A rua Iguatemi, em São Paulo, teria sido aberta em meados do século XIX. Essa data me vem à cabeça agora e preciso depois conferí-la, ms o fato é que, nos mapas antigos, ela começava na rua de Pinheiros e terminava na rua Joaquim Floriano, no atual Itaim. Na verdade, a numeração dela segue o sentido inverso, mas eu diria que ela teria sido traçada a partir de Pinheiros.
Por que afirmo isto? Porque o bairro de Pinheiros é um bairro muito antigo, que existe desde o século XVI e que, portanto, deveria irradiar suas ruas mais do que um local como o Itaim-Bibi, que nem existia no início do século XX. No entanto, também poderia ter surgido do lado contrário, no sentido de ligar a casa de Leopoldo Couto Magalhães Jr. o Bibi, hoje em ruínas, com a vila de Pinheiros. Será?
Por Pinheiros passava a Estrada da Boiada, que no século XX teve diversos de seus trechos desmembrados e renomeados. Diz a história que a Estrada da Boiada se iniciava na estação da Lapa, onde desembarcavam os vagões de gado que seguiam para o Matadouro Municipal, que, a partir de 1887, ficava na Vila Mariana - o prédio hoje abriga a Cinemateca. Porém, a estação da Lapa data de 1898! Faria sentido isto? Essa estrada somente seria traçada nessa época? Não, provavelmente uma ligação da estação para uma estrada que já existia foi construída quando uma estação ferroviária passou a "despejar" gado na Lapa.
Rua Iguatemi, em 1933. É a rua que cruza a imagem da esquerda para a direita, no alto da foto. Marcado em vermelho, o terreno que abrigaria o Museu da Casa Brasileira. Em primeiro plano, o espaço entre a rua Iguatemi e o rio Pinheiros. À esquerda, o Clube Germânia, hoje Pinheiros. (Acervo Clube Pinheiros).
Essa estrada seguia da Lapa - esse trecho é, desde 1958, chamado de avenida Diógenes Ribeiro de Lima (mais um atentado à memória paulistana) - para Pinheiros. Seu trecho entre o córrego das Corujas e a praça Omaguás (o atual início da avenida Brigadeiro Faria Lima) tomou o nome de rua dos Macunis no final dos anos 1920, quando um pequeno loteamento residencial foi ali instalado. Da praça até o largo de Pinheiros, a estrada tinha o nome de rua Fernão Dias e, dali para a frente, seguia pela rua de Pinheiros até a rua Joaquim Antunes de hoje. Dali seguia pelo que hoje é a rua Groenlãndia (que recebeu este nome quando foi estabelecida como limite do Jardim América, instalado pela Cia. City na primeira metade dos anos 1910) e depois, possivelmente cruzando os campos do Virapoeira (Parque do Ibirapuera), chegava até o Matadouro.
A boiada fazia todo esse caminho para vir da Lapa até esse ponto e, dizem alguns, entrava pela rua Iguatemi também, seguindo depois por um caminho indeterminado mas que de alguma forma chegava também até o Matadouro da Vila Mariana. Muitos localizam uma estrada da Boiada também na Iguatemi.
Rua Iguatemi, no início dos anos 1990. Ao fundo, no alto, a avenida Faria Lima. Este trecho da rua Iguatemi é o que sobra até hoje (Foto O Estado de S. Paulo).
Esta rua possivelmente ganhou o nome devido à região do rio do mesmo nome, afluente mato-grossense do rio Paraná, palco de invasões paraguaias na época da guerra do Paraguai nos anos 1860. Vale lembrar que existe até hoje uma Estrada do Iguatemi nas bandas do bairro de Sapopemba, zona leste da Capital. Inclusive, parte dela trocou o nome já há muitos anos para Avenida Ragueb Chohfi.
Avenida Brigadeiro Faria Lima, antiga Iguatemi, estreita até 1970. A foto foi tomada hoje por mim, sentido Itaim. Para referência, a rua que sai à esquerda, no alto da foto, é a rua Sampaio Vidal, ex-Doutor Rosa (no mapa da Sara Brasil)
Da rua Iguatemi original do título hoje somente sobra um pedaço, que vai da rua Joaquim Floriano até pouco depois da rua Pedroso de Alvarenga. Nesse trecho, ela ainda possui a largura e numeração originais. Depois disso, no final dos ans 1960, ela foi alargada até a Teodoro Sampaio e recebeu, logo depois de pronta, o nome do prefeito Faria Lima, que havia acabado de falecer. Nos anos 1990, ela foi prolongada, de um lado, até a rua Pedroso de Morais, na esquina com a Praça Omaguás; de outro, da rua Amaury até a rua Nova Cidade, na Vila Olímpia.
Foi então que a numeração da avenida, que ainda mantinha a da rua Iguatemi original, foi totalmente modificada: passou a ter o número zero em Pinheiros, o que fez com que o lado par virasse lado ímpar e vice-versa. Já o nome do Shopping Center Iguatemi, o primeiro de São Paulo, inaugurado em 1966 e que foi batizado por causa da rua, tornou-se um nome muito famoso no país, existindo hoje diversos shoppings com o mesmo nome em outras cidades brasileiras.
Da rua Iguatemi original, no entanto, sobrou muito pouco.
Da rua Iguatemi original do título hoje somente sobra um pedaço, que vai da rua Joaquim Floriano até pouco depois da rua Pedroso de Alvarenga. Nesse trecho, ela ainda possui a largura e numeração originais. Depois disso, no final dos ans 1960, ela foi alargada até a Teodoro Sampaio e recebeu, logo depois de pronta, o nome do prefeito Faria Lima, que havia acabado de falecer. Nos anos 1990, ela foi prolongada, de um lado, até a rua Pedroso de Morais, na esquina com a Praça Omaguás; de outro, da rua Amaury até a rua Nova Cidade, na Vila Olímpia.
Foi então que a numeração da avenida, que ainda mantinha a da rua Iguatemi original, foi totalmente modificada: passou a ter o número zero em Pinheiros, o que fez com que o lado par virasse lado ímpar e vice-versa. Já o nome do Shopping Center Iguatemi, o primeiro de São Paulo, inaugurado em 1966 e que foi batizado por causa da rua, tornou-se um nome muito famoso no país, existindo hoje diversos shoppings com o mesmo nome em outras cidades brasileiras.
Da rua Iguatemi original, no entanto, sobrou muito pouco.
Esta fotografia da Rua Iguatemi no início dos anos 1990, me fez viajar e sentir saudades de uma São Paulo da qual eu nem sequer vivi. Já devo ter mencionado em comentários anteriores que trabalho na Vila Olímpia. Ando muito à pé nas intermediações da Tabapuã, João Cachoeira, Hélio Pellegrino, Fiandeiras, Casa do Ator... Aprecio muito. Sempre tive curiosidade de saber como era a região antes do prolongamento da Faria Lima, e o que tinha naquele meio... Nunca achei uma foto ou mapa antigo. Devo ter uns guias Maprograf do final dos anos 1980 perdidos na casa dos meus pais, talvez por ele eu poderia ter uma ideia de como era a região antes do prolongamento.
ResponderExcluirMas nem precisei do guia. A foto da sua postagem já elucidou bastante. Fiz um “de/para” da foto com o Google Maps e pude notar que muitos sobradinhos e vilas foram desapropriados naquele miolo paralelo a Rua Iguatemi. Inclusive uma a parte esquerda de duas residências geminadas da Rua José Gonçalves. No local plantaram uma arvore.
É a cidade se transformando... Progresso? Pode ser. Mas acho que preferiria uma Vila Olímpia antiga, da qual não tive a oportunidade de conhecer nessas minhas três décadas de vida.
Também tenho saudades dos córregos que correm sob meus pés, nas minhas caminhadas pela Vila Olímpia. Sei que estão lá, mas nunca os conheci pessoalmente. Tristeza.
Tudo bom Luiz?
ExcluirTenho essa mesma curiosidade, trabalhei na Leopoldo Couto de 92 a 94, depois fui trabalhar no Centro, voltei aqui para o Itaim, mais precisamente na Faria Lima esquina com a Tabapuã em 2004, desde então tento achar fotos antigas daquele Itaim pré Nova Faria Lima, mas não acho, é muito difícil, essa foto do Sr Ralph, hj trabalho bem perto, e tudo mudou, o posto de gasolina ainda existe, e os prédios da foto, mas de resto tudo mudou.
abs
Dificil entender certas coisas. Qdo crianca morava no Alto da Lapa, rua que descia da Rua PIO XI e o antigo Colegio dos Padres, e de vez em quando despencava uma boiada, descendo a rua, ate a Estrada da Boiada, virando a esqueda e entrando para a Passos da Patria. Acontece, que eles paravam em uma banheira no Parque da Lapa, antigo Morro das Mapadosas e tomavam aquele banho de criolina para seguirem ate o comeco da Via Anhanguera aonde o Frigorifo Armour os aguardava. Diziam serem estes vindos das fazendas ao longo da BR 116. Enfim ficou a historia. Adoravamos ve-los passar, atras dos muros de nossas casas.
ResponderExcluirMaria da Gloria, qual era o nome da rua em que v. morava na época?
ResponderExcluirSou filho do Dr. Brasilio Marcondes Machado, que comprou em 1929 a chacara do Couto de Magalhaes e o transformou no Sanatorio Bela Vista, que ele vendeu em 1945 , quando se aposentou.
ResponderExcluirPelo mapa da Sara, de 1930, página 64, a Iguatemi terminava na Tabapuã e a Joaquim Floriano terminava na rua da Ponte, atual Clodomiro Amazonas. Mais tarde elas foram prolongadas e se encontraram. Em foto aérea tirada pela Light em 1933 dá para ver a área do Sanatório Bela Vista. Do lado direito da foto está o rio Pinheiros em seu leito original (que coincide com o traçado da atual avenida Brigadeiro Haroldo Veloso).
ResponderExcluirVeja no site da Fundação Energia e Saneamento (para pesquisar escreva Avenida Cidade Jardim):
http://acervo.energiaesaneamento.org.br/consulta/Galeria.aspx
Paulo Giurni Pires, em 1964 lembro da Praça Itália, e da igreja Mórmon na esquina da Faria Lima com a Rebouças.
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