadas acima.