sexta-feira, 7 de maio de 2010

KASSAB DELIRA

A nova avenida sobre os trilhos da CPTM não lembraria certamente os projetos do metrô da Light de 1927

Saiu hoje em todos os jornais a "nova" idéia do prefeito Kassab: demolir o Minhocão. Nada de diferente do que quase todos os prefeitos de São Paulo que vieram depois do seu construtor (Paulo Maluf - foi ele quem fez!) propuseram.

Ok. Vá lá. Mas o que ele propõe em troca? Demole o Minhocão e fica o eixo Amaral Gurgel-São João-Olímpio da Silveira com todos os semáforos existentes para escoar o tráfego? Certamente não dá, até ele concorda com isso. O que ele apresenta para aliviar a demolição é a construção de uma avenida expressa no lugar da linha de trem entre as estações do Brás e da Lapa. E a linha? Ah, essa seria rebaixada e "canalizada", como é o metrô e como o foram diversos córregos da Capital de São Paulo nos últimos cem anos.

Legal. Agora, no entanto, vamos aos problemas: primeiro, não foi ele quem há uns três-quatro dias atrás disse que a cidade não tem como pagar a dívida com o governo federal? Como ele pagará essa nova obra, certamente caríssima?

Segundo: onde será construída a linha para passarem os cargueiros que continuam a cruzar São Paulo conduzidos pela MRS e ALL? Junto com a linha subterrânea? Convenhamos, é um túnel muito longo para ser transitado pelos fumarentos trens diesel. Além do mais, uma terceira linha (ou quinta, se considerarmos que já existem ao menos quatro linhas herdadas da Santos-Jundiaí e da Sorocabana, pois eram linhas duplas - não há como reduzir linhas, com o movimentadíssimo sistema de metropolitanos de São Paulo). Então, há de se construir o ferroanel no seu tramo norte, que tem o mesmo problema do rodoanel na região: ecologistas que implicam com a mata da Cantareira.

Terceiro: sempre que obras desse porte são feitas em países que têm dinheiro e são governados não por impulsos, elas são feitas em tempo relativamente curtos: não se perdem anos com autorizações deste e daquele órgão nem com liminares impostas pela Justiça porque alguém está roubando ou por algum cosntrutor que não se conforma de perder a licitação.

Quarto: se a ferrovia vai ser rebaixada (tunelizada), ela precisará ser construída primeiro, para depois se remover os trilhos de cima e fazer a avenida (ah, como prefeitos adoram avenidas!). No duro, no duro mesmo, os prefeitos jogariam a linha para longe e que se ferrasse a CPTM e seus usuários.

Quinto: o enorme pátio da Barra Funda, feito para se unir as linhas da Sorocabana/Fepasa, Santos-Jundiaí/RFFSA (depois unidas na CPTM), Metrô e trens de passageiros de longa distância (estes de saudosa memória para os passageiros, não para os retrógrados governantes) vai para onde? Segundo o prefeito, para a Lapa. E aí? Todo o investimento vai virar sucata? As oficinas da Lapa terão de ceder seu lugar para este novo pátio, pois seria o único local disponível num local saturado.

Vejam o custo de tudo isso somente para se demolir o Minhocão por que ele é feio. Sim, ele é horrível, deteriorou mesmo as ruas por onde passa. Mas é um escoadouro que funciona, guardados os limites do tráfego paulistano. Deixe-o lá mesmo. Ou faça o seguinte: os investidores que ganhariam uma fortuna com a liberação de mais uma área para ser recuperada (veja-se Cracolândia, Itaquera, margens ferroviárias e mais outras eventuais citadas há pouco tempo pelo nosso imaginativo alcaide) é que devem pagar por todas as reformas. A prefeitura apenas supervisiona. Aí sim.

Finalmente, a pergunta: qual será a nova ideia do Kassab quando ele acordar? Devolver a terra para os Tupinambás? Será que eles querem?

11 comentários:

  1. Olá Ralph Giesbrecht,seu comentário é totalmente correto. Sem o Ferroanel a ser construido em toda a sua extensão, "enterrar" os trilhos entre a Lapa e Barra Funda é demência total, para não dizer incompetência sem limites. Ou o prefeito vai proibir a circulação dos trens que transportam minérios de bauxita? A Companhia Brasileira de Alumínio vai fechar a fábrica ou a prefeitura de São Paulo vai "bancar" a mudança da indústria? Ou será que vai reativar as locomotivas elétricas? A SBPF tem uma V8 guardada. Mas não se preocupe: isso é factóide de época de eleições. Afinal, o prefeito de São Paulo precisa apagar a imagem de péssimo administrador que está sendo. Por isso, lançou uma idéia estapafúrdia como essa, com a finalidade de gerar discussões. Demolir o minhocão? Escuto essa papagaiada dos prefeitos de São Paulo à muito tempo. Como vão derrubar se nem dinheito têm para limpar as pilastras pixadas ou as calçadas sujas pelo pessoal que dormem nas mesmas? A área do minhocão seria muito melhor se a prefeitura recolhesse com mais frequência o lixo acumulado debaixo das pilastras. Quer apostar que logo após as eleições, o assunto vai ser esquecido, como sempre foi? É só esperar.

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  2. Serra ao assumir a prefeitura há 6 anos também jogou essa notícia, da demolição do elevado. É meio impensável essa demolição. O tráfego Leste-Oeste é absurdo, e a eliminação dessa via geraria um caos urbano por um tempo excessivo, levando as neurosos do trânsito a níveis de problema de saúde pública, o que já é. Bem disse o missivista anterior: que tal investir 1% (meros UM POR CENTO) dessa grana no oferecimento de serviços de infraestrutura CLASSE A para a região? Super limpeza pública, super segurança, super requalificação dos baixos do minhocão. E os outros 99%, INVESTIR EM METRÔ. São Paulo precisa com urgência de novos 200 km de metrô, para melhorar a sua saúde público, porque trânsito é problema de saúde pública. Abraços!

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  3. Bem, hoje, sábado, o Estadão publicou uma matéria dando custos para as mudanças. É simplesmente absurdo, como eu imaginava. Fora que haverá custos adicionais impossíveis de serem calculados neste momento. Há coisas muito mais importantes na cidade, como, por exemplo, limpá-la!

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  4. Olá ralph, concordo plenamente com seu comentário, e analisando bem já que o inconveniente do minhocão é o incomodo aos moradores que reclamam da poluição e do barulho, visto que suas casas estão ao nível do tráfego,obra louca por obra louca, seria mais barato então demolir os prédios e re-urbanizar o seu entorno.

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  5. Adalberto, realmente doido por doido, também poderia ser. O mais certo, creio, seria manter ao minhocão e dar incentivos aos prédios para colocaram janelas anti-ruído. Isto diminuiria muito o incômodo. Quanto à temperatura por não abrir a janela para não entrar poeira, não tem jeito, mas, na verdade, isso não é consequência do Minhocão - o trânsito existiria de qualquer jeito. Ponha ar-condicionado, se tiver dinheiro para mante-lo. Não dá para se ter tudo na vida. Quem mora lá ou não tem dinheiro para se mudar ou não quer mudar. Então há que adaptar-se. Quem podia já mudou de lá.

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  6. Vale lembrar que, mesmo com o Minhocão, a ligação Leste-Oeste é sem dúvida o maior gargalo de São Paulo.

    Quando vou da Lapa à Bela Vista todos os dias no horário do rush (sim, pela primeira vez na vida tenho de usar o carro na hora do rush, por causa da escolinha do meu filho de um ano e meio), no começo eu buscava qual a melhor alternativa para cruzar a Consolação — em qualquer ponto. Há pouquíssimas alternativas para cruzar a Consolação de Oeste a Leste, a saber: pela Doutor Arnaldo, pela Sergipe, pelo Minhocão e pela São Luiz. A São Luiz foi minha alternativa, e não me arrependo, pois, apesar de eu ter de dar uma grande volta (pelas avenidas Rudge, Rio Branco e Ipiranga), vale a pena pelo tempo, pois a São Luiz é a única das quatro "passagens Oeste Leste" que não concentra as saídas para a Zona Leste, saturadas há muito tempo.

    Se tirarem o Minhocão, a passagem Oeste-Leste provavelmente continuará existindo, mas, sem a passagem livre por sobre o elevado, a Amaral Gurgel, já mais do que saturada, ficará insuportável.

    Isso provavelmente não me afetaria, pois o cruzamento pela São Luiz não dá acesso à Zona Leste, e não valeria a pena para quem tem essa região como destino, por causa da volta inicial e da volta em seguida para acessar o Parque Dom Pedro (talvez pela Tabatinguera?), pegando todo o trânsito central e chegando mais uma vez ao gargalo da entrada da Radial Leste.

    Se querem concentrar os investimentos em obras viárias, que tentem arrumar mais saídas para a Zona Leste, que tem apenas três principais (Marginal Tietê, Radial Leste e Viaduto Grande São Paulo). Mas é claro que a melhor alternativa seria ampliar as linhas de metrô que servem a Zona Leste. E ampliar bastante, pois há demanda. Na "Zona Leste da Zona Leste" ainda há centenas de milhares (ou seriam milhões?) de pessoas que têm de tomar ônibus, às vezes mais de um, apenas para chegar a uma estação de metrô ou da CPTM. E ainda são tratadas como sardinhas em lata.

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  7. Ralph,

    A sua idéia de dar incentivo aos prédios para colocar janelas anti-ruído é bem interessante. Quem sabe um incentivo maior, que permitisse também a reforma das fachadas, valorizando os imóveis. Se o custo fosse o mesmo de demolir o minhocão já seria vantagem, pois se manteria a ligação leste-oeste com um entorno visualmente mais agradável.

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  8. Falam muito do Minhocão.Aqui no Rio tem duas coisas parecidas:o Elevado da Perimetral,na Portuária e o da Paulo de Frontin,no Rio Comprido!
    São duas coisas horrendas feitas para melhorar o trânsito,porém,a Perimetral acabou de matar a Zona Portuária,que agora vê espectativa de ser revitalizada,com a provável ou duvidosa demolição da Perimetral!Pode ser eleitoreiro,pois fala-se muito da feiúra de tal elevado,que também corta a turística e histórica Praça XV!
    Já quanto ao Paulo de Frontin,que acabou com o Rio Comprido,nada se fala!Eu vi uma foto bem antiga do bairro,na via onde foi construída tal aberração,e era lindo!

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  9. O missivista anterior citou o elevado Paulo de Frontin... Não foi ele que desabou, acho que durante a construção, matando algumas pessoas, na década de 70? Lembro das capas sensacionalistas dos jornais (ao menos me "sensacionaram" na época...). Abraços.

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  10. Sim, foi esse elevado que desabou. A coisa foi feia. Creio que foi em 1971

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  11. Luiz Carlos disse

    Realmente nunca vai sair do papel esse projeto de substituição do minhocão. Mas seria menos fantasioso se a opção fosse colocar os trens não em tuneis fechados mas em trincheiras
    (abertas) diminuindo assim os custos. A tal av. de 13 kms no sentido oeste/leste poderia ser construida nas 2 laterais da trincheira.
    Uma para cada lado.Como existe em inumeras cidades da Europa e inclusive em NY nas linhas de trem que demandam Connecticut.

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