Linhas em Guaxupé - para o sudoeste, no sentido de Casa Branca. Para o oeste, no sentido São Sebastião do Paraíso e Passos. Para o nordeste, Biguatinga. Para o leste, Jureia e Rede Sul-Mineira (IBGE).
A estação de Guaxupé era um dos maiores entroncamentos da Mogiana. Hoje não possui mais linha alguma. Eram quatro linhas: o ramal de Guaxupé, que vinha de Casa Branca, o ramal de Passos, que ia até a cidade de Passos, depois de entroncar em São Sebastião do Paraíso com a E. F. São Paulo-Minas, o ramal de Juréia, ex-Tuiuti, que entroncava com a V. F. do Sapucaí, que mais tarde se tornou Rede Mineira de Viação e seguia até Soledade de Minas (e dali a Barra do Piraí) e o ramal de Biguatinga, este, curtinho. Todas essas linhas era dos anos 1900 e 1910.
Os mapas, dos anos 1970 e atual (um Wikimapia com a "recolocação" dos trilhos em pontilhado) mostram o que foi e o que poderia ser hoje em dia se houvessem mantido as linhas. Pode-se também ver a continuação do ramal de Jureia, que, no mapa mais antigo, é apresentado até a cidade de Muzambinho. Curvas enormes que talvez se justificassem na época de sua construção em 1912/3 com a quantidade da café muito grande da região, mas que, nos anos 1950/60 já eram um fator de encarecimento e demora nos transportes. Nada que uma obra de retificação com túneis e viadutos não pudesse resolver. Bastava querer.
A linha para Jureia. Notar duas grandes curvas que encompridavam demais o caminho, em Moçambo e em Muzambinho (IBGE).
Na época, devem ter dado muito dinheiro para a Mogiana. Havia muito café por ali que era recolhido por essas linhas e de Guaxupé seguiam para Casa Branca e depois, Santos. O ramal foi muito afetado pela crise do café a partir de 1929. Em 1932, com a Revolução Constitucionalista, logo no início da rebelião, a Rede Sul-Mineira, antecessora da Rede Mineira de Viação, literalmente confiscou as linhas em território mineiro. Com o final da luta no início de outubro do mesmo ano, a Rede devolveu, depois de cerca de um mês do final dos combates e com muita relutância, os ramais para a Mogiana. O que a empresa campineira recebeu de volta foram três ramais em frangalhos, estações destruídas, cargas confiscadas, material rodante bastante danificado e nenhuma indenização.
A partir daí, as linhas que saíam de Guaxupé para território mineiro passaram a dar prejuízos constantes. No início dos anos 1960, o ramal mais curto, já muito deficitário, foi fechado. Em 1966, foi a vez do trecho Guaxupé-Jureia, que se foi juntamente com o trecho da RMV que era sua continuação, entre Jureia e Varginha. O motivo real, no entanto, foi a queda das cargas cafeeiras no trecho da Mogiana, que carregava café no sentido contrário ao ramal da RMV, ou seja, para Santos.
Wikimapia e as quatro antigas linhas tracejadas sobre seus antigos leitos.
O trecho Guaxupé-São Sebastião do Paraíso ainda se manteve até 1976. Sua continuação, a partir daí, passou a ser uma extensão do trecho da antiga E. F. São Paulo-Minas e não durou muito. Suas cargas praticamenta acabaram nos anos 1980. Os trilhos foram retirados nos anos 1990. Já o trecho que ligava todos esses ramais com Casa Branca foi extinto nesta mesma época. Guaxupé já nem mais ponta de linha seria e acabaria sem trilhos.
A "aranha" de linhas que partia de Guaxupé, no entanto, daria um excelente leito para um trem de subúrbios para a cidade em si. Naturalmente, não se pensou nisto. Eram quatro linhas, cada uma partindo para uma direção. A ligação com São José do Rio Pardo e Casa Branca também. Porém, como sempre, nada de alternativa ferroviária para o já monopólio rodoviário. Nem pensar. Os maus serviços prestados no "final dos tempos" foram propositais, sem nenhum plano para melhoria do transporte público na região.
domingo, 2 de junho de 2013
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