sábado, 21 de fevereiro de 2015

FERROVIAS BRASILEIRAS: AS COISAS IAM... EM 1914

Buenópolis, na linha do Centro da EFCB, uma das estações entregues em 1914 na Central do Brasil
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Enquanto hoje se demoram anos para se projetar, decidir e finalmente construir uma ferrovia - quando se constrói e quando se termina a construção, em 1914, cem anos atrás, a coisa não era bem assim.

É certo que houve inúmeras ferrovias que pararm nas intenções, nos projetos e mesmo na construção, houve ferrovias que funcionaram por pouquíssimo tempo e foram abandonadas durante a história do Brasil, principalmente quando projetos de estradas de ferro eram noticiadas em jornais quase diariamente. Isto durou até os anos 1930.

Porém, comparando com os dias de hoje, onde existem apenas duas ou três ferrovias em construção e uma ou outra em projeto, vamos dizer, um pouco mais sério e essas obras não avançam, em parte pela incompetência dos governos - atualmente, dono de todas - e também pela exigência de órgãos ambientais, que, por mais sensata que possam ser, atrasam os prazos de aprovação, isso quando os cumprem.

A burocracia é absurda. O controle das agências regulatórias praticamente não existe. Os pagamentos às empreiteiras são atrasados em grande parte das vezes, fazendo com que as obras parem. O custo estimado sempre é tem de ser recalculado e o valor previsto é sempre muito menor do que é efetivamente pago.

Vamos ver o que aconteceu no Brasil em 1914, e isto somente com a Central do Brasil, na época uma das ferrovias do governo federal.

Um relatório de maio de 1915 mostrava as linhas construídas no ano anterior, 1914:
 - 46 km de duplicação da linha da Serra do Mar, entre Japeri e Barra do Piraí;

Foram terminados:
 -  o trecho de Santa Cruz a Mangaratiba;
 - A variante de Tremembé (a ligação entre Taubaté e Pindamonhangaba, passando pela estação de Tremembé, que até então era ligada à linha de São Paulo por um ramal);
 - o ramal de Lima Duarte;
 - o ramal de Piranga (Mercês);
 - o trecho de Ouro Preto a Mariana;
 - o trecho de Corinto a Buenópolis;
 - o trecho de Governador Portella a Barão de Vassouras.

Fora isto, a Mogiana concluiu a linha de Guaxupé a Tuiuti (Jureia) e complatava o ramal de Guatapará e o de Serrana; a Paulista já trabalhava no aumento da bitola entre Rio Claro e São Carlos, com a construção de uma variante; e muitas outraspelo Brasil afora, as quais não fui conferir agora.

A tecnologia de construção era muito mais primitiva que a atual, então, em teoria, as obras seguiam mais devagar do que deveriam seguir hoje. Não havia exigências ambientais, mas havia sempre processos de desapropriação, que, como hoje, não são rápidos.

Enfim, funcionava. Por que hoje não funciona? (E para quem diz que eu estou acusando o governo do PT, eu diria que isso já vem de bem antes de 2002)

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