Há mais de um ano, publiquei aqui um artigo sobre o Ramal de Uberaba, da Rede Mineira de Viação.
Hoje, o leitor André mandou-me um comentário sobre a região. Fantástico, ele descreve o Brasil daqueles tempo, o Brasil do trem. Segue o que ele me escreveu abaixo, literalmente:
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Uma das nossas aventuras preferidas de criança era caminhar pela linha do trem, acompanhando suas curvas preguiçosas até o pontilhão de ferro sobre o Córrego dos Pintos, com a expectativa de cruzar com uma das escassas composições que usavam a linha. De lá, na época da seca, era possível voltar andando pelo leito do riacho até os fundos do pomar da fazenda. Hoje, o Google Earth me mostra que o pontilhão fica a somente 1,5 Km da sede. Na época, nos parecia uma expedição digna de aventureiros de cinema.
Nos primeiros anos, era comum irmos de trem até a fazenda. Me lembro de viajar algumas vezes em composições puxadas por marias-fumaça, em velhos vagões de madeira. Em linha reta, Batuira fica a uns 15 Km da estação da Mogiana em Uberaba. De carro, são cerca de 18 km, que se faz em meia-hora se não houver muita lama no caminho. O trem levava mais de uma hora para cumprir o trajeto. Um deleite para quem estava se divertindo no passeio, mas um tormento para os passageiros com destino a Belo Horizonte. Eram nada menos que 6 horas até Araxá e inacreditáveis 30 horas até a capital mineira (isso se não houvesse incidentes no percurso). Minha mãe conta que chegou a fazer essa viagem algumas vezes.
A Rede Mineira de Viação - RMV (Ruim Mas Vai, na sintomática versão popular) foi a precária ligação do Triângulo Mineiro com a capital do Estado até a abertura e pavimentação da BR-262, já no início dos anos 1970. Com a chegada do asfalto, os obsoletos trens não tinham como competir com os ônibus, que fazem o trajeto em 7 ou 8 horas. A linha foi relegada ao transporte de carga, em condições bastante limitadas apesar de algumas reformas e manutenções na linha.
Basta acompanhar a ferrovia no Google Earth para ver como o traçado da Oeste de Minas é ridiculamente sinuoso, acompanhando todas as curvas de nível de um terreno que nem é muito acidentado na região de Uberaba. Surgiu daí a lenda de que os empreiteiros eram pagos por quilômetro construído, e não por trecho vencido.
Há algumas fotos minhas da Batuira no Panoramio e no Facebook. Sita-se à vontade para usá-las. Parabéns pelo delicioso blog."
E mandou os links -
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.2016168326480.2123177.1312014032&type=3&l=8693f90c96
http://www.panoramio.com/user/63259
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