sexta-feira, 21 de junho de 2013

FIFA GO HOME!

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 Campeonato Brasileiro de Seleções, 1922 - bons tempos?
Eu passei a gostar de futebol durante a Copa do Mundo de 1962 no Chile. Eu tinha 10 anos de idade. Via o pessoal andando nas ruas com um radinho de pilhas na mão e junto do ouvido, ouvindo a transmissão do jogo. Lembro-me disso especialmente no jogo contra a Inglaterra. Eu quis então ouvir o jogo seguinte, contra o Chile. O Brasil ganhou com um show do Garrincha. No jogo seguinte, a final contra a Tcheco-Eslováquia (meu Deus, estou velho, esse país nem existe mais!), outro show do Garrincha e do Amarildo e o Brasil foi campeão.

O Brasil tinha um timaço e eram praticamente os mesmos de 1958, quando deram um show de bola em seis times europeus. Eu não a acompanhei, eu tinha apenas seis anos. Porém, em 1962, depois de me tornar da noite para o dia um viciado em futebol, li tudo que pude sobre a Copa anterior. Nela, o último jogo das oitavas-de-final, contra a Russia (na verdade, a CCCP ou URSS, abreviaturas em russo e em português da União Soviética), virou lenda.

O que acham de um jogo de um time brasileiro com jogadores que os europeus não tinham a mesma ideia de quem fosse, como Vavá, Garrincha e Pelé, dar um vareio de bola naquela que era considerada a melhor seleção do mundo - a URSS, campeã da Europa dois anos antes? Com dois minutos do primeiro tempo, o Brasil ganhava de 1 a 0, depois de mandar duas bolas na trave e de o lateral russo levar dribles desconcertantes do desconhecido Mané Garrincha e de Pelé deixar tontos seus marcadores? O jogo terminou dois a zero e somente não foi mais porque os brasileiros se desinteressaram do jogo perante um adversário tão fraco (sério!).

Eu virei um fanático por futebol e acompanhava o Campeonato Paulista, então o melhor campeonato do País, depois de ver, logo depois da Copa, o Santos de Pelé e Coutinho - este era muito bom - despachar o forte Peñarol uruguaio de Pedro Rocha por 3 a 0 no tira-teima da final da Libertadores em Buenos Aires. O Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, ganhou o Paulista também pela terceira vez seguida em 1962. E já tinha vencido o torneio Rio-São Paulo, antes da Copa. O Rio-São Paulo, sempre com dez times, foi o embrião do atual Campeonato Nacional. Os mineiros e gaúchos que me perdoem, mas nessa época não eram ameaça a ninguém e nem participavam de um campeonato forte como o Rio-São Paulo.

Tenho inúmeras histórias para contar sobre o futebol do fim dos anos 1950 e dos anos 1960. Jogos que empolgavam com jogadores que realmente gostavam dos times em que jogavam e não ganhavam essa baba de hoje que os faz serem praticamente mercenários. Jogos como Santos, 7 x Palmeiras, 6, São Paulo, 4 x Santos, 1, Palmeiras, 5 x Seleção Hungara, 3, no Pacaembu quando o fortíssimo Palmeiras de 1965 (a "Academia") não tinha medo de ninguém.

Ainda vi a Copa de 1970, sensacional. Ver jogadores como Pelé, Rivelino, Gerson, Jairzinho, no auge de sua forma, jogando como nnca foi um privilégio. A partir daí, o futebol começou a declinar. Muita retranca, que contaminou a Seleção e jogadores começando a deixar o País em massa para jogarem na Europa. Os campeonatos estaduais perderam força quando o Campeonato Brasileiro começou a existir no início dos anos 1970. Mesmo assim, ainda me interessava em ver a Seleção - fato que foi diminuindo à medida que os técnicos começaram a chamar somente jogadores que atuavam fora, desprestigiando quem jogava aqui.

A convocação dos jogadores,, que era uma festa nos anos 1960 e 1970, começou a perder prestígio à medida em que técnicos medíocres e arrogantes passavam a chamar jogadores desconhecidos. Nos anos 1990 e principalmente 2000, a situação somente piorou. Como resposta, os jogos passaram a ser aborrecidos a partir dos anos 1990 - mesmo com as três finais que o Brasil chegou em três Copas seguidas (1994, 1998 e 2002). Hoje, com técnicos que convocam jogadores razoáveis em prejuízo de muita gente boa e pondo-os para jogar em posições a que não estão acostumados nos times em que jogam, além de não terem tempo para treinamentos, os amistosos e torneios de que a seleção pariticipam não me atraem mais.

Hoje, eu acho sinceramente que a Copa no Brasil foi um erro. Com ela, veio a Copa das Confederações, neste ano de 2013. Por coincidência ou não, o povo se revolta neste instante contra tudo e contra todos - e têm razão para reclamar de tudo. Como a tal Copa está aqui e os jogos vão acontecendo, é normal que o mundo preste um pouco mais de atenção para o país. E com o povo nas ruas protestando contra Deus e o mundo, um dos principais inimigos passou a ser a arrogante FIFA, com suas regras absurdas e com seus gastos excessivos ("seus", nada - foram do Brasil mesmo, para que a FIFA lucre muito com o dinheiro dos outros).

Como escrevo estas linhas enquanto os jogos são jogados e os protestos estão nas ruas, não sei o que pode acontecer amanhã ou depois em termos de acontecimentos danosos que possam eventualmente levar a FIFA e seus membros a arrumarem as malas e cair fora antes do final dos jogos - e talvez levando-os com eles para algum país "civilizado".

A verdade é que eu peguei uma birra da FIFA de tal forma que não tenho prazer algum em ver jogo algum deste torneio e ainda torcer para que algo dê "errado" nos próximos meses de forma a que a entidade mude a Copa de lugar. Não é da FIFA a única entidade que passei a me enojar - mas também me causa asco o que a entidade "governo brasileiro" fez (construir doze - doze - estádios novos a um custo superior a 33 bilhões de dólares) e o que ela não fez - que foi a prometida infraestrutura em transportes e aeroportos, por exemplo. No duro mesmo, somente se construíram estádios, com o pomposo neologismo "arenas" inclusive em cidades sem tradição futebolística, onde pouquíssimos e desinteressantes jogos serão disputados (são elas Cuiabá, Manaus, Brailia e Natal) e, depois da Copa, correndo riscos de se tornarem construções abandonadas (como as estações ferroviárias das quais sempre falo neste blog).

E ainda acham que o povo não tem razão de reclamar, na já histórica Revolta dos Vinte Centavos. Interpretem esta revolta popular da forma que quiserem, mas seja do que dela resultar - mesmo que não seja nada - a incompetência do nosso governo e a arrogância e mercenarismo da FIFA vão causar prejuízos para os dois. Mais, muito mais, para os primeiros.

Quanto a mim, que li hoje sobre a possibilidade de a FIFA parar a Copa das Confederações e cair fora, além de mudar de local a "sonhada" Copa do Mundo do ano que vem, eu lhes digo: já vão tarde. Não precisam voltar nunca mais. Vamos fazer rodeios nas "arenas", para horror dos ambientalistas. Quanto ao dinheiro que já gastamos... bom, já estamos acostumados a jogar dinheiro no ralo. Vamos sobreviver mais uma vez. Mal, como sempre, mas vamos.

Um comentário:

  1. Seria uma gloria sem limite ver a FIFA descredenciar o Brasil e transferir a Copa 2014
    para outro país. E ver a cara do canalha do Lula e da Dilma que disseram que não haveria
    dinheiro publico na construção das "arenas".

    Bastardos !!

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