No meio do canavial, a ferrovia encosta na rodovia, de onde tirei a fotografia, e segue para Ourinhos. Notar os postes de eletrificação, hoje inúteis.
Ao sair de Paraguaçu Paulista na tarde do último dia 28 de dezembro, segui para Cardoso de Almeida. Próxima à rodovia, à esquerda dela, cruzamos a linha e chegamos ao vilarejo. O que impressiona ali é um velho casarão, que estaria abandonado desde a revolução de 1924. Isto mesmo, não é engano. Os revoltosos que fugiram da Capital pelos trens da Paulista chegaram a Bauru e dali tomaram os da Sorocabana no sentido de Botucatu e do rio Paraná.
O casarão de Cardoso de Almeida desmoronou atrás...
Assaltaram inúmeros caixas de estações ferroviárias - o que significa que ordenaram que o trem parasse em cada uma delas - e, em Cardoso de Almeida, num episódio pouco explicado, foram até a sede da fazenda Pouso Alegre, muito próxima à estação e ali a unvadiram, destruindo por vandalismo muita coisa no seu interior. Desiludidos, José Giorgi e sua família jamais recuperaram o que sobrou. Para saber mais sobre o casarão, veja Lugares Esquecidos-Cardoso de Almeida.
...mas a frente ainda se mantém.
O casarão ficou em pé - mas recentemente, quase 90 anos depois, parte da sua traseira desmoronou. Será recuperado? Havia alguma indicação à sua volta de que alguma obra estaria começando, mas não havia absolutamente ninguém no local quando ali estive.
A bela igreja do local. Fechada.
Próximo a ele, uma casinha, à sua frente a vila ferroviária e o armazém (a estação já foi demolida há muito tempo) , mais para trás, uma bela igreja e um coreto. Mais ao longe, pequenas casas de fazendas mais novas. E ninguém no horizonte.
O coreto, ao lado da igreja.
Dali para Assis foi um pulinho. A estação seguinte seria Cervinho, mas eu já sabia que nada mais resta dela há décadas. Depois, a cidade e a estação de Assis, surgidas praticamente juntas, em 1914. Assis é maior do que Paraguaçu. Em termos ferroviários, teve muita importância. Ali se encerrava a eletrificação da linha da Sorocabana, e se trocavam as locomotivas elétricas pelas diesels. Também foi até ali que chegou a retificação da linha original da estrada. Dali para a frente, praticamente não se mexeu. A linha eletrificada da ferrovia abriu seu primeiro trecho em 1944, até Santo Antonio (Iperó) e levou 22 anos para chegar a Assis. É portanto, algo não tão antigo assim. Em 1999, a eletrificação foi desativada e os fios retirados. Sobraram vários postes, tanto de concreto quanto de ferro.
A vila ferroviária, bastante modificada e mal cuidada.
Apesar do tamanho e do crescimento, a cidade tem ainda uma ou outra casa de madeira. Até fotografei duas delas, pequenas e simpáticas, não muito distantes da linha. Entrei depois no prédio da estação e vi o museu que existe ali dentro. Como tudo que é museu no Brasil, com pouquíssimas exceções, há pouca coisa, mas é interessante. O interior da construção está bem conservado. O prédio é de 1926, uma construção em estilo neocolonial, mas a anterior era aquele prédiozinho típico da Sorocabana de então. As escadarias internas são muito bonitas. Não são muitas as estações dessa ferrovia que tiveram dois andares.
O armazém ficou de pé, a estação não. A linha está do outro lado dele.
De Assis segui para Ourinhos. O trecho entre essas duas cidades foi contruído entre 1908 e 1914 e passa mais afastado, ao sul da rodovia que liga as duas. Não entrei em nenhuma das cidades nesse intervalo: Cândido Mota, Palmital, Ibirarema, Salto Grande e algumas pequenas estações de "meio de caminho", estas todas já demolidas, sem exceção. A única foto que tirei ali foi no ponto em que, entre Ibirarema e Salto Grande, mais ou menos, a ferrovia encosta na rodovia - ali a Raposo Tavares - e se afasta no meio de um canavial, nesta época do ano ainda bastante baixo. A foto abre esta postagem.
Em seguida, cheguei a Ourinhos, onde pernoitei.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
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Ola Ralph
ResponderExcluirEsta família Cardoso de Almeida deve ter tido muita influência nesta região, em Botucatu ( não muito longe de Assis)..tem escolas,ruas com nomes relacionados a esta famíla ...eu fiz os quatro primeiros anos escolares no Grupo Escolar Dr. Cardoso de Almeida ( anos 50) que foi construido no final do século XIX....existe até hoje como escola....
Daniel Gentili
Olá, Daniel.
ExcluirVocê conheceu pessoas com sobrenome Cavallini, que eram italinos nessa região de Botucatu?
Grato,
Marco Cavallini