A primeira eleição da qual me lembro foi a de 1958. Foi por volta do dia 3 de outubro - se não me engano, as eleições eram sempre nesse dia ou ao redor dele - se não fosse num fim de semana, era decretado feriado. Não entendo por que o brasileiro precisa sempre votar em feriados. Não dá para votar em dia de serviço? Qual é o grande problema? Se o voto é obrigatório, o patrão não pode descontar esse tempo. O camarada acorda, vai votar e dali vai para o trabalho.
Se ele vota do outro lado do País, viaja e volta. Não é isso que ele faz hoje? Se não consegue por que não tem dinheiro, não tem tempo, ele justifica o voto. Ou vota em trânsito - num País que tem urnas eletrônicas como tem hoje, isso não deveria ser problema algum. O camarada se apresenta em qualquer lugar perto de sua casa, diz que vota na seção tal em outra cidade e que está votando ali. A conferência pode ser feita on-line. Não me digam que isso é um problema para ser feito hoje em dia.
Voltando a outubro de 1958, eu achava bonitinho ver o chão cheio de papeizinhos impressos. Alguns com fotos, outros sem. O fato é que esses "santinhos", na verdade, eram o que se depositava na urna. Não havia a tal cédula única. Lembram-se da cédula única? Ela foi introduzida nos anos 1960 e mostrava o nome de todos os candidatos. Desde que fossem poucos... ou seja, no caso de deputados e vereadores, havia uma linha onde v. escrevia o nome ou o número do sujeito. Ou ambos.
Nessa eleição, eu me lembro até hoje - embora vagamente - de um candidato a deputado. Ele tinha o nome parecido com aquele que traiu Tiradentes. Joaquim Silvério dos Reis, não era isso? O final era com certeza igual - dos Reis - e que o resto do nome não era igual ao do "traidor", mas próximo. Aliás, nessa época, eu ainda não havia ouvido falar em Tiradentes e sua turma, eu tinha apenas 6 anos; a associação veio depois.
Por que minha família tinha tantos santinhos desse sujeito? Isso eu somente descobri anos depois: ele era diretor do Centro do Professorado Paulista, que ainda tinha ligação com a família da minha avó, apesar de meu avô ter morrido havia já dez anos. Ele foi presidente por dezoito. Minhas tias - nesse dia da eleição, eu estava na casa da minha avó, na Vila Mariana - e elas votavam no Grupo Escolar Marechal Floriano. À medida que a gente subia a rua Capitão Cavalcânti, onde estava a casa, e se aproximava do grupo, na rua Dona Júlia, o volume de santinhos no chão aumentava. No grupo, era um tapete de papeizinhos.
Hoje, com urnas eletrônicas, sem papéis para se colocar nelas... colocar onde, as "urnas" são pequenos computadores, na verdade! Apenas apertam-se botões. Os santinhos continuam a existir, embora em número muito menor. As pessoas continuam porcas e jogando-os no chão à medida em que elas os ganham dos distribuidores, ilegais (boca-de-urna!!!), mas ainda existentes.
Só não mudam os políticos. Continuam fraquíssimos, a corrupção parece aumentar a cada dia. Ou talvez tenha sido sempre igual, nós é que nos tornamos menos ingênuos. Ingênuos a ponto de acharmos que não tem mais jeito. Que mesmo que um amigo nosso honestíssimo seja eleito, ele jamais deixará de se corromper em nome de "um bem maior"... se isso não ocorre, é porque ele renunciou. Ou ficou no ostracismo durante um mandato todo e, no fim, cai fora pelo resto da vida. Já vi isso acontecer.
Se ele vota do outro lado do País, viaja e volta. Não é isso que ele faz hoje? Se não consegue por que não tem dinheiro, não tem tempo, ele justifica o voto. Ou vota em trânsito - num País que tem urnas eletrônicas como tem hoje, isso não deveria ser problema algum. O camarada se apresenta em qualquer lugar perto de sua casa, diz que vota na seção tal em outra cidade e que está votando ali. A conferência pode ser feita on-line. Não me digam que isso é um problema para ser feito hoje em dia.
Voltando a outubro de 1958, eu achava bonitinho ver o chão cheio de papeizinhos impressos. Alguns com fotos, outros sem. O fato é que esses "santinhos", na verdade, eram o que se depositava na urna. Não havia a tal cédula única. Lembram-se da cédula única? Ela foi introduzida nos anos 1960 e mostrava o nome de todos os candidatos. Desde que fossem poucos... ou seja, no caso de deputados e vereadores, havia uma linha onde v. escrevia o nome ou o número do sujeito. Ou ambos.
Nessa eleição, eu me lembro até hoje - embora vagamente - de um candidato a deputado. Ele tinha o nome parecido com aquele que traiu Tiradentes. Joaquim Silvério dos Reis, não era isso? O final era com certeza igual - dos Reis - e que o resto do nome não era igual ao do "traidor", mas próximo. Aliás, nessa época, eu ainda não havia ouvido falar em Tiradentes e sua turma, eu tinha apenas 6 anos; a associação veio depois.
Por que minha família tinha tantos santinhos desse sujeito? Isso eu somente descobri anos depois: ele era diretor do Centro do Professorado Paulista, que ainda tinha ligação com a família da minha avó, apesar de meu avô ter morrido havia já dez anos. Ele foi presidente por dezoito. Minhas tias - nesse dia da eleição, eu estava na casa da minha avó, na Vila Mariana - e elas votavam no Grupo Escolar Marechal Floriano. À medida que a gente subia a rua Capitão Cavalcânti, onde estava a casa, e se aproximava do grupo, na rua Dona Júlia, o volume de santinhos no chão aumentava. No grupo, era um tapete de papeizinhos.
Hoje, com urnas eletrônicas, sem papéis para se colocar nelas... colocar onde, as "urnas" são pequenos computadores, na verdade! Apenas apertam-se botões. Os santinhos continuam a existir, embora em número muito menor. As pessoas continuam porcas e jogando-os no chão à medida em que elas os ganham dos distribuidores, ilegais (boca-de-urna!!!), mas ainda existentes.
Só não mudam os políticos. Continuam fraquíssimos, a corrupção parece aumentar a cada dia. Ou talvez tenha sido sempre igual, nós é que nos tornamos menos ingênuos. Ingênuos a ponto de acharmos que não tem mais jeito. Que mesmo que um amigo nosso honestíssimo seja eleito, ele jamais deixará de se corromper em nome de "um bem maior"... se isso não ocorre, é porque ele renunciou. Ou ficou no ostracismo durante um mandato todo e, no fim, cai fora pelo resto da vida. Já vi isso acontecer.
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