domingo, 17 de junho de 2012
DIFICULDADES DA HISTÓRIA FERROVIÁRIA
É possível se ter uma boa ideia da história das ferrovias no Brasil estudando um a um dos relatórios bastante detalhados e anuais emitidos por elas anualmente.
Até os anos 1960, esses relatórios foram publicados pontualmente. Apesar de omissões e de possíveis "verdades incompletas", o material é farto e pode informar muito a respeito da história das estradas de ferro. A partir do final dos anos 1950, porém, isso começou a se tornar problemático. O número de informações começou a cair bastante, demonstrando claramente que nem os acionistas estavam interessados em informar muita coisa nem o governo estava exigindo deles os detalhes de antigamente. Ou seja, o nível de fiscalização claramente decresceu. Um dos motivos foi o fato de que pouco a pouco o governo se tornava dono de todas as empresas ferroviárias. A Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi a última das grandes ferrovias a se tornar estatal, isto em 1961.
Por outro lado, a constituição da RFFSA em 1957 e da FEPASA em 1971, reunindo sob suas batutas todas as ferrovias existentes então (a RFFSA somente não ficou com a E. F. Vitória-Minas, com sete das maiores ferrovias paulistas, e com a E. F. do Amapá), fez com que repentinamente os relatórios anuais passassem a meros relatórios curtos para o ministério ou para a secretaria responsáveis. Curtos e com pouquíssimos dados, sendo mais parecidos com propagandas de suas pretensões para o futuro. Até mentiras foram contadas: o último relatório da FEPASA, emitido no início de 1998, pode ser considerado como uma grande palhaçada, para não dizer festival de mentiras.
A história das ferrovias do Brasil de 1970 para a frente somente pode ser pesquisada mesmo em documentos isolados emitidos pelas empresas estatais e nas páginas dos jornais, nem sempre com detalhes confiáveis, mas que têm a vantagem de relatar ocorrências na hora em que acontecem. É pelos jornais que percebemos a decadência das ferrovias, por exemplo. O noticiário turístico de cidades brasileiras, até os anos 1950 e um pouco ainda nos anos 1960, sempre mostravam como se podiam chegar a elas a partir da Capital. Até os anos 1930/40, era por estradas ou ferrovias. Depois, entraram para alguns casos os aviões. E nos anos 1970 saíram as ferrovias para praticamente todos os lugares. Hoje, nem se fala nelas.
Se viajamos para Santos ou qualquer cidade do interior, esqueçam as ferrovias - elas não existem mais em termos de trens de passageiros e as duas únicas exceções - Jundiaí e Campos do Jordão - nem são citadas. A primeira, porque o trem que chega lá é um trem parador da CPTM que demora muito mais do que qualquer ônibus ou automóvel. A última, porque além de ser atendida apenas por um trem turístico, onde se tem obrigatoriamente de comprar passagem de ida e volta para o mesmo dia, ainda sai de Pindamonhangaba e não da Capital.
A partir de 1970, a única forma de se saber quando pararam os trens de passageiros e houve desativação de linhas, em minhas pesquisas, foi pela consulta de jornais, arquivos de cidades, conversa com pessoas. Minhas pesquisas já tomaram dezesseis anos e ainda n!ao acabaram, pelo menos no que tange a datas de desativações.
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Olá Ralph.
ResponderExcluirParabéns pelo blog e pelo site Estações Ferroviárias! Trabalhos bem feitos e interessantes, colaborando na para manter viva a memória e a existência dos trens!
Como um dos apaixonados que sou pelos trens, postei no meu blog HistóriaS ( http://historiasylvio.blogspot.com.br ) um PowerPoint chamado “Nas trilhas dos trilhos”, onde mostro como percebo a importância destes no cotidiano.
Usei neste PowerPoint uma imagem do Estações Ferroviárias, citando o site como fonte. Acredito ser esta uma maneira de valorizar e divulgar a paixão pelos trens e seu esforço para mantê-los como uma realidade.
No meu blog pretendo compartilhar algumas coisas que considero interessantes sobre Minas Gerais, História, Psicologia, Filosofia, trens e artes.
Convido-o para fazer uma visita, baixar o PowerPoint e, se desejar, fazer algum comentário.
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Um abraço ferroviarista.
Sylvio.