quarta-feira, 25 de março de 2009

AVENIDA MORUMBI: PASSADO E PRESENTE








Uma das coisas que mais me agrada é comparar uma foto antiga com uma atual do mesmo lugar. A antiga muitas vezes retrata a calma que existia – a nova, principalmente numa cena urbana, retrata o caos em que tudo se tornou.

Não faz muito tempo que descobri estas duas fotografias (logicamente, neste caso estou falando das fotos preto-e-branco) tiradas de uma pequena casa, na então Estrada do Morumbi. Para quem conhece São Paulo, ela fica ao lado do Portão da Fazenda, que, milagrosamente, teve seus dois pilares conservados até hoje. A própria Casa da Fazenda escapou. E escapou também essa casinha que fica do outro lado da hoje avenida Morumbi em relação à casa-sede da fazenda.

O fotógrafo provável destas cenas, de 1950, foi meu pai. Minha mãe e sua irmã aparecem na foto, além da cabeça da amiga de minha irmã, que teve menos sorte: só lhe aparecem os cabelos louros, à esquerda da amiga. Dali se via a paisagem dos bairros do outro lado do rio Pinheiros: o que se vê ao fundo é o Brooklyn Velho. Nas fotos de hoje, tiradas por mim (na verdade, tirei-as há dois anos atrás), tentei pegar o mesmo ângulo. Da casa sozinha até deu. Já da casa com o portão da fazenda, de jeito nenhum. Já construíram uma outra casa com muros e tudo junto a ela, tirando a visão do fundo. O asfalto também chegou e a estrada virou avenida – se bem que não tão larga assim, a avenida Morumbi continua até hoje com pista única, sem canteiro central e com duas mãos de direção. Como toda boa ex-estrada, corcoveia pelo alto do Morumbi desde o seu começo, na avenida Francisco Morato, no Butantã, até a baixada da ponte do Morumbi sobre o rio Pinheiros, continuando até terminar na avenida Santo Amaro já no Brooklyn Novo.

Na verdade, até eu me recordo do trecho da subida da avenida Morumbi (para quem vem da Cidade Jardim) no início dos anos 1970, quando ainda se podia ver a cidade dali. Diversos carros ali paravam sobre a calçada (que, aliás, ainda nem existia) em 45 graus para apreciar a vista e com casais dentro namorando. Não havia bandidos, era seguro. Antes dos bandidos, porém, surgiram os donos dos terrenos para neles construir, expulsando os namorados noturnos.

Hoje, como se pode ver em uma das fotografias, nem é possível mais se fotografar num ângulo decente a posição da casa além do pilar do portão. A avenida tem pontos de congestionamento durante partes do dia e, da velha ponte em arco de concreto que cruzava o rio Pinheiros, somente sobrou ela própria – sem qualquer acesso, meio que escondida no meio das outras duas pontes que ali foram construídas, uma nos anos 1970 e outra nos anos 1990. Não tem mais função.

6 comentários:

  1. Agradeço muito por ter postado esse blog. Sempre quis saber o que eram aqueles pilares e não encontrava nenhuma referência. Agora eu sei e também ADORO comparar fotos antigas com as atuais. Muito obrigada.

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  2. Agradeço muito por ter postado esse blog. Sempre quis saber o que eram aqueles pilares e não encontrava nenhuma referência. Agora eu sei e também ADORO comparar fotos antigas com as atuais. Muito obrigada.

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  3. Em 24.07.66, na página 15, o Estadão trazia um anúncio sobre o asfaltamento das ruas da Cidade Jardim.
    Não tem nada a ver com as fotos mas também mostra a transformação da região do Morumbi:
    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19660724-27996-nac-0015-999-15-not

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  4. Muito bom, principalmente pela reportagem sobre o incendio na rua São Bento, que mostra que em 1966 o predio Barão de Iguassu (o terceiro), que abrigava o Unibanco e depois o Itau (hoje está fechado e vai ser - ou já está passando - por reformas), já estava pronto (eu achava que isso teria acontecido pouco depois de 1966). E o incendio do pobre palacete foi, certamente, conveniente para muita gente. que pena, belo predio.

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    1. Não é o prédio onde funciona a Lojas Marisa?

      2. Você reparou que no mapa da Cidade Jardim ainda aparece o antigo leito do rio Pinheiros?

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    2. Você está falando do Barão de Iguape, onde funcionou o Unibanco e o Moreira Salles. É verdade. Quando houve o famoso assalto do Banco Moreira Salles, em 27.01.1965, ele já estava lá.

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