segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
O SUCATEAMENTO DE SÃO PAULO
Lixo nas ruas (Minas News). Não é São Paulo. Faz diferença? É igual aqui.
Não deveriam existir cidades enormes como São Paulo. Na verdade, cidades não são exatamente medidas pela área que ocupam - são medidas pela população.
Não sei qual é o maior município em área atualmente no nosso Estado. Até os anos 1980, era Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, com uma população bastante diminuta para seu tamanho. Não havia edifícios de apartamentos lá. Tinha pouco mais de 21 mil habitantes em 2010. Trinta anos antes, sua área era maior do que hoje, mas houve desmembramentos. Com o tamanho que tinha em 1980 ou com o de hoje, pela sua população, é uma cidade pequena.
Há cidades menores. A menor, não somente em São Paulo, mas também no Brasil, é Borá, com pouco mais de 700 habitantes. O tamanho do município também é pequeno. Cidades com populações até 20 mil habitantes são comuns em São Paulo e no Brasil. São cidades fáceis de se administrar, em princípio. Na prática, há bons e maus governos. O problema é que a maioria destas pequenas cidades não se auto-sustenta. Tem de receber verbas federais para sobreviverem.
Existem muitos fatores a ser considerados. Porém, voltemos a São Paulo, que é quase doze vezes maior que a segunda colocada no Estado, que é Guarulhos, com pouco mais de um milhão de habitantes. Como São Paulo está conurbada com praticamente todos os municípios da sua área metropolitana (com os que se limita, claro) e muitos dos que sobram também têm esta conurbação com outras cidades da área, temos cercca de 20 milhões de pessoas vivendo como se fosse uma cidade só, na prática. Porém, há um prefeito para cada uma delas.
O problema é que cidades deste tamanho, muitas vezes, não se auto-sustentam. É o caso de São Paulo, a maior cidade e a mais rica do país. Porém, ela se auto-sustenta? Não. Nem é bem governada. Há muito que temos maus prefeitos. Maus administradores de obras e planejamento e má administração do dinheiro do povo.
Como resultado, a cidade está abandonada, suja e favelizada. Na sujeira, inclua lixo na rua, pichações de monte em casas e edifícios e poluição em rios a céu aberto e também nos que estão entubados debaixo do solo, como o Anhangabaú, o Itororó (23 de Maio), Traição (Bandeirantes), Verde (em Pinheiros) e muitos, muitos outros.
Favelas crescem dia a dia. A região do Jaguaré tem várias delas: debaixo e ao lado da ponte da CPTM sobre o Pinheiros, debaixo da ponte do Jaguaré, debaixo de uma das pontes do Cebolão... e ninguém faz nada. São pontos perigosos, pois quem mora ali tem de atravessar a avenida Marginal para sair dali. No caso da ponte da CPTM, a favela, seu lixo e os automóveis de seus moradores invadiram as calçadas e até o leito da avenida Marginal do Pinheiros! Criança andam para lá e para cá no asfalto. E haja carros passando a velocidades que, se em congestionamentos passam devagar, há horas em que a velocidade chega facilmente a oitenta quilômetros por hora.
Diremos: ah, a cidade está suja só nas regiões mais pobres. Não é verdade. Há sujeira nas favelas e nos Jardins (bairros). Há abandono em bairros ricos e pobres. Há buracos nas ruas em bairros pobres e ricos. Há rios sujos por toda parte, sem uma exceção sequer.
Ah, sim, mas há edifícios lindos (tanto antigos quanto modernos), mas há os caixotões também, nas estes em todos os bairros. As casas que sobram mal podem ser vistas, atrás de muros altos. Há calçadas imundas, quebradas e cheias de chiclete pisado - aquelas manchas pretas que você vê facilmente nas calçadas de avenidas com grande movimento (Faria Lima, por exemplo). A fiação aérea é absurda - em poucos locais ela está enterrada. Por incrível que possa parecer, o centro velho de São Paulo não tem fiação aérea - e elas foram enterradas há cem anos. A Faria Lima, a Rebouças, a Consolação e outras (pouca) artérias também têm fiação enterrada - obras feitas há poucos anos. O resto - a enorme maioria - têm fios em excesso para ficarem pendurados e com "barrigas" que chegam em muitos casos a fazer os fios encostarem ou mesmo se apoiarem nas calçadas.
A violência, cada vez maior - a insegurança é cada vez maior. Os crimes se sucedem. A polícia não pode operar, por falta de verba e pressão dos politicamente corretos, que vêem passivamente a violência dos bandidos, mas que não aceitam policiais atirando e matando. Nas favelas, quem é honesto é refém dos bandidos, devido, principalmente, ao pouco espaço entre os barracos e vielas tortas, além da facilidade de invasão de barracos. Já nas ruas, nos bairros ricos e pobres, as casas e apartamentos sofrem constantemente, no mínimo, ameaças de invasões.
Com o tamanho que tem, e agora, a ameaça de ficar sem água e sem luz, dada a situação das represas que abastecem a região, Se isso ocorrer, poderá haver abandono de residências e escritórios, fugindo para outros pontos que tenham o que precisam. Se isso ocorrer, o sucateamento de áreas ricas e pobres será uma realidade. Enquanto isso, obras são liberadas todos os dias, sem se saber se daqui a pouco tempo terão seu abastecimento garantido.
Fechar os olhos para a realidade é péssimo. E nós somos as vítimas de administradores cegos e não temos facilidades para simplesmente arrumar as malas e fugir para o "mato".
Claro, há regiões bem cuidadas em São Paulo - porém, isto depende muito de opinião. Se formos críticos, mesmo, chegaremos à conclusão que quem fala o que escrevi agora é simplesmente otimismo.
O fato é que, nos últimos anos, tenho andado muito pelo sul do Brasil. E a maior parte das cidades, maiores ou menores, que conheci são muito mais limpas que a nossa. Está na cara, não dá para negar.
E uma notícia muito boa: Cahoeira Paulista passou este último final de semana plantando árvores pelo município inteiro. E não tem mão da prefeitura nisso. Só de quem se preocupa com o futuro. Sei que não é a primeira cidade em que esse tipo de mobilização ocorre. Já vi cidades em que a prefeitura bancou isto. Afinal, políticos de vez em quando fazem coisas boas. Mas deve ser a mais recente. Afinal, começou ontem. Longa vida às árvores de Cachoeira Paulista.
E cada vez mais gente está falando que não se deve esperar nada dos governos, que, o que pudermos fazer, façamo-lo sozinhos. Como, por exemplo, arrumar nossas próprias calçadas - consertá-las e varre-las todos os dias. Plantemos árvores. Eliminemos nossos quintais cimentados e plantemos grama.
Quanto à fiação, pouco podemos fazer, a não ser pressionar em grupos as concessionárias de eletricidade. E à violência? Apoiar os policiais, e não acharmos que os bandidos são eles. Quanto aos rios, deixar de ligar esgotos clandestinos aos rios e deixar de atirar lixo nas águas.
E por aí vai. O que escrevi foi apenas uma porção de ideias na cabeça. Se gostaram, ótimo. Se acham que foi um punhado de besteiras, peço desculpas por ter escrito. Mas tentem aproveitar o máximo possível do que gostaram de ler. Obrigado pela paciência.
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Gestão é tudo, e falta completamente. Questão da água: multiplique os 20 milhões de habitantes que você citou, por uma média de consumo (por baixo) de 150 litros de água/dia. Isso dá o número inconteste e estonteante de 3,1 bilhões de litros de água POR DIA!! Como é que pudemos acreditar que tal volume de água seria ofertada diariamente, sem crise, com a gestão omissa que tivemos da Sabesp nas últimas décadas? Como pudemos acreditar?
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