terça-feira, 4 de janeiro de 2011

CARDOSO DE ALMEIDA, QUASE 90 ANOS DE ABANDONO

No meio do canavial, a ferrovia encosta na rodovia, de onde tirei a fotografia, e segue para Ourinhos. Notar os postes de eletrificação, hoje inúteis.
Ao sair de Paraguaçu Paulista na tarde do último dia 28 de dezembro, segui para Cardoso de Almeida. Próxima à rodovia, à esquerda dela, cruzamos a linha e chegamos ao vilarejo. O que impressiona ali é um velho casarão, que estaria abandonado desde a revolução de 1924. Isto mesmo, não é engano. Os revoltosos que fugiram da Capital pelos trens da Paulista chegaram a Bauru e dali tomaram os da Sorocabana no sentido de Botucatu e do rio Paraná.

O casarão de Cardoso de Almeida desmoronou atrás...
Assaltaram inúmeros caixas de estações ferroviárias - o que significa que ordenaram que o trem parasse em cada uma delas - e, em Cardoso de Almeida, num episódio pouco explicado, foram até a sede da fazenda Pouso Alegre, muito próxima à estação e ali a unvadiram, destruindo por vandalismo muita coisa no seu interior. Desiludidos, José Giorgi e sua família jamais recuperaram o que sobrou. Para saber mais sobre o casarão, veja Lugares Esquecidos-Cardoso de Almeida.

...mas a frente ainda se mantém.
O casarão ficou em pé - mas recentemente, quase 90 anos depois, parte da sua traseira desmoronou. Será recuperado? Havia alguma indicação à sua volta de que alguma obra estaria começando, mas não havia absolutamente ninguém no local quando ali estive.

A bela igreja do local. Fechada.
Próximo a ele, uma casinha, à sua frente a vila ferroviária e o armazém (a estação já foi demolida há muito tempo) , mais para trás, uma bela igreja e um coreto. Mais ao longe, pequenas casas de fazendas mais novas. E ninguém no horizonte.

O coreto, ao lado da igreja.
Dali para Assis foi um pulinho. A estação seguinte seria Cervinho, mas eu já sabia que nada mais resta dela há décadas. Depois, a cidade e a estação de Assis, surgidas praticamente juntas, em 1914. Assis é maior do que Paraguaçu. Em termos ferroviários, teve muita importância. Ali se encerrava a eletrificação da linha da Sorocabana, e se trocavam as locomotivas elétricas pelas diesels. Também foi até ali que chegou a retificação da linha original da estrada. Dali para a frente, praticamente não se mexeu. A linha eletrificada da ferrovia abriu seu primeiro trecho em 1944, até Santo Antonio (Iperó) e levou 22 anos para chegar a Assis. É portanto, algo não tão antigo assim. Em 1999, a eletrificação foi desativada e os fios retirados. Sobraram vários postes, tanto de concreto quanto de ferro.

A vila ferroviária, bastante modificada e mal cuidada.
Apesar do tamanho e do crescimento, a cidade tem ainda uma ou outra casa de madeira. Até fotografei duas delas, pequenas e simpáticas, não muito distantes da linha. Entrei depois no prédio da estação e vi o museu que existe ali dentro. Como tudo que é museu no Brasil, com pouquíssimas exceções, há pouca coisa, mas é interessante. O interior da construção está bem conservado. O prédio é de 1926, uma construção em estilo neocolonial, mas a anterior era aquele prédiozinho típico da Sorocabana de então. As escadarias internas são muito bonitas. Não são muitas as estações dessa ferrovia que tiveram dois andares.

O armazém ficou de pé, a estação não. A linha está do outro lado dele.
De Assis segui para Ourinhos. O trecho entre essas duas cidades foi contruído entre 1908 e 1914 e passa mais afastado, ao sul da rodovia que liga as duas. Não entrei em nenhuma das cidades nesse intervalo: Cândido Mota, Palmital, Ibirarema, Salto Grande e algumas pequenas estações de "meio de caminho", estas todas já demolidas, sem exceção. A única foto que tirei ali foi no ponto em que, entre Ibirarema e Salto Grande, mais ou menos, a ferrovia encosta na rodovia - ali a Raposo Tavares - e se afasta no meio de um canavial, nesta época do ano ainda bastante baixo. A foto abre esta postagem.

Em seguida, cheguei a Ourinhos, onde pernoitei.

2 comentários:

  1. Ola Ralph

    Esta família Cardoso de Almeida deve ter tido muita influência nesta região, em Botucatu ( não muito longe de Assis)..tem escolas,ruas com nomes relacionados a esta famíla ...eu fiz os quatro primeiros anos escolares no Grupo Escolar Dr. Cardoso de Almeida ( anos 50) que foi construido no final do século XIX....existe até hoje como escola....

    Daniel Gentili

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    1. Olá, Daniel.
      Você conheceu pessoas com sobrenome Cavallini, que eram italinos nessa região de Botucatu?

      Grato,
      Marco Cavallini

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