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sexta-feira, 22 de setembro de 2017

AS NOVAS ESTAÇÕES DO METRÔ DE SÃO PAULO


Hoje andei passeando pelo prolongamento da linha 5 do metrô paulistano, entre as estações de Adolfo Pinheiro e do Brooklin. Três estações dessa extensão foram abertas no último dia 6, para testes de transporte de passageiros, que deverão seguir, por 60-70 dias.

Elas funcionarão de segunda a sábado, das 10 às 15 horas, apenas. São elas as estações de Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin.

Na viagem que fiz, hoje, vim pela linha 9 da CPTM, baldeando para a linha 5 pela estação de Santo Amaro. Na de Adolfo Pinheiro, tive que mudar de plataforma para embarcar no trecho novo. Desci na do Brooklin (a última) para visitar um amigo. Na volta, embarquei pela mesma estação, que fica na esquina das avenidas Santo Amaro com a Roque Petroni Junior. Ali, na verdade, é o limite sul do bairro do Brooklin (na verdade, dividido entre três bairros com esse nome, como Brooklin Paulista, Brooklin Novo e Brooklin Velho, cujos limites não são muito claros). 

Lembrar que Brooklin vem do famoso bairro norte-americano do Brooklyn, com y, cujo nome em si é uma corruptela de "Broken Land" - "terra quebrada" e deve ter sido dado aqui na Capital pela empresa Votorantim, quando loteou as terras de sua propriedade nos anos 1910. Nestas terras não se inclui o bairro do Brooklin ali na região da avenida Berrini, que surgiu mais tarde loteado de terras de outros donos.

Seguem fotografias tiradas hoje por mim.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O BROOKLYN PAULISTA HÁ 90 ANOS


O anúncio acima saiu no jornal Diário Popular de 15 de março de 1921, portanto, há quase 90 anos. E ali mostra coisas interessantes, além do mapa em si. Primeiro: esta seria uma segunda (ou terceira, quarta, sei lá) campanha de vendas de terrenos. No mapa, o que está em branco são terrenos à venda. Em preto, terrenos já vendidos. Quem era o dono de tudo e estava vendendo era nada mais, nada menos do que a hoje Indústrias Votorantim! Por que teriam sido eles os donos da área?

A área, como hoje, ficava entre o córrego das Águas Espraiadas e o córrego do Cordeiro - notar que as avenidas vieram muito tempo depois, dos anos 1970 para a frente. A Estrada de Santo Amaro, hoje avenida, limitava a área a oeste e a Estrada para o Jabaquara, a leste. Aqui está um dos pontos que mudaram: esta última estrada, se analisarmos os mapas antigos e os atuais, depois se tornou, à esquerda da Washington Luiz (que foi o alargamento da 15a rua paralela à atual avenida Vereador José Diniz, onde passava o bonde no mapa de 1921), a rua Visconde Porto Seguro, que hoje tem o nome de Rubens Gomes de Souza, pelo menos até o início dos muros da Chácara Flora, onde a partir dali continua com o nome anterior no sentido de Santo Amaro.

Esta estrada para o Jabaquara continuava depois com o nome de avenida Jabaquara (hoje Lino de Moraes Leme) até São Judas, onde ainda se chama avenida Jabaquara até a rua Luiz Goes, na Vila Mariana.

As seis ruas paralelas que faziam o percurso Estrada de Santo Amaro-Estrada para o Jabaquara são as atuais José dos Santos Jr. (antiga), Bernardino de Campos, Joaquim Nabuco, Laplace (até os anos 1980, Martim Francisco), Pirandello (ex-Quintino Bocaiuva) e Tomé Portes. Note-se que a maior parte dos terrenos vendidos em 1921 estavam nas ruas próximas à linha do bonde e na rua Tomé Portes, com fundos para o córrego do Cordeiro.

O anúncio para a venda dos terrenos ressaltava o fato de haver "bonde à porta" e prometia "luz elétrica brevemente". E ainda afirmava que o bairro era a antiga "Vila Volta Redonda", ou seja, formou-se a partir da estação ferroviária de Volta Redonda, que ali existiu até 1913, quando a linha férrea a vapor da Cia. de Carris de Ferro de Santo Amaro - que descia o vale do Cordeiro em grande curva, gerando o nome da estação desde 1886 - foi substiruída pela linha nova e reta do bonde elétrico da Light pela então avenida Conselheiro Rodrigues Alves.

São recordações do velho município de Santo Amaro, ao qual o bairro ainda pertencia. Quatorze anos depois, o município seria anexado ao de São Paulo.

domingo, 22 de agosto de 2010

CIDADE MONÇÕES E O BROOKLYN

Vista aérea do Brooklyn/Monções (parcial) em 1958, extraída do site GEOPORTAL em 22/8/2010. No canto inferior direito, a av. Santo Amaro. No centro da foto, a Hípica. O córrego que corta no alto/direita é o córrego da Traição, hoje avenida dos Bandeirantes.

Sobre a postagem deste blog do último dia 20, onde falei "Brooklyn, ou Cidade Monções, como queiram", Carlos Augusto Leite Pereira me deu uma verdadeira aula sobre este bairro da capital paulista, que transcrevo abaixo como sendo a postagem de hoje. O texto a seguir é todo dele.

A Cidade Monções é apenas o núcleo central do Brooklyn. Foi um conjunto de casinhas térreas feitas para a classe média, na década de 1940, pela construtora monções do arquiteto Artacho Jurado. As casinhas eram todas iguais, com um terraço com arcos e uma garagem no fundo do quintal. Quem comprava uma casa ganhava um Ford Prefect. Quando me mudei para o bairro, em 1959, ainda havia muitos desses carros circulando por lá. Até alguns anos atrás ainda havia algumas poucas casas com a arquitetura original.

Hoje, quase todas foram reformadas e muitas transformadas em sobradinhos. Os quarteirões tinham 100 x 50 mts e ficavam entre as ruas Califórnia e Guaraiúva e entre a antiga avenida Central (atual Padre Antonio José dos Santos) e a rua Flórida. Entre essas duas ficava a rua Pensilvânia. Havia uma quadra separada das demais que ficava entre as ruas Michigan e Arizona, Ribeiro do Vale e Mangoatá.

A construtora Monções pavimentou todas as ruas com uma camada muito fina de asfalto e quando conheci o bairro este asfalto já estava todo esfarelado e as ruas esburacadas. Só a av. Central, que era mão dupla e tinha ônibus, tinha um asfalto de boa qualidade. A Guaraiúva, entre a Central e a Flórida, e esta, entre a Guaraíuva e a Ribeiro do Vale, eram calçadas com paralelepípedos. Na Flórida ficava uma padaria, uma farmácia, um ponto de táxi e lotação (daquelas antigas que eram feitas por automóveis) e o ponto terminal do ônibus Cidade Monções, que era da CMTC. No início dos anos 1960 a linha passou para a recém criada Viação Monções que também operava a linha Hípica Paulista e que faliu no início dos anos 1970 sendo substituída pela Viação Campo Belo.

Até o final dos anos 1970 havia, na rua Pensilvania, um empório que tinha nos fundos uma caixa d'agua de uns 6 metros de altura. Segundo moradores antigos do bairro, havia alí um poço artesiano que fornecia água para todo o bairro. As demais ruas de monções eram: Miami, Los Angeles, Hollywood, Filadélfia, Chicago e Cincinati.

A região da Berrini, próxima da rua Guararapes era chamada de Hípica Paulista. No extremo oposto, próxima da atual avenida Jornalista Roberto Marinho, onde as ruas têm nome de cientistas, fica o Jardim Edith.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

BROOKLYN PAULISTA BY GORNI

Foto: Antonio A. Gorni, junho de 2010

Meu amigo Antonio envia uma mensagem esta noite relembrando seus tempos de Brooklyn, São Paulo, nos anos 1970. Achei muito interessante; como sempre, ele escreve muito bem. Transcrevi-o. O texto todo abaixo foi escrito por ele:

Minha esposa encasquetou de comprar umas plantas numa loja que ela localizou em SP através da internet. O endereço era no Brooklyn. Coloquei-o no GPS e, ao chegar ao local... cadê? Não havia loja ou prédio nenhum lá, era só um muro cruzado pela linha de alta tensão que acompanha a avenida dos Bandeirantes. Mas havia uma abertura no muro e, lá dentro, um jardim e as cabanas do comerciante de plantas. Um jardim elétrico em plena SP...

Eu até já tinha visto esse jardim ao longo da linha de transmissão, mas nunca o havia visitado. Ao atravessar o quarteirão ao longo da linha, pude lembrar um pouco do velho ambiente do Brooklyn dos anos 1970 - que já não era nenhum arrabalde, mas ainda havia poucos carros na rua e muito terreno baldio, especialmente mais próximo da região da marginal. O quarteirão que não visitei não tinha prédios, ainda há quintais com churrasqueiras, puxadinhos, canteiros de flores e, para que não nos esqueçamos de nosso real habitat, mortais cercas elétricas para fritar eventuais intrusos.

De todo modo, fiquei contente em reencontrar um pouquinho do ambiente que via nas minhas excursões ciclísticas pelo bairro, quando buscava explorar um pouco da antiga hidrografia local. Aliás, outro dia, na TV Cultura, vi uma série sobre exploradores urbanos - que, a pé ou, quando muito de ônibus, exploram a geografia urbana de SP. Bom, se eu já achava o ambiente meio agreste há quarenta anos atrás, que dizer nos dias de hoje... Às vezes passo pelo Brooklyn em dias de semana, indo ou voltando de alguma visita técnica, e é decididamente claustrofóbico ver as grosas de carros que entopem as ruas.

Concrete dream flesh broken shell
Lost soul lost trace lost in hell!

King Crimson: Pictures of a City