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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ELEIÇÕES À VISTA (OPS...)


Como pode um candidato a presidente que já ocupa o cargo concorrer ao mesmo cargo dizendo que fará o que não fez na primeira vez?

Como pode um candidato a presidente que é de um partido querer impor suas ideias a seus correligionários sabendo que não são as ideias deles?

Como pode um candidato a presidente não ter o seu nome conhecido em diversas regiões do nordeste brasileiro e, embora tendo um bom potencial (um perigo achar isto no Brasil), não consegue arranjar mais eleitores, mesmo sendo claramente o mais aceito pela camada rica e da classe média pensante?

As assertivas que escrevi acima podem não ser as mesmas com que todos concordem, mas e a de baixo?

Como podem três candidatos, os únicos com chance real de serem eleitos, não ter até a última semana de campanha apresentado um programa de governo oficial? Isto é um fato.

Outro fato: o sistema eleitoral brasileiro está falido.

A estrutura da Câmara dos Deputados, do Senado (este, um órgão totalmente inútil há muitas décadas), das Assembleias estaduais e da Câmara dos Vereadores está falida.

A campanha eleitoral do jeito que é feita somente pode ser aceita por energúmenos que não têm a menor ideia do que se passa fora do quintal de suas casas e das sacadas de seus apartamentos. Por isto ganham candidatos com o despreparo dos três que estão concorrendo.

E mais: mesmo se votarmos em Jesus Cristo, teoricamente um bom homem, incorruptível, não adiantará:  como executivo ou congressista, ele deixaria o cargo depois de uma semana, pois veria que é impossível traçar metas de governo sem aceitar a corrupção.

Todos sabem disto, mas ao mesmo tempo, a classe política se aproveita disto.

E estamos hoje décadas atrás de países muito menores, sem a quantidade de matéria-prima que temos. Não se pesquisa mais neste país. Mas, embora pouco, já se pesquisou muito mais em tempos passados. E quando se pesquisa, não se aproveitam os bons resultados, sem negociação entre, por exemplo, universidades e os empresários.

Quando sugeri ontem neste mesmo blog que houvesse uma divisão do país em dois, estava apenas dando um exemplo de o que considero que seria uma das soluções (embora difícil). E essa divisão não precisa ser como a que dei como exemplo. Pode ser de várias formas diferentes. O país é muito grande e não tem a infra-estrutura necessária para o ligar de um lugar a outro. A construção de ferrovias, rodovias, vias fluviais e marítimas (portos), aeroportos, dutos está muito aquém das necessidades. E a velocidade com que se constrói é inaceitável, ou seja, tudo demora mais do que o triplo do que deveria ser - e muitas são abandonadas sem serem nunca terminadas.

Somente se dá atenção a itens totalmente inúteis, a leis que nem deveriam existir e à tentativa de controle da vida particular. Não vai dar certo. Isso vai explodir uma hora. Pode demorar... ou não. Mas vai. Estarei vivo para saber? Quererei saber?

Não, eu não sei quais são as soluções. Se soubesse... não sei o que faria. Eu poderia ser internado em um hospício como louco varrido.

Sou pessimista demais? Talvez. Já tenho certa experiência, mas ao mesmo tempo considero-me bastante ingênuo, o que é uma contradição. Sou pessimista por ter mais de sessenta anos? Talvez. É possível ser ingênuo com essa idade? Não sei. Não sei nada. Somente espero que estas palavras sirvam para alguém pensar a respeito e, um dia, se achar que tenho razão, possa realmente fazer algo de útil.

sábado, 8 de setembro de 2012

VOTAE! MAS... (PELO AMOR DE DEUS) VOTAE CORRETAMENTE!


De dois em dois anos, eleições. Lá vamos nós de novo votar, na maioria das vezes, em gente que não conhecemos. Dentro dessas, também em sua maior parte são gente que sabidamente não são pessoas confiáveis e que têm um histórico bastante, digamos, complicado. Acabamos muitas vezes votando no tipo "rouba-mas faz" e tendo a consciência culpada. E há os ingênuos, que votam porque acham o candidato "o máximo", "um bom homem", "não acreditam nos jornais mentirosos", "ele dá comida para os pobres" e por aí vai.

Ouvindo no rádio e na televisão pequenas partes de horários políticos - e sempre por acaso, quando somos "pegos desprevenidos" pela televisão ou pelo rádio já ligados, eu pessoalmente ouço e vejo propaganda de seis cidades: São Paulo, Barueri, Santana de Parnaíba, Joinville (porque estive quatro dias ali), Arujá e Itanhaém (porque, sabe Deus o motivo, duas rádios que costumo ouvir em São Paulo passam propaganda política delas).

Nada muda. As mesmas músicas comoventes de fundo. As mesmas cenas de sempre. Candidatos abraçando o povo (sempre pobres). Candidatos com bebês no colo. Candidatos comendo no barzinho da esquina. Candidatos visitando a mãe, que obviamente fala que ele sempre foi um bom rapaz. Promessas mil, algumas inexequíveis pelas próprias atribuições do cargo.

É fantástico ver atuais ocupantes dos cargos tentando a reeleição afirmando que vão fazer coisas que já estão pendentes há anos e anos. Por que ele não fez no primeiro mandato? Se não fez, por que votar nele novamente?

Papos como: "a cidade já pode voltar a sorrir". Por que? A cidade só chorava? "Para a cidade voltar a crescer" ou "continuar crescendo". Pergunta-se: crescer para que? Qual a vantagem de crescer? Oferecer empregos? E destruir outras riquezas com isso? É realmente, em todos os casos, necessário que uma cidade cresça? E, se é, n]ao seria o caso de, neste instante, parar de crescer para arrumar o que está incompleto, insuficiente ou funcionando mal? Ou colocar o que não existe?

Fazer a saúde, educação e segurança (esta limitada, pois segurança pública é atribuição do Estado e, quando há guarda civil, ela vive às turras com a Polícia do Estado, a PM) funcionarem bem é muito mais urgente do que qualquer outra coisa que se pense. Fazer a manutenção e resolver problema de infraestrutura (água e esgotos, por exemplo) é muito mais urgente do que, por exemplo, asfaltar ruas que muitas vezes são construídas em locais proibidos (e que agora se quer regulamentar).

Parar de autorizar novas construções é fundamental em cidades saturadas ou mais do que saturadas. Resolver o problema de hospitais e postos de saúde municipais é fundamental. Qual cidade pode dizer que tem tudo isso em ordem? São Paulo, por exemplo, tem problemas de todos os tipos nessa área, inclusive higiene, o mais básico de todos! Educação, nem se fala. Professores que ganham mal e são despreparados trabalham em escolas sem material, sem limpeza e sem poder ter autoridade sobre alunos quando isto se faz necessário.

Sem resolver isto, prometer o que? Obras e leis para minorias? Esqueça as minorias, eles que se virem! Afinal, em teoria, minorias não existem, pois todos os habitantes são iguais perante a lei, pela Constituição. Porém, para os governos municipais, estaduais e federal, isto não ocorre - cada minoria tem leis específicas. Por que? Agredir um membro de uma minoria específica é mais grave que agredir um membro que não é minoria?

Passem para o que é importante! Resolvam o básico primeiro, para atacar o resto em outra hora. Há muito trabalho para fazer. E isto, ninguém fala, ou, se fala, o faz em termos genéricos, sem um programa de trabalho, sem nada. E, obviamente, não vai fazer. Vai empurrar com a barriga.

Enfim, pelo menos, NÃO VOTE EM QUEM NÃO ESTÁ FAZENDO O QUE DEVIA. MUDE! MAS MUDE PARA ALGUÉM QUE SEJA SÉRIO COM SEUS PROGRAMAS. O problema, porém, será: existem essas pessoas?

sábado, 25 de agosto de 2012

ENTRE 1946 E 2012, POUCO OU NADA AVANÇAMOS

Enquanto o país está em crise, indústrias reduzem a produção, funcionários são demitidos, o desmprego aumenta, as greves de funcionários públicos federais chega já a três meses prejudicando a todos indistintamente, o governo federal simplesmente diz que vai negociar. Isto, após três meses de greve em diversos setores.

Os funcionários da União simplesmente dizem que querem o apoio do povo para sua greve, porém, parando de trabalhar ou fazendo "operações-padrão", brecam todo o processo causando prejuízos e atrados para diversas pessoas que nada têm a ver com isso e, portanto, que não somente deixam de aopiar qualquer movimento grevista, como ainda amaldiçoam a todos os grevistas.

Lá em Brasília, os arrogantes juízes do Supremo Tribunal Federal julgam o tal mensalão sete anos após ele ter ocorrido e, pelo jeito, não punirão ninguém, embora esteja mais do que claro que todos os réus são efetivamente culpados.

Em tudo que é citado acima, vemos uma série de interesses pessoais prevalecendo sobre o que deveria ser o bem maior: o interesse do povo brasileiro. E na esteira de tudo isso vêm as eleições para prefeitos e vereadores de forma desanimadora: boa parte dos candidatos são ridículos e, se não o são, não sabem mostrar que não o são. A propaganda política nas televisões é insuportável e um festival de mentias e amenidades. O que me interessa saber que os candidatos carregam crianças no colo e as beijam, andam de ônibus, comem bananas, vão visitar a própria mãe, isto tudo mostrado com musiquinhas chatérrimas ao fundo?

As promessas são de melhorias para as minorias e nada é falado em termos gerais, ou seja, nos maiores problemas que se arrasstam há anos, como educação, transporte e saúde. Estes itens são os importantes, o resto é apenas algo menor que deve ser feito aos poucos e se der. O grosso mesmo, ninguém pega.

E a situação não muda. Lendo por acaso jornais de 1946, vemos que os problemas do Brasil não se alteram. Nessa época, depois de uma guerra de seis anos que destruiu boa parte da civilização mais rica do planeta, o Brasil ficou assistindo de longe e sofreu várias consequências, como a deterioração dos transportes terrestres e aéreos por façta de peças de reposição e também sofreu com a falta de alimentos, racionados durante o final da guerra e após seu fim.

O ano de 1946 sofreu com falta de pão, farinha de trigo, milho, gêneros alimentícios em geral, combustível, moradias, automóveis... enquanto brasileiros firam mandados para guerrear na frente italiana, tendo diversos deles morrido em combate. Os que voltaram foram festejados como heróis - que foram, afinal - em manifestações de patriotismo, enquanto o contrário acontecia, como visto mais atrás neste artigo. Afinal, faltar gêneros alimentícios básicos em um país que sempre os produziu sem maiores problemas levam à sempre presente questão da ganância de fazendeiros e intermediários, que preferiram vender para o exterior a preços altíssimos em vez de manterem-nos aqui para alimentar a população brasileira.

De 1946 a 2012, o Brasil pouco avançou. A propaganda política para as eleições que ocorreram no início desse ano já mostravam a palhaçada, embora em menor grau, que toma conta dos anúcios de candidatos de hoje, ávidos por votos e sem programa algum. Decisões governamentais eram feitas sem nenhum contexto de "visão periférica", concentrando-se, como sempre, em atacar pequenos problemas como se outros não existissem, como se outros não interferissem ni contexto geral.

Posso escrever linhas e mais linhas aqui, mostrando meu descontentamento com tudo isso. A minha vida inteira - já estou com sessenta anos - esperei que as coisas melhorassem neste país. Isso não aconteceu, apenas o Brasil foi se desenvolvendo superficialmente com a maré que vem de fora, dos países mais desenvolvidos, mas os pontos centrais, estes não progridem. Os políticos são tão ou mais corruptos e despreparados como sempre foram...

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CAMPANHA ELEITORAL - 1933


Mais uma postagem referente a 1933, depois da de ontem.

Meu avô Sud foi candidato a deputado estadual em 1933. Foi a única vez que ele foi candidato a um cargo público em toda a sua vida. Diz ele em suas anotações que só aceitou porque garantiram a ele que ele seria facilmente eleito e ele acreditou. Arrependeu-se depois e muito. Teve cerca de metade dos votos que disseram que ele certamente teria. Desiludiu-se muito.

Não era uma eleição qualquer: na verdade, ele seria eleito para uma assembleia constituinte, pois a função ali não era ser um deputado como os outros (aliás, desde 1930 não havia deputado algum, desde que Vargas venceu a revolução de outubro), mas sim escrever a nova Constituição do Estado de São Paulo, que, como a brasileira, tinha sido "rasgada" com a revolução.


A fotografia no topo mostra o lançamento da sua candidatura na sede do Centro do Professorado Paulista - CPP (do qual era Presidente) em abril de 1933. O panfleto mostra uma das propagandas a seu favor.

Uma de suas grandes desilusões foi sentir a mágoa de alguns professores - teoricamente, quem mais deveria votar nele - pelo fato de ele não ter apoiado a Revolução Constitucionalista. Recebeu algumas cartas anônimas sobre o assunto, o que o deixou muito magoado.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MONTEIRO LOBATO E A PROFESSORAZINHA DA UFMG


Bom, acabaram-se as eleições deste ano. Durante meses, vi gente a favor e contra os dois candidatos (os outros nem contam) defendendo-os ou atacando-os em jornais, radios, televisões ou nas calçadas. Até no twitter, facebooks, blogs etc.

Por parte dos dois candidatos mesmo, não vi um programa de governo decente nem qualquer proposta que parecesse séria. Cada um deles pode até ter boas intenções e ideias de realizações, mas não se preocuparam em colocar isto de forma clara. Não tive paciencia de assistir debates: porém, assisti alguns pedaços em gravações e somente um trecho do último deles ao vivo pela TV.

Ouvi bobagens sobre educação, sobre religião, sobre aborto, sobre saúde. Propostas e explicações totalmente irracionais. O Estado é supostamente laico, portanto, não tem de dar satisfações sobre qualquer religião. Aborto sempre existiu e sempre existirá. E é perigoso por diversos motivos, o principal deles a profilaxia necessária, que não existe pois tudo é feito às escondidas, e é feito assim porque é proibido. Fosse livre para quem quiser fazer, estaria tudo bem melhor.

Já a educação vai mal neste País há muito, muito tempo. Antes do século XIX, só havia escola para quem fosse muito, mas muito rico. No século XIX, começaram timidamente as escolas públicas, que também não tinham lugar para todos que podiam e que deveriam estudar. Quem tivesse posses mandava seus filhos para estudar em escolas particulares - que também eram poucas, ou para a Europa.

Pelo menos no Estado de São Paulo, a situação começou a melhorar no final desse século. As escolas públicas melhoraram muito em qualidade, mas não em disponibilidade de vagas. Até os anos 1930, a discussão não era sobre nível de ensino, mas sobre o fato de não haver vagas nas escolas públicas para todo mundo. Daí para a frente, aos poucos foi mudando: hoje, pelo menos neste Estado, há vagas para todos, mas a qualidade do ensino público é lamentável. Um dos motivos é o baixo salário dos professores.

Saúde? Bem, enquanto se fala que tudo melhorou em termos da área pública, continuamos assistindo a denúncias no país inteiro sobre atendimento precário nos hospitais e postos de saúde. INSS, então, com filas e mais filas. Aliás, desde que nasci. E estou com quase 59 anos. O que ouvi candidatos falarem neste assunto é o que sempre ouvi: vamos fazer, e no final, nunca fazem. Tanto na saúde quanto na educação.

Enquanto isso, vamos perdendo tempo com bobagens. Fora religião e aborto, meio ambiente: no caso, "meio ambiente" está longe de ser bobagem, mas pensar que tudo vai ser feito em termos sustentáveis numa economia de mercado é ser ingênuo e mentiroso. Se quiserem, basta ler uma postagem minha de poucas semanas atrás aqui. Cultura? Meu Deus, cultura é um fator primordial, pois é a base, junto com a educação, de uma civilização, de uma nação, de uma pátria. E sobre isto pouco ou nada ouvi. Cultura continua sendo prioridade zero, salvo as exceções de praxe. O risco de não a termos é o emburrecimento da população.

Vejam isto: nos últimos dias, parte da obra de Monteiro Lobato foi condenada por uma professora da UFMG por ser racista. Meu Deus, racista? Como, racista? Seja qual for a explicação que se dê ao que a professora falou, não dá para engoli-la. E se procurarmos agulha em palheiro, vamos notar, no mínimo, que a obra foi escrita nos anos 1920 e 1930. Uma das mais belas obras do mundo, que espelha uma realidade brasileira daquela época - o meio rural. Note bem, daquela época. Portanto, qualquer coisa que tenha conotação racista numa análise de hoje é uma aberração.

Naquele tempo, os usos e costumes eram muito diferentes dos de hoje. Justificavam-se atos então que hoje não podem ser justificados (mas que sempre podem ser explicados). Não vou entrar em detalhes, mas perder tempo hoje com esse tipo de afirmação, tentando privar a geração atual de ler uma das mais belas obras literárias brasileiras e mundiais como as de Monteiro Lobato, porque ela teria conotação racista em 1920? Se é que teria! Ora, os tempos mudam - e vão continuar mudando.

Vamos gastar tempo com coisas mais importantes. E, se possível, mandem a tal professora plantar batatas (veja abaixo-assinado). Pelo menos, ela vai saber que, um dia, a população rural do Brasil era muito maior do que a atual. Alguma coisa, afinal, ela, como professora, precisa conhecer sobre a terra onde mora.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

SEGURANÇA PÚBLICA NO BRASIL


Hoje li a notícia da morte de Romeu Tuma. Sempre tive uma ideia dele de bom policial. Depois entrou para a política. Não me impressionou. Aliás, me deixou bastante decepcionado o fato de ele, já muito doente e provavelmente já sabendo que o fim estava próximo (sua morte chegou a ser noticiada, por engano, pela Folha de S. Paulo, pouco antes do primeiro turno das eleições), não teve a dignidade de renunciar, fazendo com que quem votasse nele votasse realmente no seu suplente. Por sorte, não conseguiu o cargo - nem seu suplente: um desconhecido para a população de nome Antonio Carbonari Netto.

Ouvi no rádio que ele lutava por um projeto da Guarda Nacional, pelo que entendi, de sua autoria. Não tenho a menor ideia se era um bom projeto ou não. O fato é que, por essa notícia, lembrei-me que não era um projeto para a segurança nacional que estivesse causando muita animação de seus colegas de Senado para a sua aprovação.

Isto me faz lembrar que, embora a segurança pública no Brasil seja uma piada há muito tempo, ninguém se empenha para mudar esta situação. Tuma ficou dezesseis anos no Senado. Não conseguiu a aprovação do seu projeto, e, sinceramente, não sei se realmente lutou por ele. Há outro fato que me intriga: por que, sendo segurança pública uma enorme preocupação neste país de Deus, não se apresenta um plano decente para que se mude o atual sistema, claramente falido?

Será que é por que o sistema inteiro de Justiça deveria ser mudado, tornando-se ágil e não lento e cheio de instâncias que acabam por fazer com que condenações (principalmente para quem tem um bom e caro advogado) sejam praticamente inviáveis? Ou por que os direitos humanos aqui somente são reservados para os criminosos e assassinos? Ou por que a corrupção seria grande demais? Ou... sei lá.

Não sei qual é a solução para resolver o problema. Não sou do ramo. Porém, não gosto de ver a maioria das cidades brasileiras com casas e prédios cercados por muros e grades. De ver uma cara segurança particular ser colocada cada vez mais e mais nas calçadas das ruas (lembram-se dos guarda-sóis e dos homens de preto com rádios?). De ter de arriscar a vida quando ando nas ruas. De ver arrastões cada vez mais frequentes nos prédios de apartamentos de São Paulo. De ver condomínios de casas cercados por muros e portarias (sim, moro em um deles).

Talvez não se invista em segurança pública porque a solução mais óbvia: porque lá atrás, não se investiu em educação. Sem ela, a segurança pública será sempre válida para você, para os outros, não. Você é que importa, os outros não. E o atual sistema de vida não colabora com isto - afinal, quantos amigos v. já fez fora de casa e quantos fez somente falando pela Internet?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TREM DÁ VOTO?

Trenzinho turístico dá mesmo votos? Foto Heber Lange Obregon em Paraguassu Paulista, 2008

A Rede Globo anuncia para o próximo domingo, no Fantástico, uma reportagem sobre as ferrovias brasileiras. Sei lá o que vão falar, mas já tem gente dizendo que a reportagem tem fins políticos, pois estamos em plena campanha de segundo turno de eleições presidenciais, etc. etc. etc.

Bom, seja o que for relatado, vai favorecer - ou prejudicar - exatamente quem? Qual partido? O da situação ou o da oposição? Na verdade, o partido da situação agiu da mesma forma que agiu o da oposição, quando este estava no poder: ambos atuaram muito mal no segmento ferrovias, dunrante os 16 anos dos dois governos muito se falou e pouco se construiu. As concessionárias atuaram agindo somente de acordo com seus próprios interesses e não visando (além de lucros, claro - senão elas não teriam tido interesse em concessão alguma) absolutamente nada em termos de melhorar a infraestrutura do país.

Aliás, convenhamos: transportes e infraestrutura em geral continuam sendo o calcanhar-de-Aquiles do Brasil - também aqui, em geral, muito se fala, pouco se faz.

O que é interessante é que em diversas campanhas políticas, prefeituras falam cada vez mais de colocar "trens turísticos", em "volta do trem de passageiros", em criticar governos por causa de ter abandonado o transporte de passageiros", etc. e, na verdade, na época em que estes trens foram eliminados, ninguém se importou com isto.

Como podem, na verdade, os políticos se utilizarem de "trens turísticos"- cuja maioria dos anúncios de implantação não dão em nada - para tentar ganhar votos, se na hora de se retirarem trilhos da cidade para construir avenidas no seu leito são bastante rápidos? Tiram os trilhos, prejudicando o transporte coletivo, pois esses trilhos e esse leito poderiam ter em seu curto um VLT - os bondes de hoje. Ou seja, o que dá votos realmente? Avenidas ou transporte sobre trilhos?

Os fatos são vastante contraditórios. Não sei, realmente, o que fazer um trem turístico pode arrecadar de votos para um potencial candidato a qualquer cargo político. No fim, o que falta mesmo é planejamento a longo prazo e de forma global em tremos de infraestrutura. Nisso ninguém pensa, isso ninguém faz.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

ECOLOGIA E HIPOCRISIA


Eu já escrevi neste blog acerca deste assunto. Vou escrever de novo. Não, não reli o que sei que escrevi sobre isto há alguns meses. Vamos ver se assim consigo manter o que disse ou se estarei sendo contraditório.

A Sra. Marina Silva conseguiu quase 20% dos votos dos eleitores brasileiros dizendo que quer fazer um governo sustentável. Pode ser que ela acredite nisso. Sinceramente, não acredito que ela acredite. Explicarei por que.

Desde quando uma sociedade que atingiu determinado grau de desenvolvimento tecnológico e de conforto (pelo menos parte de nós) vai querer voltar atrás nos seus prazeres? Ela - nós - não vamos querer abdicar de telefones celulares, casas confortáveis, automóveis e - especialmente - do dinheiro que precisamos ter para conseguir comprar tudo isto. Não, não vamos mesmo. Pode ser que um ou outro aceite isso. Mas a imensa maioria não quererá.

A sociedade, seja ela brasileira ou de algum país da Europa, não vai querer regredir. Ela somente andará para trás, baixando seu nível de conforto, se for obrigada a tal. Enquanto houver petróleo, água, metais necessários para fabricar uma série de aparelhos que tocam nossa vida hoje, madeiras para sustentar nossa construção, a sociedade, seja ela pobre ou rica, vai continuar consumindo tudo isto.

Claro que ela pode sempre reciclar papel, plásticos, vidro ou metais para aumentar a produção. Nos países com maior população de gente pobre, como o Brasil, essa reciclagem será sempre maior, pois os que não têm emprego ou meios para se sustentar vão continuar invadindo desde latas de lixo até lixões urbanos e a se arriscar a contrair uma doença mergulhando nessa pilha de sujeira frequentada também por ratos, baratas e insetos em geral, para coletar o que for reciclável e vender a preços baixíssimos para poder comprar o sanduíche de hoje.

Os cortadores de madeiras nas florestas que devem ser preservadas vão continuar cortando, pois sempre haverá mercado para madeiras nobres. A fiscalização é quase que impossível, principalmente num país onde a corrupção é meio de vida de uma minoria bastante ativa (não, eu não acho que todo brasileiro é corrupto - apenas uma minoria é, mas essa minoria é suficiente para desequilibrar os orçamentos e as políticas).

Enfim, uma consciência voltada para a ecologia somente existirá no mínimo 20 anos depois que a matéria ecologia for dada em escolas desde o jardim de infância de forma séria e sendo acompanhada por atitudes coerentes por parte dos pais. 20 + 20 = 40 anos. Antes disso, qualquer medida é paliativa e principalmente inútil.

Pessimismo de minha parte? Não, realismo. E olhem, é duro reciclar lixo em casa. Embora a prefeitura de Parnaíba tenha carros que recolhem material reciclável de casa em casa para levar para uma cooperativa que trabalha com eles, é duro ver que todo o lixo que v. separa é juntado de novo dentro do caminhão para ser re-separado depois. Parece brincadeira, não?

E ainda oedem para entregar tudo limpo. Limpo, como, se para lavar tudo isso gasta-se água preciosa e detergente que polui os rios? Faz sentido tudo isso? Melhor é não consumir, voltar às garrafas de vidro retornáveis de refrigerantes. Mas, como assim? E ter de carregar todo aquele peso para os supermercados para trocar de novo como se fazia até 20 anos atrás? Eu é que não!!!!

E por aí vemos como estamos dispostos a colaborar com o meio ambiente - ou não. Cara Marina, não perca seu tempo pensando para quem dar seu apoio... é melhor usar algum outro critério. Vai ser difícil, se analisarmos o programa dos candidatos.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

A CORRUPÇÃO DOS POLÍTICOS É QUE AUMENTA OU SOMOS NÓS QUE NOS TORNAMOS MENOS INGÊNUOS?

Foto RBS - Local: Florianópolis, SC, ontem

A primeira eleição da qual me lembro foi a de 1958. Foi por volta do dia 3 de outubro - se não me engano, as eleições eram sempre nesse dia ou ao redor dele - se não fosse num fim de semana, era decretado feriado. Não entendo por que o brasileiro precisa sempre votar em feriados. Não dá para votar em dia de serviço? Qual é o grande problema? Se o voto é obrigatório, o patrão não pode descontar esse tempo. O camarada acorda, vai votar e dali vai para o trabalho.

Se ele vota do outro lado do País, viaja e volta. Não é isso que ele faz hoje? Se não consegue por que não tem dinheiro, não tem tempo, ele justifica o voto. Ou vota em trânsito - num País que tem urnas eletrônicas como tem hoje, isso não deveria ser problema algum. O camarada se apresenta em qualquer lugar perto de sua casa, diz que vota na seção tal em outra cidade e que está votando ali. A conferência pode ser feita on-line. Não me digam que isso é um problema para ser feito hoje em dia.

Voltando a outubro de 1958, eu achava bonitinho ver o chão cheio de papeizinhos impressos. Alguns com fotos, outros sem. O fato é que esses "santinhos", na verdade, eram o que se depositava na urna. Não havia a tal cédula única. Lembram-se da cédula única? Ela foi introduzida nos anos 1960 e mostrava o nome de todos os candidatos. Desde que fossem poucos... ou seja, no caso de deputados e vereadores, havia uma linha onde v. escrevia o nome ou o número do sujeito. Ou ambos.

Nessa eleição, eu me lembro até hoje - embora vagamente - de um candidato a deputado. Ele tinha o nome parecido com aquele que traiu Tiradentes. Joaquim Silvério dos Reis, não era isso? O final era com certeza igual - dos Reis - e que o resto do nome não era igual ao do "traidor", mas próximo. Aliás, nessa época, eu ainda não havia ouvido falar em Tiradentes e sua turma, eu tinha apenas 6 anos; a associação veio depois.

Por que minha família tinha tantos santinhos desse sujeito? Isso eu somente descobri anos depois: ele era diretor do Centro do Professorado Paulista, que ainda tinha ligação com a família da minha avó, apesar de meu avô ter morrido havia já dez anos. Ele foi presidente por dezoito. Minhas tias - nesse dia da eleição, eu estava na casa da minha avó, na Vila Mariana - e elas votavam no Grupo Escolar Marechal Floriano. À medida que a gente subia a rua Capitão Cavalcânti, onde estava a casa, e se aproximava do grupo, na rua Dona Júlia, o volume de santinhos no chão aumentava. No grupo, era um tapete de papeizinhos.

Hoje, com urnas eletrônicas, sem papéis para se colocar nelas... colocar onde, as "urnas" são pequenos computadores, na verdade! Apenas apertam-se botões. Os santinhos continuam a existir, embora em número muito menor. As pessoas continuam porcas e jogando-os no chão à medida em que elas os ganham dos distribuidores, ilegais (boca-de-urna!!!), mas ainda existentes.

Só não mudam os políticos. Continuam fraquíssimos, a corrupção parece aumentar a cada dia. Ou talvez tenha sido sempre igual, nós é que nos tornamos menos ingênuos. Ingênuos a ponto de acharmos que não tem mais jeito. Que mesmo que um amigo nosso honestíssimo seja eleito, ele jamais deixará de se corromper em nome de "um bem maior"... se isso não ocorre, é porque ele renunciou. Ou ficou no ostracismo durante um mandato todo e, no fim, cai fora pelo resto da vida. Já vi isso acontecer.