terça-feira, 5 de outubro de 2010

ECOLOGIA E HIPOCRISIA


Eu já escrevi neste blog acerca deste assunto. Vou escrever de novo. Não, não reli o que sei que escrevi sobre isto há alguns meses. Vamos ver se assim consigo manter o que disse ou se estarei sendo contraditório.

A Sra. Marina Silva conseguiu quase 20% dos votos dos eleitores brasileiros dizendo que quer fazer um governo sustentável. Pode ser que ela acredite nisso. Sinceramente, não acredito que ela acredite. Explicarei por que.

Desde quando uma sociedade que atingiu determinado grau de desenvolvimento tecnológico e de conforto (pelo menos parte de nós) vai querer voltar atrás nos seus prazeres? Ela - nós - não vamos querer abdicar de telefones celulares, casas confortáveis, automóveis e - especialmente - do dinheiro que precisamos ter para conseguir comprar tudo isto. Não, não vamos mesmo. Pode ser que um ou outro aceite isso. Mas a imensa maioria não quererá.

A sociedade, seja ela brasileira ou de algum país da Europa, não vai querer regredir. Ela somente andará para trás, baixando seu nível de conforto, se for obrigada a tal. Enquanto houver petróleo, água, metais necessários para fabricar uma série de aparelhos que tocam nossa vida hoje, madeiras para sustentar nossa construção, a sociedade, seja ela pobre ou rica, vai continuar consumindo tudo isto.

Claro que ela pode sempre reciclar papel, plásticos, vidro ou metais para aumentar a produção. Nos países com maior população de gente pobre, como o Brasil, essa reciclagem será sempre maior, pois os que não têm emprego ou meios para se sustentar vão continuar invadindo desde latas de lixo até lixões urbanos e a se arriscar a contrair uma doença mergulhando nessa pilha de sujeira frequentada também por ratos, baratas e insetos em geral, para coletar o que for reciclável e vender a preços baixíssimos para poder comprar o sanduíche de hoje.

Os cortadores de madeiras nas florestas que devem ser preservadas vão continuar cortando, pois sempre haverá mercado para madeiras nobres. A fiscalização é quase que impossível, principalmente num país onde a corrupção é meio de vida de uma minoria bastante ativa (não, eu não acho que todo brasileiro é corrupto - apenas uma minoria é, mas essa minoria é suficiente para desequilibrar os orçamentos e as políticas).

Enfim, uma consciência voltada para a ecologia somente existirá no mínimo 20 anos depois que a matéria ecologia for dada em escolas desde o jardim de infância de forma séria e sendo acompanhada por atitudes coerentes por parte dos pais. 20 + 20 = 40 anos. Antes disso, qualquer medida é paliativa e principalmente inútil.

Pessimismo de minha parte? Não, realismo. E olhem, é duro reciclar lixo em casa. Embora a prefeitura de Parnaíba tenha carros que recolhem material reciclável de casa em casa para levar para uma cooperativa que trabalha com eles, é duro ver que todo o lixo que v. separa é juntado de novo dentro do caminhão para ser re-separado depois. Parece brincadeira, não?

E ainda oedem para entregar tudo limpo. Limpo, como, se para lavar tudo isso gasta-se água preciosa e detergente que polui os rios? Faz sentido tudo isso? Melhor é não consumir, voltar às garrafas de vidro retornáveis de refrigerantes. Mas, como assim? E ter de carregar todo aquele peso para os supermercados para trocar de novo como se fazia até 20 anos atrás? Eu é que não!!!!

E por aí vemos como estamos dispostos a colaborar com o meio ambiente - ou não. Cara Marina, não perca seu tempo pensando para quem dar seu apoio... é melhor usar algum outro critério. Vai ser difícil, se analisarmos o programa dos candidatos.

2 comentários:

  1. Redução de consumo só ocorre através de decisiva e forte atuação sobre o órgão mais sensível da raça humana: o bolso. Foi o que ocorreu aqui no Brasil, de certa forma, com a gasolina durante a crise do petróleo (1973-1985), quando o alto preço desse combustível, aliado à política de restrição na abertura dos postos de abastecimento, provocou uma queda em seu consumo.

    Quanto à questão do desflorestamento, só se protege mesmo as florestas a poder de leis draconianas que venham mesmo a ser cumpridas. Mas falar de cumprimento de lei no Brasil é ser parnasiano no mais alto grau. Eu observo isso em Itanhaém: as matas remanescentes são saqueadas, em madeira, fauna e flora, pela população da periferia da cidade que cada vez mais se aproxima das antigas matas e se aproveita do que há de útil ou valioso nelas. Como não há fiscalização, essa ação tipo formiga (quase que literalmente...) ocorre impunemente. Às vezes se ouve por dias a frio o ruído dos machados - o que é menos mal: moto-serra é cara e hoje sua venda é restrita.

    Na minha opinião, a população em geral só vai se preocupar com ecologia quando o nível do oceano bater em seu pescoço. Mas aí...

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