Conversa de hoje por e-mail entre meu amigo Mario e eu, com algumas ponderações do Adriano, sobre as notícias de possíveis retiradas de trilhos na pequena cidade (70 mil habitantes) de Lençóis Paulista, região de Bauru. Inicialmente, transcrevo a matéria de jornal que engatilhou a discussão:
O trabalho também considera aspectos de engenharia, socioeconômicos e ambientais que serão necessários para a execução do projeto. O custo inicial do estudo é de R$ 500 mil. O contorno ferroviário é uma obra de infraestrutura pública que deve ser pleiteada pelas prefeituras junto ao Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT). As obras são executadas com recursos do governo federal e a ALL – concessionária responsável pelo serviço de transporte de cargas – realiza uma consultoria técnica no projeto para assegurar a segurança e a produtividade da operação ferroviária.
O contorno ferroviário oferece uma série de benefícios, com a circulação fora do trecho urbano, é possível reduzir problemas como barulho das buzinas e interrupção do tráfego de veículos em passagem de nível. A realização do estudo é resultado da parceria entre a ALL, Triunfo e Vetorial – a Vetria Mineração – que irá atuar na extração, transporte e comercialização de minério de ferro de Corumbá (MS) via terminal portuário próprio em Santos (SP)." (final do artigo)
Um lugar que a ferrovia é praticamente um sinônimo que fez a cidade crescer muito no mapa e das poucas que já foram servidas por três ferrovias, sendo que uma iniciava na cidade. Agora quer simplesmente esquecer seu passado e perde a oportunidade de usar a malha ferroviária já existente para o transporte coletivo, com possibilidade de estender para a região, uma vez que boa parte dessa malha nem mais será utilizada se os novos trilhos circundarem a cidade. O pior de tudo é que o caso de Bauru não é isolado...
Uma análise global é feita nesse sentido? (quanto se gasta mais em x anos, mantendo a linha atual e construindo a linha nova - incluindo, naturalmente, o custo da abertura da linha nova). Pode até ser vantajoso, mas como o estudo não é feito, nunca vão saber. Enfim, é isso aí. Planejamento de infraestrutura no Brasil é coisa que não existe. Particularmente, creio que houve um tempo em que existia muito mais do que hoje e o país tinha muito menos gente.
Fora que: o ramal de Bauru foi retificado em 1966. Só que as retificações foram sempre entre as estações. Nenhuma das estações, mesmo as pequenas, teve o local alterado. Isso provavelmente foi feito para evitar grandes desapropriações e também por causa da topografia dentro das cidades por onde passa a linha. Os trens de passageiros acabaram na linha em 1976. As plataformas das estações do ramal foram arrebentadas recentemente para que os trens pudessem passar, e sem autorização dos donos - inventariança da RFFSA. Nota: claro que ninguém se importa com velhas estações abandonadas (e nem com as conservadas) e com a inventariança da RFFSA, que daqui a pouco acaba por falta de bens, não por terem sido vendidos, mas sim roubados e destruídos.
Finalmente, é interessante notar a matéria que originou a discussão e ver que aquela história de "com a circulação fora do trecho urbano, é possível reduzir problemas como barulho das buzinas e interrupção do tráfego de veículos em passagem de nível". Gente que ouve falar e escreve, sem analisar realmente se, numa cidade do porte de Lençóis, isso afeta grande coisa. Afinal, até hoje a ferrovia está praticamente no limite urbano da cidade.
Ralph : Sempre acham um pretexto para que os trilhos sejam erradicados para que no local sejam implantados no local a péssima cultura do "asfalto e pneus" . Este filme é parecido com o quê ocorreu aqui em São Paulo com a extensa malha de Bondes no final da década de 60 , com a desculpa de implantar uma extensa malha Metroviária que apesar dos pesares é pequena e a mais lotada do mundo e se não for será .......coitado de nós habitantes Paulistanos...
ResponderExcluirSei que cidades crescem e continuaram crescendo.É erradicado o passado ( extremamente importante em termos culturais e identidade histórica ), implantam o novo e o problema persiste.......Abraços: Fábio Tranquelin.
mera especulação quero vem onde na regiao de bauru vao encontrar de novo 4 linhas vindo de quatro direçoes diferentes pode ate sair mas vai ficar caro muito caro.
ResponderExcluirapartir de lençois ate toledo praticamente existem obras de retificaçao iniciadas pela fepasa a mais de 20 anos e nunca concluidas creio que estas ares ainda pertençao ao governo federal e isso como fica? lençois tem 2 duas passages de nivel a linha passa na margem da cidade o que justifica este contorno? so pode ser mesmo a all querendo viabilizar o trecho para transporte do minerio da vetria sem muito investimento dela pois o trecho lençois toledo e praticamente inviavel ao transporte de minerio grande fluxo
Putz! Não acredito que querem retirar os trilhos de Bauru! Isso é um 'sacrilégio' com a memória da ferrovia e da própria cidade de Bauru. Existem cidades nos paises da Europa que tem patios muito maiores que os de Bauru e nem por isso atrapalham, a diferença é que são bem estruturados aprentemente. Não sou contra o progresso mas pra mim é um absurdo. Deveriam é pensar em trazer os trens de passageiros de volta e fazer melhorias nas ferrovias. Lastimável! Lamentavel! Estou indignado!
ResponderExcluirEndosso as palavras do Garcia. Construir o Futuro sim mais destruir um passado glorioso é BURRICE!!!!!!!!!!!!!!! Quantas cidades que são históricas mas perderam sua identidade no Brasil : Varias.............
ExcluirBauru tranquilamente comporta um trem regional, ou VLT, melhor ainda, dentro da cidade e esticando pelo menos até Lençois e Alfredo Giedes, passando por Agudos, com pequenas modificações na linha atual. Aí, podem fazer a linha cargueira por fora da cidade e gastar o dinheiro que quiserem. A coisa é manter o que já existe, dando utilidade a ele. A cegueira administrativa no Brasil é muito grande. Pensa-se com o bolso e não com a massa encefálica.
ResponderExcluirContorno em Bauru, isso não vai sair nunca, o relevo da cidade é acidentado, não permite uma obra dessas.
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