Folha da Manhã (hoje Folha de S. Paulo), 27/7/1957
Em novembro de 1927, a Southern São Paulo Railway (SSPR), ferrovia inglesa que começou a operar em 1913 ligando Santos a Itanhaém (em 1915 chegou a Juquiá, seu ponto terminal), foi comprada pelo governo do Estado de São Paulo, que a incorporou à E. F. Sorocabana.
Nessa época, era uma ferrovia isolada: ligava o porto de Santos a Juquiá, no vale do Ribeira, mas não tinha ligação com qualquer outra ferrovia paulista. Nem com a São Paulo Railway (depois E. F. Santos a Jundiaí), via porto, pois tinham bitolas diferentes. A ferrovia começava numa estação no porto de Santos denominada Estuário, passava pela estação de Ana Costa (aquele junto à avenida do mesmo nome, em Santos) e daí seguia literal sul afora, em boa parte com vista para o mar.
A Sorocabana começou quatro anos depois a construir a ligação Santos-Mairinque, que somente ficaria pronta em 1937 e que incorporaria parte da linha da antiga SSPR entre o distrito vicentino de Samaritá, onde construíram um entroncamento para as duas linhas, e Santos. A partir daí, se um paulistano quisesse ir a Santos pela Sorocabana, podia tomar o trem na estação de São Paulo (a que a partir de 1951 se chamaria Julio Prestes), baldear em Mairinque e dali seguir para Ana Costa. Era muito longe, não valia a pena.
Por volta de 1950, a Sorocabana, aproveitando a retificação do rio Pinheiros em São Paulo, construiu uma ligação entre o km 11 (pouco acima da atual estação de Imperatriz Leopoldina) e a estação de Evangelista de Souza, na Mairinque-Santos, de forma a que se pudesse de São Paulo alcançar Santos de forma mais curta e rápida.
O empreendimento deu tão certo que as cargas e passageiros que se utilizaram do trecho Mairinque-Evangelista de 1938 a 1957 diminuíram tanto, que se pensou em erradicar esse trecho, ainda tão novo. Por sorte, houve algum cérebro encantado que conseguiu sacá-la da lista das "condenadas" nos anos 1960.
A linha tornou-se totalmente operativa de Julio Prestes a Evangelista em agosto de 1957. Porém, já em 19 julho desse ano, antes mesmo da inauguração oficial das estações e da linha entre Jurubatuba e Evangelista, deu-se a primeira viagem experimental de um trem de passageiros entre São Paulo e Itanhaém. Eram, segundo a reportagem da época, 3 horas de viagem com 200 passageiros na composição.
O Ouro Branco na estação de Julio Prestes, sem data - autor desconhecido. O nome era uma homenagem ao algodão, uma das cargas mais transportadas pela Sorocabana (assim como o Ouro Verde, composição da mesma ferrovia, que homenageava o café).
A partir de 5 de outubro desse mesmo ano, a composição Ouro Branco, que trafegou nos anos 1940 e 1950 (com interrupções) entre São Paulo e Botucatu, passou a atender à linha São Paulo-Santos e São Paulo-Peruíbe.
Pela primeira vez, Itanhaém, cidade mais antiga que a capital paulista, estava ligada a esta por um trem de passageiros. E assim foi por 1940, quando cérebros pífios cancelaram o trem de passageiros na baixada.
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