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quinta-feira, 13 de outubro de 2016
MEMÓRIA EM CHAMAS - (N+1) ÉSIMO CAPÍTULO
O enésimo capítulo dos inúmeros incêndios que ocorreram nas ferrovias brasileiras, principalmente depois que o abandono passou a ser regra nos pátios ferroviários, havia sido o de Arapoti, no Paraná, noticiado por mim na postagem de 2 de setembro último.
Três dias depois daquela postagem, no dia 5 de setembro deste ano, o depósito de outra estação pegou fogo: a de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, prédio grande e longo (50 metros de comprimento por 10 de largura) que servia como depósito.
Foto O Pantaneiro
Ultimamente andava vazio, ou quase e estava sendo utilizado pela vigilância sanitária para armazenamento de pneus, retirados de residências e terrenos baldios. segundo informaram os jornais O Pantaneiro e Campo Grande Notícias. De uso da prefeitura (não sei se é de propriedade dela), o incêndio que destruiu parte do prédio há pouco mais de um mês provavelmente tenha sido de origem criminosa. Irrompeu à noite, quando não havia ninguém por ali. Uma parte do telhado desabou.
A estação, construída em 1964, não foi afetada.
Não é o primeiro incêndio na ferrovia na cidade. Podemos ainda chamar de ferrovia, já que há notícias de que alguns comboios cargueiros ainda passam por ali com relativa regularidade. Em 2009, alguns carros de passageiros da antiga Noroeste e que estavam abandonados e enferrujando no pátio da estação foram levados para a periferia. Logo depois, pegaram fogo.
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sexta-feira, 25 de março de 2016
FERROVIAS NO BRASIL DE HOJE: UMA PIADA
Carros de passageiros da Noroeste abandonados em Aquidauana, 2004
A notícia publicada no último dia 21 de março na Campo Grande News (via site da Revista Ferroviária) é simplesmente uma vergonha. Transcrevo abaixo o primeiro parágrafo.
Vejam os senhores que, de acordo com o site de notícias, a concessionária ferroviária que é responsável por operar as antigas linhas da Noroeste do Brasil e da Sorocabana, que ligam Corumbá ao porto de Santos, nega-se a cumprir um contrato de transporte de carga com a empresa-cliente, estabelecido há já cinco anos.
Quais serão os motivos? Se a notícia é verdadeira, haverá partes da linha danificados pelas chuvas, ou mesmo trechos com má ou nenhuma manutenção (a manutenção jamais foi o forte da ALL, recentemente comprada pela Rumo), que impediriam o livre trânsito dos cargueiros? Ou será que a concessionária acha que o valor do contrato não é mais viável, seja lá qual for o motivo?
Mais do texto do artigo:
"Na portaria publicada no Diário da União, a agência afirma que o transporte foi interrompido e estabelece prazo para que seja entregue ao destino. Ainda determina que o material seja levado dentro das condições e tarifas estabelecidas no contrato firmado entre a Arcelor Mittal e a Rumo ALL. De acordo com a publicação, 36 vagões carregados de aço estão parados em Bauru (SP), outros 70 vagões em Três Lagoas e mais 11 em Corumbá. Os três carregamentos de produtos siderúrgicos saíram de Bauru para Corumbá. A empresa tem 20 dias para fazer essa mercadoria chegar ao destino. A empresa também deve fazer o transporte de outras 10 mil toneladas de aço nos próximos 40 dias."
O artigo não expõe as razões da negativa de transporte por parte da Rumo. Porém, lendo a notícia dessa forma como está escrito, fica a impressão de que a medida tomada por esta é algo completamente normal.
Por outro lado, o Governo do Mato Grosso do Sul age como parte interessada na decisão, afirmando que a ferrovia está sendo desativada pela Rumo ALL e que, segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck, há, sim, cargas potenciais para a ferrovia, mas o que falta é investimento por parte da concessionária.
A empresa Arcelor Mittal afirma que não há transporte desde novembro de 2015 e o contrato está em vigor. A Rumo diz que ele acabou no último dia 28 de fevereiro.
Apesar disso, esta ainda tem dois contratos no Mato Grosso do Sul: com a Fibria (Três Lagoas a Santos, trajeto quase todo feito no Estado de São Paulo; Três Lagoas está na fronteira) e com a Vale , entre Corumbá e Porto Esperança (trecho no oeste sul-matogrossense).
Este país está uma vergonha. Tudo vai para a justiça, e mesmo as decisões ali tomadas acabam não sendo realizadas na prática.
Em Cuiabá, o VLT não avança porque a justiça impede. Em Teresina, no Piauí, o metrô cai ao pedaços e o governo do Estado pede dinheiro para reformá-lo, sem saber quando - e se - o vai conseguir. Em Poços de Caldas, um monotrilho de poucos quilômetros que deixou de operar em 2002 e desde então não recebeu qualquer manutenção, agora vai, por ação da Justiça, ter de ser reformado. A concessionária e a Prefeitura tiram o corpo fora e discutem a decisão.
A Transnordestina não avança nas obras e agora quer mais dinheiro, muito mais do que o contrato inicial previa. As obras dos elevados de São Paulo (dois monotrilhos, Morumbi-Congonhas e Vila Prudente-Oratório e uma linha férrea, Penha-Aeroporo de Guarulhos) estão praticamente paradas pelos mais variados motivos.
A cada dia que passa, tenho mais vergonha deste país. País que, aliás, an passant, não tem governo.
A notícia publicada no último dia 21 de março na Campo Grande News (via site da Revista Ferroviária) é simplesmente uma vergonha. Transcrevo abaixo o primeiro parágrafo.
"A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) obrigou, por
meio de medida cautelar, que a Rumo ALL cumpra com as regras definidas em
contrato e atenda a Arcelor Mittal, com o transporte de 10 mil toneladas de aço
e outros 117 vagões carregados que estão parados nos trilhos."
Vejam os senhores que, de acordo com o site de notícias, a concessionária ferroviária que é responsável por operar as antigas linhas da Noroeste do Brasil e da Sorocabana, que ligam Corumbá ao porto de Santos, nega-se a cumprir um contrato de transporte de carga com a empresa-cliente, estabelecido há já cinco anos.
Quais serão os motivos? Se a notícia é verdadeira, haverá partes da linha danificados pelas chuvas, ou mesmo trechos com má ou nenhuma manutenção (a manutenção jamais foi o forte da ALL, recentemente comprada pela Rumo), que impediriam o livre trânsito dos cargueiros? Ou será que a concessionária acha que o valor do contrato não é mais viável, seja lá qual for o motivo?
Mais do texto do artigo:
"Na portaria publicada no Diário da União, a agência afirma que o transporte foi interrompido e estabelece prazo para que seja entregue ao destino. Ainda determina que o material seja levado dentro das condições e tarifas estabelecidas no contrato firmado entre a Arcelor Mittal e a Rumo ALL. De acordo com a publicação, 36 vagões carregados de aço estão parados em Bauru (SP), outros 70 vagões em Três Lagoas e mais 11 em Corumbá. Os três carregamentos de produtos siderúrgicos saíram de Bauru para Corumbá. A empresa tem 20 dias para fazer essa mercadoria chegar ao destino. A empresa também deve fazer o transporte de outras 10 mil toneladas de aço nos próximos 40 dias."
O artigo não expõe as razões da negativa de transporte por parte da Rumo. Porém, lendo a notícia dessa forma como está escrito, fica a impressão de que a medida tomada por esta é algo completamente normal.
Por outro lado, o Governo do Mato Grosso do Sul age como parte interessada na decisão, afirmando que a ferrovia está sendo desativada pela Rumo ALL e que, segundo o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaime Verruck, há, sim, cargas potenciais para a ferrovia, mas o que falta é investimento por parte da concessionária.
A empresa Arcelor Mittal afirma que não há transporte desde novembro de 2015 e o contrato está em vigor. A Rumo diz que ele acabou no último dia 28 de fevereiro.
Apesar disso, esta ainda tem dois contratos no Mato Grosso do Sul: com a Fibria (Três Lagoas a Santos, trajeto quase todo feito no Estado de São Paulo; Três Lagoas está na fronteira) e com a Vale , entre Corumbá e Porto Esperança (trecho no oeste sul-matogrossense).
Este país está uma vergonha. Tudo vai para a justiça, e mesmo as decisões ali tomadas acabam não sendo realizadas na prática.
Em Cuiabá, o VLT não avança porque a justiça impede. Em Teresina, no Piauí, o metrô cai ao pedaços e o governo do Estado pede dinheiro para reformá-lo, sem saber quando - e se - o vai conseguir. Em Poços de Caldas, um monotrilho de poucos quilômetros que deixou de operar em 2002 e desde então não recebeu qualquer manutenção, agora vai, por ação da Justiça, ter de ser reformado. A concessionária e a Prefeitura tiram o corpo fora e discutem a decisão.
A Transnordestina não avança nas obras e agora quer mais dinheiro, muito mais do que o contrato inicial previa. As obras dos elevados de São Paulo (dois monotrilhos, Morumbi-Congonhas e Vila Prudente-Oratório e uma linha férrea, Penha-Aeroporo de Guarulhos) estão praticamente paradas pelos mais variados motivos.
A cada dia que passa, tenho mais vergonha deste país. País que, aliás, an passant, não tem governo.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2016
AS ESTRADAS PAULISTAS DOS ANOS 1930
Mais papelada dos arquivos de meu avô Sud Mennucci. Os mapas aqui apresentados estavam em um jornal não identificado (pode ser o Correio Paulistano), em recortes feitos pessoalmente por meu avô. Também não há identificação de data; porém, pelo aspecto de estilo e de fontes eu diria que foram publicados por volta de 1935 - o marco zero da praça da Sé, com desenhos de meu tio-avô "postiço", o francês Jean Villin (concunhado de minha avó, Maria, esposa de Sud) mostrado em todos eles, foi inaugurado em 1933.
Em tempo: conheci, e muito bem, meu tio Jean, morto em 1979.
Ali são mostrados os caminhos lógicos da época para quem quisesse ir por automóvel a Santos, Rio de Janeiro, Goiás, Paraná, Mato Grosso e Minas Geraes. Além disso, numa reportagem separada, aparecia um mapa da futura Fernão Dias, ainda em construção no trecho mineiro, mas não no paulista.
Na época, a praça da Sé era um bom referencia. Numa cidade de (então) 1 milhão de habitantes, ainda se utilizava a praça da Sé como referência. Como o número de automóveis ainda era relativamente pequeno (menos de 50 mil), o tráfego no centro ainda era bastante razoável e a praça da Sé ainda era frequentada por muitas viaturas. Partir do centro era uma boa alternativa.
Muitas ruas destes mapas ainda não eram calçadas... ainda nessa época, a melhor opção eram mesmo os trens da Noroeste, Sorocabana, Paulista, Mogiana, Central do Brasil, São Paulo Railway. Esses nomes daqui a alguns anos cairão totalmente no esquecimento - assim como as ferrovias brasileiras em geral.
Os mapas mostram os trechos urbanos que eram mais utilizados para cruzar os rios Tietê e Pinheiros: a partir deles, era o "sertão".
As estradas de rodagem utilizadas quando se saía da cidade eram: para Santos, o Caminho do Mar (Estrada Velha); Rio, a São Paulo-Rio (a Dutra se utilizou de vários trechos da antiga estrada); Goiás, a antiquíssima Estrada Velha de Campinas e sua continuação até Goiás; Minas Geraes, a São Paulo-Rio e depois a União e Industria; Paraná, a São Paulo-Paraná, atual Raposo Tavares; Mato Grosso, as Estrada de Ytu e em seguida a "Estrada de Rodagem São Paulo ao Mato Grosso", que começava em Barueri.
Hoje em dia, para sair para estes locais, há estradas que em geral partem do anel rodoviário formado pelas avenidas Marginais (Pinheiros e Tietê). Para ir ao Mato Grosso (e também o do Sul), há atualmente ao menos quatro alternativas: Castelo Branco, Marechal Rondon, Raposo Tavares e Washington Luiz. Para o Paraná, Regis Bittencourt e também a mesma daquela época (Raposo Tavares), via Ponta Grossa. Para Minas, a Fernão Dias e a BR-116. Para Santos, duas estradas, a Imigrantes e a Anchieta. Para o Rio, a Dutra e a Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Para Goiás, via Triângulo Mineiro, a Anhanguera e a Bandeirantes.
As saídas para o Paraná e para Mato Grosso eram ambas pelo mesmo caminho.
Nenhuma destas existia naquela época, exceto a Raposo Tavares e a Marechal Rondon.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
A ESTAÇÃO DE TRÊS LAGOAS, MS
O abandono quase total da linha da velha Noroeste do Brasil há cerca de três meses já deu seus frutos... podres.
Como se sabe, a linha em São Paulo - trecho Três Lagoas (em MS, às margens do rio Paraná) e Bauru - está servindo apenas a um trem cargueiro que transporta celulose de Três Lagoas para o porto de Santos, via Bauru, Botucatu, Mairinque e Santos. Além dele, nenhuma outra composição estaria em atividade. Em Mato Grosso, onde a linha prossegue até Corumbá, tuso está abandonado, desde que a Rumo assumiu o controle da concessionária ALL.
A estação de Três Lagoas está agora total e completamente abandonada. Já foi invadida e alguns papéis que sobraram nos escritórios foram atirados ao chão em meio a um cheiro insuportável.
Nada diferente do que aconteceu com diversas outras estações nos últimos trinta anos à medida em que o trem se tornava uma realidade distante.
A ex-estação terá mesmo sido devolvida à União?
Se sim, não deveria tê-lo sido da mesma forma que a concessionária a recebeu? Certamente, não a recebeu dessa forma.
A linha está coberta de mato.
Atualmente, ela segue diretamente da fábrica para a ponte Francisco Sá sobre o rio Paraná e os trens não passam mais pela linha que cruzava a cidade, muito menos pelo pátio da estação.
O Brasil não muda, mesmo.
Claro que não há ninguém pensando em colocar por ela um trem metropolitano que pudesse ajudar no transporte urbano da cidade.
Por outro lado, aposto que está sendo projetado o alargamento da avenida que passa ao longo da linha, com uma pista em cada lado da linha.
E chega, já basta. As fotos foram tiradas ontem por Daniel Gentili, que gentilmente me as mandou e também teve o desprazer de sentir o cheiro dentro da sala com os papéis.
terça-feira, 19 de maio de 2015
FERROVIAS EM DECOMPOSIÇÃO: MOGIANA, SOROCABANA E NOROESTE
Minério a ser transportado via ferrovia em Porto Esperança: quem vai pegar o espólio? (acervo Tomas Correa)
.
Enquanto o resto do mundo está equivocado mantendo e modernizando suas ferrovias, o Brasil segue sendo o único correto, exterminando suas ferrovias de vinte anos atrás e não construindo novas - apenas dizendo que as constrói.
Óbvio que fui sarcástico na frase acima.
As notícias que caem sobre os ferroviaristas (e ferroviários) como granizo aumentam dia a dia. Vejam esta, enviada a mim hoje. Não vou citar o nome do autor.
Um abraço."
A primeira pergunta é: como um ramal inteiro pode desaparecer dessa forma em Ribeirão Preto? As terras da linha são da União, mais particularmente do órgão Inventariança da RFFSA. Se a concessão ainda estiver nas mãos da FCA - atual VL! - não seria ela a responsável? Quem vai pagar por isso? Não respondam, porque não precisam. Ninguém, como sempre, neste país com excesso de leis, mas que não são respeitadas.
Finalmente, sugiro que dêem uma olhada neste artigo no meu blog, publicado em 2012: O MPF acertou!
E a Sorocabana em Presidente Prudente? Trata-se da antiga linha-tronco da empresa extinta em 1971. De todos os mais de 840 quilômetros dela, poucos são atualmente utilizados - fora o trecho do início, usado pelos trens metropolitanos da CPTM entre as estações de Julio Prestes, em São Paulo, a Amador Bueno, na divsa de Itapevi com São Roque, pouco mais de 40 quilômetros. O que a me mensagem que recebi mostra é que essa linha foi - ou logo vai - para o saco mesmo. Estamos falando de 800 quilômetros de linha.
Finalmente, mais (más) notícias da ex-Noroeste, especialmente a parte de Mato Grosso do Sul, a que me referi dois dias atrás no artigo que pode ser revisto aqui. O governador do Estado, Reinaldo Azambuja, "vai `cobrar responsabilidades` do governo federal e da nova concessionária da rede ferroviária no Estado, a Rumo, para garantir a continuidade da manutenção dos 1,2 mil quilômetros de trilhos que cortam o território sul-mato-grossense". Gostaria que houvesse sinceridade nas palavras do governador - para mim, isso não passa de uma cobrança somente com o intuito de não ser ele mesmo cobrado mais tarde por nada ter tentado fazer para evitar o debacle. Não deve ser de forma alguma prioridade no seu governo. E deveria ser.
As notícias não se limitam a apenas Mato Grosso do Sul. Os mais atentos estão prenunciando que, a curto prazo, a Noroeste toda (Bauru-Corumbá), mais o ramal de Bauru (da ex-EFS) e a antiga linha-tronco da Sorocabana todas vão ser fechadas e abandonadas. São cerca de 2,5 mil quilômetros.
Oremos.
.
Enquanto o resto do mundo está equivocado mantendo e modernizando suas ferrovias, o Brasil segue sendo o único correto, exterminando suas ferrovias de vinte anos atrás e não construindo novas - apenas dizendo que as constrói.
Óbvio que fui sarcástico na frase acima.
As notícias que caem sobre os ferroviaristas (e ferroviários) como granizo aumentam dia a dia. Vejam esta, enviada a mim hoje. Não vou citar o nome do autor.
"Boa Noite Ralph.
É com pesar que informo que estive
esse final de semana em Ribeirão Preto e verifiquei que estão construindo casas
por cima da via do antigo ramal que saía da estação Barracão e ia no sentido de
Sertãozinho. Eles (munícipes) estão arrancando e vendendo os trilhos para o
ferro velho e construindo casas em cima do leito. Ninguém faz nada pra impedir.
Nem prefeitura nem concessionária. Uma vergonha. Não pude sequer tirar uma foto
pois fui ameaçado pelos "proprietários" dos imóveis. No bairro Cidade
Universitária, altura da Avenida Francisco Massaro em toda a extensão da
avenida Rio Pardo (umas 8 quadras) está tudo construído sobre a via. O ramal
nem aparece mais no google maps. Uma tristeza.
Mudando de assunto, me preocupa a
situação da Sorocabana em Presidente Prudente. Estive lá há uns vinte dias.
Meus pais moram do lado da ferrovia há mais de 20 anos. Eles me relataram que
fazia mais de dois meses que não passava nenhum trem, nem mesmo de combustíveis
ou de capina. A via está uma lástima. Transformou-se num grande matagal. Fui
até o pátio da estação e não há mais nenhum vagão de nada. Nem uma locomotiva
sequer. O mato cobre tudo no pátio que fica no centro da cidade. Eu acho que já
perdemos a velha Sorocabana também.
Um abraço."
A primeira pergunta é: como um ramal inteiro pode desaparecer dessa forma em Ribeirão Preto? As terras da linha são da União, mais particularmente do órgão Inventariança da RFFSA. Se a concessão ainda estiver nas mãos da FCA - atual VL! - não seria ela a responsável? Quem vai pagar por isso? Não respondam, porque não precisam. Ninguém, como sempre, neste país com excesso de leis, mas que não são respeitadas.
Finalmente, sugiro que dêem uma olhada neste artigo no meu blog, publicado em 2012: O MPF acertou!
E a Sorocabana em Presidente Prudente? Trata-se da antiga linha-tronco da empresa extinta em 1971. De todos os mais de 840 quilômetros dela, poucos são atualmente utilizados - fora o trecho do início, usado pelos trens metropolitanos da CPTM entre as estações de Julio Prestes, em São Paulo, a Amador Bueno, na divsa de Itapevi com São Roque, pouco mais de 40 quilômetros. O que a me mensagem que recebi mostra é que essa linha foi - ou logo vai - para o saco mesmo. Estamos falando de 800 quilômetros de linha.
Finalmente, mais (más) notícias da ex-Noroeste, especialmente a parte de Mato Grosso do Sul, a que me referi dois dias atrás no artigo que pode ser revisto aqui. O governador do Estado, Reinaldo Azambuja, "vai `cobrar responsabilidades` do governo federal e da nova concessionária da rede ferroviária no Estado, a Rumo, para garantir a continuidade da manutenção dos 1,2 mil quilômetros de trilhos que cortam o território sul-mato-grossense". Gostaria que houvesse sinceridade nas palavras do governador - para mim, isso não passa de uma cobrança somente com o intuito de não ser ele mesmo cobrado mais tarde por nada ter tentado fazer para evitar o debacle. Não deve ser de forma alguma prioridade no seu governo. E deveria ser.
As notícias não se limitam a apenas Mato Grosso do Sul. Os mais atentos estão prenunciando que, a curto prazo, a Noroeste toda (Bauru-Corumbá), mais o ramal de Bauru (da ex-EFS) e a antiga linha-tronco da Sorocabana todas vão ser fechadas e abandonadas. São cerca de 2,5 mil quilômetros.
Oremos.
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domingo, 28 de setembro de 2014
QUE SE DIVIDA O BRASIL. E AÍ?...
Mas havia quem falasse em "separar o sul do norte". Isso, para um paulista, seria dividir a região Sul do País do resto - quatro estados. Mas, isso, em 1960, quando a geografia era diferente e a gente aprendia na escola que a Região Sul era essa. Hoje - e não sei exatamente desde quando - é diferente, pelo que sei, a Região Sul tem somente três estados e a Leste tem quatro - São Paulo, Rio, Minas e Espirito Santo.
Na minha eterna ingenuidade, eu separaria os três Estados do Sul junto com São Paulo e o Mato Grosso do Sul. Economicamente, um belo País. Resta saber se os outrso Estados deste "Brasil do Sul" concordariam com isto. E, principalmente, se o resto do Brasil - o "Brasil do Norte" - concordaria... enfim, fazer isso sem derramar sangue seria difícil num país onde a miscigenação racial e cultural é grande, mas que, mesmo assim, tem enormes diferenças.
Não precisa ir longe. São Paulo é muito diferente do Rio de Janeiro. Principalmente as cidades, e também, mas menos, os Estados. E no Nordeste, que, nós do sul pensamos que "é tudo igual", está longe disso, muito longe. E por aí vai.
Mas vamos lá. Suponham que todos concordem, faça-se um plebiscito e a divisão seja feita nesses moldes. Todos soltariam fogos nas ruas etc. E no dia seguinte começariam as brigas. Ou mesmo antes, mas como teria de se arranjar alianças para as aprovações da separação no Congresso, certamente seria antes.
Vamos deixar o Brasil do Norte para lá, que se iria com a grande parte do petróleo brasileiro e com praticamente todas as jazidas de minério de ferro e de minérios em geral. Valeria a pena para o Sul? Ou para o Norte? O Brasil do Sul iria ter de importar quase toda a matéria-prima de que necessita - petróleo, minério de ferro e outros?
Enquanto isso, no Brasil do Sul, discutir-se-ia muito qual seria a capital do país. Discutir-se-ia muito mais redivisões nos cinco Estados que o formariam. São Paulo é a maior cidade. Deveria ser a capital? Acho que não. A capital deveria ser no interior? Dever-se-ia (pelamordedeus) se construir uma nova capital? Deveria haver um Distrito Federal?
E os deputados e senadores - manteríamos como se é atualmente? Já está mais do que provado de que não dá certo. Deveríamos fazer o voto distrital. Mas aí vem a pergunta: quem disse que há mais gente incorruptível no sul do que no norte?
E o nome? O Brasil nasceu no Norte. Na Bahia. As capitais - três - foram sempre no "norte", incluindo o Rio de Janeiro. Não poderíamos, teoricamente, ficar com o nome "Brasil do Sul". E teríamos de arrumar um nome para o país. E agora?
A única vantagem: O pt ficaria com o norte. Vantagem para o sul, claro... Na verdade, eu acho que esta hoje seria o maior motivo para se dividir o Brasil dessa forma. Não falo por mim, mas por muita gente que conheço. Muita mesmo.
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sábado, 24 de dezembro de 2011
MINERADORA INVESTE 7,6 BILHÕES DE REAIS... MESMO?

O jornal O Estado de S. Paulo publicou anteontem notícia com o título "ALL, Triunfo e Vetorial anunciam mineradora e preveem investir R$ 7,6 bi". Analisando a notícia, dá para ver que (infelizmente) isso não é tão simples assim.
Com a ajuda de alguns outras pessoas que se interessam pelo assunto transporte e infraestrutura, dá para notar que há muito o que se percorrer para fazer esse projero se concretizar. Trata-se de uma minha de ferro em Corumbá, MS, mais precisamente na localidade de Urucum. O minério terá de ser transportado de lá até um porto - provavelmente o de Santos - e dali será exportado aos interessados. Com a linha que existe hoje, esse trajeto leva 28 dias.
O nome da empresa que será constituída para esse fim será Vetria. Uma consideração: essa jazida de minério de ferro em Urucum, uma das maiores do Brasil, já é conhecida há muito tempo. No final dos anos 1940 já havia projetos para se a utilizar. Por que será, então, que está se tomando tanto tempo para que isso seja feito? Já são cerca de setenta anos. A mina já é, na verdade, operada pela Vetorial, mas com produção limitada, pois o escoamento do minério é feito por via fluvial.
Segundo a notícia, "nos próximos quatro anos, a nova companhia vai investir R$ 7,6 bilhões para ampliar a produção da mina e eliminar os gargalos logísticos que hoje atrapalham a exploração do minério na região, explica Paulo Basílio, presidente da ALL, que terá 50,4% de participação na nova empresa. A Vetorial terá 33,8% e a Triunfo, 15,8%. A ferrovia vai receber quase dois terços dos investimentos (...)(na) modernização da linha atual, que liga Corumbá ao Porto de Santos".
A "linha atual" é quase todo o percurso da antiga Noroeste do Brasil (cerca de 1.300 km de Bauru a Urucum), mais a antiga linha da Sorocabana de Bauru a Mairinque - cerca de 350 quilômetros - somado ao trecho Mairinque-Santos. Tudo isso dá um total aproximado de 1.800 quilômetros de linha, que, diga-se de passagem, está em mau estado: com exceção do trecho Mairinque-Santos (150 km), o resto é tratado a tapa: só se dá manutenção quando acontece algum acidente. Uma reforma decente para ser usada com tráfego pesado demandará muito dinheiro.
Além disso, a empresa ainda precisa de um sócio disposto a injetar 2,3 bilhões de reais, ou 30% do investimento total. Muito dinheiro. Um investidor precisa de algo muito mais concreto do que o que está escrito na reportagem. É preciso também a licença para a instalação de um terminal no porto de Santos, terminal este que já foi rejeitado pelo governo numa primeira vez. Uma aprovação de projeto pelas áreas reguladoras demora... muito, como tudo neste país.
Fora isto: há problemas de calado no porto de Santos. Dizem que o necessário para um projeto desses é 14 metros. Santos não tem isto. Mais: o porto não tem licença ambiental para exportar minério. A cidade é cidade turística famosa por suas praias e jardins, ao contrário de Vitória e São Luíz. Para o porto ter espaço destinado ao estoque regulador, com resíduos em suspensão que serão certamente gerados, alguém vai dar esta licença? Em quanto tempo?
Pode-se, claro, transportar o minério mais 400 quilôemtros até o porto de Spetiba, no Rio. Mas, como não há anel ferroviário em São Paulo (espera-se há mais de 50 anos por um), o minério vai ter de passar pelas linhas da CPTM e pela estação da Luz (olhem os resíduos!!). Para isso, em algum ponto, vai ter de mudar bitola (métrica para larga).
Isso tem toda cara de notícia divulgada para se tentar arrumar um investidor de grande porte. Esse projeto tinha alguma esperança na época que o Eike Batista estava com a intenção de fazer um porto em Peruíbe para o embarque de minério e outras mercadorias. Depois que o projeto desse porto foi enterrado, fica-se com a impressão de que essa notícia é só fachada, pois o porto de Santos, salvo novos investimentos de muito, mas muito grande porte, não teria como absorver essa quantidade de minério a ser embarcada.
Enfim... ou baixa um milagre, ou essa é mais uma das notícias que logo, logo, vão para o arquivo. (Agradecimentos a Antonio Gorni, Carlos Almeida e Mario Favareto).
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
EVANGELISTA DE SOUZA
A estação ferroviária de Evangelista de Souza fica no alto da serra do Mar, perdida no meio do nada e com um acesso por carro pavoroso. A partir dela começa a descida da serra até a baixada santista e uma sequência de uns vinte túneis construídos nos anos 1930. Há uns dez anos tentei chegar até ela e desisti. Recentemente, sei que deram um "trato" na estrada, mas que mesmo assim está difícil. Porém, sempre há uns malucos que conseguem chegar até ela.
Foi o caso de outros "ferreomaníacos" como o Otavio e o Beni. Eles retrataram as crateras e as voçorocas que se formaram no início deste ano no pátio da estação, cujo nome vem do Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, e era aqui que se juntavam as linhas da Mairinque-Santos, terminada em 1938, e o ramal de Jurubatuba, de 1957, que é a linha da CPTM que acompanha o rio Pinheiros. Este último já teve os trilhos arrancados em grande parte de sua extensão, após o ponto final dos atuais trens da operadora de trens metropolitanos, mas a Sorocabana e a FEPASA chegaram a operar trens de passageiros por ali até 1976 - ou seja, por dezenove anos (nem é muito, não é?).
Voltando às voçorocas, pergunto: como pode uma concessionária operar mantendo um pátio nessas condições, que a qualquer instante pode desbarrancar de vez, levando trilhos e eventualmente até os trens eventualmente estacionados ou que estejam passando pelo local? Os comboios da ALL que passam por ali são pesados e longos e escoam quase toda a carga que vem do Estado de São Paulo, boa parte de Minas Gerais e praticamente toda a que vem dos dois Mato Grosso para o porto de Santos. Se a linha for cortada ali, é prejuízo certo.
Esse movimento de terra não apareceu por acaso: ele provavelmente se originou com as chuvas de dezembro, janeiro e fevereiro passados, que, como sabemos, arrastou muita terra em diversos estados do Sul e Sudeste do País. Não sei realmente quem é o responsável pelo conserto ali: se a União, que é a dona da ferrovia, ou se a concessionária. De qualquer forma, ela já deveria estar arrumada. Já está ali há pelo menos sete meses. Parece que ninguém está dando a menor importância para aquilo. Não é surpresa, considerando-se o monitoramento das concessionárias feito (ou não feito) pela ANTT.
Salve-se quem puder! Ferrovias à deriva!!!
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segunda-feira, 5 de julho de 2010
TRÊS LAGOAS NA HISTÓRIA DO BRASIL

É, meus caros. Ferrovia não tem vez neste País. Se fosse algo ultrapassado, vá lá. Mas é ultrapassado somente na visão dos políticos que governam (mal) este país. O jornal Dia a Dia, provavelmente da região, fronteira de Mato Grosso do Sul com São Paulo, coloca em manchete que foi "iniciada a obra do contorno de Três Lagoas".
Cidade com pouco mais de cem mil habitantes, segundo a Wikipedia, a reportagem diz que a tarde do dia 2 de julho entra para a história da cidade, pois marca o início das obras do contorno ferroviário. Que maravilha! Imaginem o que uma ferrovia que passa no meio de uma cidade com cem mil habitantes deve atrapalhar seu "enorme" trânsito.
A relação de políticos presentes à "festa" era impressionante. Quase havia mais políticos do que população. Inacreditável. Em Três Lagoas não deve haver coisa alguma para se fazer, então todos dão festa por qualquer motivo. A prefeita discursou e disse que o dia era muito importante pois marcava um antigo sonho da população da cidade. Sério mesmo? Não há nada de mais importante que se possa fazer pela enorme metrópole de Três Lagoas?
A cidade nem esgoto tem! Aliás, nem água corrente. Que coisa, hein? Mas tirar os trilhos - é por causa deles que a cidade existe - é mais importante. Façam uma avenida! Não é disso que todo prefeito gosta? E não se esqueçam de pôr nela o importantíssimo nome de algum político da região. Disso, prefeitos também gostam. Em segundo lugar, vem colocar os nomes dos pais, tios e parentes.
Divirtam-se! Deus salve o Brasil!
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