1960: A "Loba" da Sorocabana tracionando muitos carros de passageiros entre São Paulo e Sorocaba
Reportagem da Folha de S. Paulo hoje mostra que o seu redator não entende coisa alguma de trens. Se entendesse, ele não escreveria o que escreveu, apenas comentando alguma nota ou informação que recebeu da CPTM.
Ele comentaria, por exemplo, que a situação atual é muito diferente do que a CPTM lhe passou para fazer a reportagem.
Por exemplo: esse papo da CPTM de fazer trens para o interior vem desde que Alkmin foi governador no seu segundo mandato, e que José Serra, quando assumiu o governo estadual em 2006 como seu sucessor mandou enterrar.
E que somente o retomou, por pressão interna da CPTM, no final do seu mandato, em 2009, e que Alkmin continuou. Porém, com a tradicional indecisão do PSDB, está enrolando desde 2010.
Lendo a reportagem, ele diz que "Ao menos três megaprojetos desenvolvidos pelo governo de São Paulo prometem colocar, novamente, os trens nos trilhos no Estado." Megaprojetos, por que? A distância de São Paulo a Jundiaí é de cerca de 55 km.
A ligação já existe - apenas é dirigida para trens metropolitanos, ou seja, paradores. Não está errada, está boa - porém, para o paulistanos que trabalha e Jundiaí (e os jundiaienses que trabalham na Capital) não serve, pois demora tempo demais. O "megaprojeto" é um trem direto em linha separada.
Depois, ele diz que: "Santos e Sorocaba são outros dois destinos considerados prioritários para o governo por possuírem demandas por transporte público." No último parágrafo, ele diz: "Em 2013, a administração Alckmin deve fazer novos estudos e pode ampliar o número de projetos. Serão estudadas regiões como Campinas e São José dos Campos".
Ora, fazer estudos? Para que? Santos, Sorocaba e São José dos Campos tiveram trens de passageiros clássicos a partir da Capital por mais de 120 anos. Para ser mais específico, foram, respectivamente entre 1867 e 1995, 1875 e 1999 e 1875 e 1991. Quer mais estudos de viabilidade? Comece o projeto já - e já devia ter começado muito antes.
Aliás, sendo mais claro ainda, não deveria era nunca ter acabado com esses trens. Quando eles acabaram (repito: Santos em 1995, Sorocaba em 1999 e São José dos Campos em 1991), São Paulo já tinha gente morando numa cidade e trabalhando em outra havia anos.
Se eles não tinham passageiros, era porque a péssima administração das ferrovias (Santos e São José eram RFFSA e Sorocaba era FEPASA) não quis modernizar as linhas e seu material rodante, além de deixar cair a qualidade de seus serviços e cumprimento de horários alegando baixa frequência de passageiros, quando isto ocorria exatamente por causa disso, num círculo vicioso que tinha origem no favorecimento do transporte rodoviário e especificamente no lobby das empresas de ônibus.
O repórter teria ainda escrevido que em 1995 o tempo de viagem de São Paulo a Santos por trem ainda era inferior devido ao excesso de congestionamentos nas rodovias existentes e que a linha de São Paulo a São José que era utilizada foi retirada ilegalmente já nos anos 2000 pelas prefeituras de São José e de Jacareí para favorecer a construção de avenidas. Ou seja, perdeu-se o leito existente.
E também que a eletrificação existente na linha entre SP e Sorocaba foi eliminada em 1999 depois de 55 anos de uso sem motivo algum, eliminando a facilidade de se continuar com uma linha com trens mais modernos de passageiros.
O que quero dizer é que 120 anos de experiência em trens ligando essas cidades já são estudo suficiente. Mãos a obra e chega de politicagem e enrolação. E que repórteres saibam sobre o que estão escrevendo.
domingo, 5 de agosto de 2012
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Ralph,boa noite.Sou seu seguidor,mas também leitor da Folha.Perdoe o repórter do jornal.Ele escreveu aquilo que mandaram,isto é,a direção do jornal,que é francamente partidária do governador do nosso estado.A Folha e o Estadão apoiam totalmente o governo atual de São Paulo:jamais irão publicar algo desfavorável ao governador.O Estadão é mais sincero:já declarou isso por escrito durante as últimas eleições.A Folha quer parecer neutra.Mas frequentemente costuma publicar esse tipo de reportagem puxa-saco.Voltando ao assunto:conheço o repórter e o mesmo é bem competente.Mas sabe como são as coisas:afinal ele precisa manter o emprego.Mas vamos ter fé e rezar:eu acredito que antes do final dos tempos,nosso Brasil vai ter ferrovias modernas e rápidas.
ResponderExcluirÉ verdade, os trilhos existiam e ainda existem. E são fundamentalmente inadequados para transporte de passageiros, pois seus traçados centenários (como você sabe) são inadequados para que tenham velocidade competitiva com o transporte rodoviário. Simples assim. Alguns trechos sequer duplicados são, e nenhum é eletrificado (exceto a linha metropolitana até Jundiaí). Quem é que irá usar o trem se ele demorar o dobro do tempo que o ônibus ou o triplo que o carro? Além disso, essas ferrovias são usadas (e estão saturadas) hoje para transporte de cargas. Colocar passageiros nessas ferrovias significaria tirar cargas delas e colocá-las em caminhões nas rodovias. E não dá para resolver essas questões com uma obra simples como uma duplicação ou uma correção de traçado, pois aí são o relevo e as manchas urbanas que não permitem. Um paralelo pode ser traçado com rodovias: estradas mais antigas, como a Anchieta e a Anhanguera, foram ampliadas e retificadas até onde foi possível. Quando não foi mais possível, tornou-se necessária a construção de novas rodovias paralelas às antigas mas com melhores traçados e parâmetros técnicos mais modernos. E assim nasceram Bandeirantes e Imigrantes (e a ligação rodoviária com o litoral já está saturada novamente e mesmo melhorias incrementais nas rodovias existentes não seriam suficientes para atender a demanda, e se discute a construção de uma terceira rodovia). Com as ferrovias é a mesma coisa: as atuais são inúteis para o transporte de passageiros e não se pode aproveitar quase nada delas. Por isso o estudo para novas ferrovias. Quanto à história dos projetos, não se trata, a meu ver, de "indecisão do PSDB". Havia um estudo para uma ligação ferroviária de média velocidade entre São Paulo e Campinas no governo anterior do Alckmin, que em algum momento deixou de existir pois foi engolido pelo projeto do trem de alta velocidade do governo federal, que atenderia esse trecho também (e que tem leilão atrás de leilão, licitação atrás de licitação adiados). Depois de alguns anos ressurgiram projetos assim, melhores que o anterior por terem escopo ampliado, e estão sendo tocados agora.
ResponderExcluirentão devemos de deixar de ler a folha,ja faz um tempo que o acompanho e gostaria de lhe deixar o meu apoio.Obrigado Ralph por nos lembrar que ainda temos memória.
ResponderExcluirabraços
Wilson Rosa
Evidentemente há que se fazer novos estudos para uma nova linha. Eu estou careca de saber disso, pois acompanho o assunto ferrovias de perto há quase vinte anos. Porém, há muito leio sobre estudos que, no fim, são para saber "quantas pessoas os usariam". Ridículo, basta pôr um trem entre dois pontos que eles se enchen de gente, especialmente se houver fácil acesso às estações que ele serve. A linha nova é óbvia, mas com certeza ela aparecerá em grande parte ao lado da linha atual. Para que enrolar tanto? Por que extinguir o que já se tinha? Como já escrevi antes, os trens de passageiros deveriam ter sido mantidos e sendo substituidos aos poucos. Fizeram isto? Não, simplesmente acabaram com eles dando os motivos mais estapafurdios - ou não dando motivo algum - e largaram trilhos e estações criando mato e sendo roubados. E agora vêm com papo de que vão fazer, mas isso já se arrasta há 6 anos pelo menos. Enquanto isso, o transporte nas estradas é caótico e piora cada vez mais.
ResponderExcluirQuanto ao que o reporter escreveu, ele o fez como se fosse alguma coisa nova e sensacional, como se agora, vai" teremos trem amanhã, sem contar a verdadeira história e o que pode e deve ser feito. Para isso ele não precisa ser reporter.
ResponderExcluirPrezado Ralph, seu blog e seus artigos são muito interessantes. Peço licença para indicar um blog de um jornalista e cientista sócio-político de Piracicaba onde temos discutido o modelo de pedágios como símbolo da sanha arrecadatória dos tucanos em SP. Recomendo a leitura, segue o link:
ResponderExcluirhttp://blogdoamstalden.com/2012/08/06/pinoquio-alckmin-e-o-engodo-dos-pedagios-por-joao-humberto-venturini/#comment-866
Precisamos votar melhor em outubro, não dá mais pra votar em políticos de ontem, com ideias de anteontem, caso de embustes como Serra, Alckmin e Kassab.
Hoje parece que tudo é mais difícil. A ferrovia subiu a serra do Mar num tempo em que só existiam pás, enxadas e mãos de trabalhadores, ignorando relevo, rios, montanhas e rochas. Hoje, com todos os recursos da engenharia, levam-se anos pra desenvolver apenas um projeto. Se houvesse um trem regional, mesmo que lento, com certeza seria bem utilizado. De que adianta ter onibus que alcança 100km/h, se ele leva duas horas pra percorrer 15 km na marginal. Tem que tentar, se der certo, bem se não, aperfeiçoa e tenta de novo.
ResponderExcluirO governo do PSDB é só promessa, aqui na Baixada Santista estamos aguardando o famoso VLT, campanha pós campanha.
ResponderExcluirOlá,Marcos.Pode ter a certeza que o VLT de Santos não saí nem com reza brava.Veja o exemplo de Cuiabá.Noticias recentes dão conta que a própria justiça federal bloqueou o projeto do VLT alegando que o sistema com BRT´s é mais viável.O site do UOL publicou até um resumo mostrando que o BRT é mais barato e o mesmo é que deverá ser construído.Só não mostra quem ou qual empresa de engenharia especializada em transportes públicos efetuou os estudos.Repetindo minha opinião:o VLT de Santos não será construído e pode ter certeza que logo alguém vai afirmar categoricamente que o correto será construir uma pista para BRT.Não adianta sonhar:moramos num país de mentalidade e fortes interesses rodoviários.
ExcluirNesse caso, devemos passar o governo para a justiça federal. Ora, se pelo menos teoricamente o governo acha que é bom fazer um VLT e o MP veta porque acha outra coisa, para que governo? Aliás, lembro-me que já comentei esse tipo de atitude da justiça no meu blog, mas faz tempo...
ResponderExcluirRalph,
ResponderExcluirEu gostaria de saber quanto custam todos esses estudos ?
Eu tambem, Eduardo. Se pelo menos eles se transformassem em alguma coisa rapido, mas inúmeros são engavetados. Certamente, baratinhos eles não são. Muita gente se aproveita deles.
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