terça-feira, 4 de maio de 2010

DO ALTO DESTA TORRE CEM ANOS VOS CONTEMPLAM

O local nem é tão alto, mas a amurada é estreita: dá o equivalente a uns 5 andares de um prédio de apartamento. Quem tirou as fotos mesmo foi o Douglas...

Conforme postado por este blog na semana passada, eu e o Douglas Nascimento fomos até a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, tendo subido até o alto de sua torre para tirar fotografias que pudessem ser comparadas com uma que havia sido tomada no início do século passado do mesmo local.

A fotografia foi tirada no sentido da rua Santa Ifigênia. Como a região se degradou durante os últimos sessenta anos, especialmente pela existência de duas estações ferroviárias que deixaram de ser o ponto de partida e chegada das classes mais abastadas da população, assim como da construção de uma estação rodoviária que ajudou bastante o processo embora tenha durado apenas cerca de vinte anos no local (saiu de lá em 1982 e hoje o seu prédio está em processo de demolição), a demolição de casas muito antiga foi estancada a um devido momento, tendo várias delas sido conservadas - se é que esta é a palavra adequada - justamente pelo seu abandono, aliados às hordas de drogados que invadiu a região nos últimos anos tornando o local a "Cracolândia".

No site SÃO PAULO ABANDONADA, o Douglas postou ontem as duas fotografias. Bondade da parte dele, a fotografia original não foi "descoberta" por mim: foi apenas encontrada uma reprodução dela em um guia do Estado de São Paulo editado em 1912, depois de anos sem tê-la visto em outras publicações.

Note-se na fotografia as três casas da frente (lado direito) em primeiro plano, ainda de pé (da primeira delas sobrou apenas a metade direita). A casa verde à esquerda (esquina da alameda Dino Bueno com rua Helvétia), bem como a casa marron-escura a seu lado ainda existem, algo modificadas. Nas fotos, a rua Barão de Piracicaba aparece à direita, sentido alto da foto e a Dino Bueno é a da esquerda. A primeira rua paralela em frente ao largo é a rua Helvetia. Ao fundo, a rua que segue bem no centro, sentido alto da foto, é a rua Santa Ifigênia. Ao lado esquerdo do seu início, uma casa comprida dando frente para o que hoje é a avenida Duque de Caxias ainda sobrevive também e em bom estado, sendo uma loja de sapatos.

A estação da Luz, antes com um andar, hoje tem dois; já a Julio Prestes não existia, nem o prédio do antigo DOPS havia sido construído (foi-o em 1914), para ser a segunda estação da Sorocabana. A primeira estação, a original, pode ser vista com dificuldade, de tão pequena que era.

Enfim, um exercício de achômetro para todos. As fotos podem ser vistas aqui, juntamente com o artigo do Douglas.

3 comentários:

  1. Valeu, Ralph! Obrigado pelas fotos. E na minha memória, o colégio estava bem entre as duas estações, o que não é verdade.

    ResponderExcluir
  2. Como coloquei no site SP Abandonada, tenho a foto de 1914 em um quadrinho que mandei fazer, na parede da redação do ZNnaLinha. Talvez, talvez, a tenha conseguido em alguma exposição do Instituto Moreira Salles, não recordo. Agora, um fato preocupantíssimo é esse colégio Sagrado Coração de Jesus. Ele corre sério risco! Várias matérias já sairam, narrando o êxodo de alunos, devido ao entorno deteriorado. Me parece que ele era uma alternativa razoável de ensino para as classes média e média-baixa, de ter um ensino particular acessível, no momento da deterioração do ensino público. Mas aí deteriorou "tudo", e o formidável prédio de guarteirão inteiro está sob risco de ser vendido para alguma incorporadora. Talvez não no momento, mas tão logo a região tenha a sonhada recuperação... Digam os especialistas, creio que é um prédio muito digno. Se é que já não é tombado. E parabéns aos dois pelo antes & depois dessa clássica paisagem paulistana.

    ResponderExcluir
  3. Sim, e próprio padre nesse dia expressava a preocupação quanto a isso. Se a Prefeitura de repente tomar o plano de revitalização com mais seriedade, ele poderá ser salvo. Senão... nem quero pensar. Quanto à foto, v. fala da mesma de que eu falo? Se for, ela não é de 1914, pois foi publicada em 1912...

    ResponderExcluir