terça-feira, 23 de novembro de 2010

A FERROVIA NO NORDESTE... E EM SÃO PAULO

A estação de Camaçari, desativada há anos, vai perder seus trilhos? (Ralph M. Giesbrecht, 2006)

As notícias ferroviárias dos últimos dias apontam as dificuldades para a construção e operação de linhas férreas no Brasil hoje em dia. De qualquer forma, as notícias vêm do Nordeste. Na Bahia, enquanto se afirma que uma variante por fora da cidade de Camaçari sai de hoje a dezoito meses, uma grande vantagem, pois "hoje, o tempo deste percurso é de mais de uma hora e quando a linha estiver pronta será de 19 minutos" - eles estão falando de trens cargueiros -, no metrô de Salvador, a Prefeitura, depois de levar 11 anos para fazer uma linha relativamente curta do transporte na cidade e prometer de pés juntos que ele estaria operando até o final deste ano, agora não dá previsão de início de operação.

O metrô de Salvador, aqui visto em 2006, um dia vai funcionar? (Ralph M. Giesbrecht)

As obras começaram em 1999, com previsão de conclusão em 40 meses e custo de R$ 325 milhões, para 12 km de trilhos. Mas os atuais 6,5 km já custaram mais de R$ 800 milhões. É mole? Agora, o prefeito de Salvador diz que a prefeitura não dispõe de recursos para bancar o funcionamento do metrô. Já o governador Jaques Wagner tem se mostrado aberto à possibilidade de o Estado contribuir financeiramente com a operação dos trens. É brincadeira, nem se precisa comentar muito para se ver o absurdo a que se chegou. Levaram quatro vezes mais tempo para fazer metade do que previam de linhas.

O VLT do Sobral sai mesmo assim, tão fácil e rápido?

Em Sobral, CE, anuncia-se que o VLT, que será construído praticamente todo sobre a linha da velha Linha Norte da Rede de Viação Cearense, sai logo. A empresa Bom Sinal, que forneceu os trens para a linha Crato-Juazeiro, deverá fornecer aqui também. Já em Fortaleza, as obras do VLT de lá, numa linha de Parangaba a Mucuripe, passarão por 22 bairros, continuam enroladas e causam protestos da população por causa de desapropriações nesses bairros. Isso poderá, claro, atrasar as obras.

Resta saber se o VLT do Sobral sairá tão fácil assim e se a variante de Camaçari estará mesmo pronta em 18 meses. A se julgar por todas as dificuldades que acontecem neste país quando se constroem linhas ferroviárias, é difícil de acreditar. São problemas ambientais, jurídicos, adiamentos, falta de controle, falta de cumprimento do cronograma, falta de tudo. Veja-se em São Paulo, sempre citado há cem anos como sendo o Estado mais rico e adiantado do Brasil: a linha 4 do metrô só funciona em um pequeno pedaço (Faria Lima-Paulista), por 6 horas somente durante o dia e o resto, com pelo menos mais duas estações prometidas para o final do ano (depois de vários adiamentos), ainda não se sabe se sairá até o Ano Novo.
Fim da linha em Mapele, em 2006 (Ralph M. Giesbrecht)

O resto da linha 4? Dizem que em 2012, só. Ah, sim! O que farão com a linha que hoje passa pela área urbana de Camaçari? Ninguém diz e aparentemente ninguém pergunta, mas pelo visto será arrancada, mais uma vez perdendo-se a chance de se colocar transporte público no leito (que tal mais um veeletezinho?). Bom, afinal, a linha que vem de Salvador somente existe em teoria. Entre Paripe, onde para o metropolitano de Salvador, e Mapele, onde havia o entroncamento que levava o antigo subúrbio até de um lado Simões Filho (passando por Camaçari) e de outro até Candeias, hoje boa parte dos trilhos foi arrancada ou está debaixo de enorme matagal... que tal um trem para levar a população de Salvador para a rica Camaçari e vice-versa? Ora, pegue seu carro ou seu maravilhoso ônibus e não encha o saco!

Um comentário:

  1. Esse pais nos envergonha.
    Gente nojenta essa raça de politicos que são analfabetos no quesito infra-estrutura.

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