domingo, 6 de fevereiro de 2011

TRAINS, BOATS AND PLANES

Trem de passageiros em Santos nos velhos tempos - acervo Thomas Corrêa

O título vem de uma velha música dos anos 1960 que ouvi no rádio pela primeira vez depois de pelo menos trinta anos, de uma banda (na época dizia-se conjunto) americano de nome Box Tops, que não sei que fim levou. Curioso - ele falava de barcos, mas não de ônibus...

Hoje, duas reportagens em midias diferentes falam, uma, sobre o uso de aviões cada vez mais para viajar pelo interior paulista (de São Paulo a Presidente Prudente, 550 km, por 95 reais) e outra, sobre as viagens de ônibus de Santos para o interior paulista.

Nesta última, está escrito que nenhuma das empresas de ônibus que fazem esse percurso usam o rodoanel quando chegam no Planalto - seguem para São Paulo e pegam Marginal, avenida Bandeirantes, etc para continuar pelo interior. É um absurdo? É.

Perguntaram o que acham os passageiros: acham horroroso se meter em congestionamentos desnecessários nas avenidas paulistas. As empresas respondem que é questão de segurança - o rodoanel não tem postos da concessionária para auxílio, não tem postos de combustível nem restaurantes para parada.

Concordo que já estava na hora de o Rodoanel tê-los, mas mesmo assim, pegar congestionamentos corriqueiros e previsíveis nas ruas da Capital não tem sentido. Especialmente porque os motoristas têm de parar depois de quatro horas dirigindo, mas, quando param em São Paulo - na avenida dos Bandeirantes, por exemplo, como a própria reportagem afirma - somente têm uma hora, uma hora e meia de percurso.

É má vontade das empresas, mesmo, que não respeitam a vontade do passageiro e nem dos motoristas, que, obviamente, preferem dirigir em trânsito livre e não ficarem estafados dirigindo em trânsito lento e pesado.

Curiosamente, na reportagem sobre os aviões e não sobre a dos ônibus, uma pessoa comentou - a reportagem era virtual - que isso era consequência de não haver a alternativa ferroviária hoje em dia, que ela precisava voltar, etc. Eu concordo, mas...

Alguém sabe quanto durava em 1976, último ano em que se podia vir diretamente de Santos para São Paulo pela ferrovia Mairinque-Santos, partindo-se da estação Ana Costa, em Santos e descendo na estação de Campinas? Nove horas. Sim, nove horas. Isso incluía paradas em todas as desertas estações intermediárias (um monte delas), três baldeações totalmente absurdas e uma linha obsoleta entre as cidades de Mairinque e Campinas.

Como poderia ser hoje? Bem, esta linha obsoleta foi aposentada com o surgimento de uma nova em 1986 (embora nunca tenha corrido nenhum trem de passageiros por ela) e nenhum trem de passageiros em sã consciência pararia em 90% das estações onde parava 34 anos atrás. Pararia, no máximo, em São Vicente, Embu-Guaçu, Itu e Indaiatuba - e olhe lá. Usaria, teria de usar, na verdade, máquinas mais modernas. E correria na mesma linha. Conversando com alguns especialistas em maquinário ferroviário, estima-se que em 4 horas no mínimo poder-se-ia chegar a Campinas partindo de Santos.

Bom, pelo menos, poderíamos escolher o que quiséssemos. Isto porque hoje não temos trens, temos ônibus que fazem um trajeto absurdo e temos aviões para algumas cidades, que podem até ser baratos - mas não podemos nos esquecer da ida aos aeroportos, da bagunça dos aeroportos e do que isso representa em termos de tempo e de custo adicional.

3 comentários:

  1. Bela foto de Santos Ralph, meu pai sempre me falava, justamente desta paisagem beirando á praia!!! época que ele foi trabalhar em Santos pela FEPASA....

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  2. Havia, nos anos 80, o trem Campinas - Santos pela EFSJ. Era feito com o TUE "Classe Única", que no trecho Raiz da Serra - Valongo era puxado por Diesel. Eram quatro carros (capacidade de mais ou menos 250 passageiros sentados)
    Fazia Campinas - Valongo em 4 horas.
    Se houvesse eletrificação no trecho da baixada, poderia ser em bem menos tempo.

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  3. É, na postagem eu considerei apenas os trens que seguiam pela Mairinque-Santos, justamente porque essa linha passava fora de SP (da capital). E linha da EFSJ ainda pôde ser usada para ir de Santos a SP e de SP a Campinas até 1995 e 1998, respectivamente, mas, para v. e eu isso não é novidade... abraços

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