terça-feira, 17 de março de 2009

SÓ SE FALA EM VLT, MAS...

Como se fala em VLTs neste País nos últimos anos. Sim, VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, ou bonde, se preferirem. Nos filmes que se passam nas grandes cidades da Europa, é muito comum vê-los, parecem um bonde moderninho, mas com mais de um carro, andando sobre trilhos no meio da rua ou em canteiros centrais ou laterais de avenidas. Aquele bonde que cada vez menos gente conhece por aqui, pois os últimos deixaram de correr há anos aqui em São Paulo, mais precisamente em Santos. Eu andei de bonde! Como estou velho. Andei no centro da cidade, na rua Domingos de Morais, na rua da Consolação, na avenida Paulista. Andei também nos bondes de Santos. Sim, dirão outros, ainda há bondes em Santa Tereza (no Rio), em Campos do Jordão e no centro velho de Santos – estes, há alguns anos, são turísticos e funcionam somente nos fins de semana. Foram reativados depois de 30 anos em coma.

Aos poucos, foi-se criando a sigla VLT. Chegaram a construir e fazer funcionar uma linha, em Campinas, onde os VLTS, usando o leito da antiga Sorocabana, ridaram entre 1991 e 1995, mais ou menos. Aí acabaram com eles – ninguém sabe muito bem por que, mas acabaram. As paradas estão, algumas delas, até hoje mofando por lá. Tentaram, pouco antes, fazer um no Rio de Janeiro, mas ele acabou virando a linha 2 do metrô de lá – muito tempo depois. De repente, começou-se, com a virada dos anos 2000, a descobrir os VLTs. Fala-se muito deles na imprensa, apresentam-se projetos, etc., mas não saiu nada até agora. Com idas e voltas, citam-se futuros VLTs em Santos e São Vicente, a sua volta em Campinas, sua implantação em Mogi das Cruzes, na Capital (entre o Jabaquara e Congonhas), em São Bernardo do Campo, no Recife, em Arapiraca (sim, no interior de Alagoas!) e um ligando o Juazeiro ao Crato, no sul do Ceará, em pleno Cariri. Pasmem, o mais adiantado é este último, em fase de testes – mas não acreditem que por causa disto ele necessariamente sairá. Ele rodará sobre a linha abandonada da falecida Rede de Viação Cearense, naquele trecho implantada em 1926. Dos outros, só se fala, mas de concreto, até agora, nada.

Lembrei-me hoje dos VLTs ao ler que mais uma cidade está atrás dele e tem dificuldade para desapropriar a feira do Rato, aquela que é montada sobre as linhas do trem da CBTU que liga Maceió a Lourenço de Albuquerque, em Rio Largo, linha que existe há 125 anos. Agora, eles vão substituí-la por VLTs. Está atrasado – como sói acontecer em projetos no Brasil. O trem ainda corre. Porém, aqui, como em Mogi das Cruzes, corremos o risco de extinguirem o trem de subúrbio centenário e de nunca implantarem o – como se chama mesmo? – Veículo Leve sobre Trilhos. Abaixo, trechos da notícia que li sobre ele:

16/03/2009 - Primeira Edição

(...) Inicialmente, a CBTU espera concluir as obras do VLT de Maceió em 2010, sem precisar a data. No total, estão previstos 36 km de linhas - 32 km substituirão a linha de trem que já existe.

Com recursos na ordem de R$ 150 milhões já autorizados pelo governo federal, a desocupação da folclórica Feira do Rato, também chamada de Feira do Passarinho, é o principal empecilho para que o projeto tenha andamento. O local foi sendo invadido ao longo de décadas de forma irregular e não-planejada. O trecho ocupado por feirantes às margens dos trilhos é de quase um quilômetro.

A licitação estava planejada para janeiro deste ano, mas como o processo de retirada não começou, ela foi adiada. O primeiro prazo anunciado para realocação dos barracos e das barracas da área da feira era 28 de fevereiro. Por ainda estar longe de ser cumprido, a CBTU cobrou explicações sobre o atraso na retirada dos feirantes. (...) "Essa é a única pendência para que o VLT seja implantado, e há o risco do dinheiro destinado ao projeto ser remanejado", afirmou Magalhães. Segundo a CBTU, para não perder o dinheiro, a prefeitura deve remover os feirantes de forma imediata, sem novo prazo. (...)
Não é chegar e passar a máquina por cima e derrubar tudo" (...) A prefeitura espera que os primeiros setores sejam remanejados em até 30 dias.

Ronalsa estima que em sete meses o local estará totalmente desocupado e diz preocupar-se com a possibilidade de o município perder o projeto por não conseguir atender às exigências da CBTU. "Estamos esperando o projeto final para a área da Ceasa, e isso depende de o Estado entregar. Mas tenho certeza de que até o fim do ano estaremos com tudo livre. Assim que começarmos com a remoção, a CBTU vai dar início à licitação", diz Ronalsa. (...)

Hoje, o trem interliga um trajeto de 32 quilômetros de pouca sinalização. Por onde passa, o apito do maquinista é o único meio de informação para que carros e pedestres saibam que o trem se aproxima. Não há cancelas ou sinais sonoros nos cruzamentos, o que já acarretou dezenas de acidentes no percurso, envolvendo principalmente veículos.

O preço da passagem é subsidiado e cada percurso custa R$ 0,50. "Hoje, a CBTU transporta em torno de 6.500 pessoas por dia. Quando o VLT estiver circulando, a expectativa é transportar cerca de 40 mil usuários", conta Elionaldo Magalhães.

Embora circule nos trilhos, o VLT seguirá algumas normas bem comuns aos motoristas. "Diferentemente dos trens, os VLTs param em semáforos e são obrigados a dar a preferência quando necessário. Eles também atendem um número maior de pessoas", explica o presidente da CBTU.

Os VLTs de Maceió serão movidos a diesel e climatizados e vão atingir velocidade máxima de 80 km/h. Oito composições serão compradas, formando quatro carros, mais uma reserva. O valor total dos veículos é de R$ 96 milhões. (...)

Um comentário:

  1. Conheces algum mapa das ferrovias brasileiras, incluindo as bitolas (estreita e larga)? Meu email é alfredosolos@yahoo.com.br

    abraços e obrigado Alfredo dAvila

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