Hoje foi um dia bastante movimentado para mim. Fui resolver pequenos problemas nos Campos Eliseos (rua Santa Ifigênia), avenida da Liberdade, Vila Pompeia e bairro da Bela Vista em Barueri. Fora minha passada duas vezes pelo meu escritório na avenida Faria Lima.
Fiz isso parte de carro, parte de metrô e parte a pé.
De casa ao Jardim Paulistano, onde deixei o carro na avenida Rebouças (parte estreita, perto da Marginal); depois, do escritório, fui até a estação Faria Lima (Largo da Batata) a pé (pouco menos de dez minutos), tomei o metrô até a estação da Luz, onde desci e fui a pé até a rua Santa Efigênia via Casper Líbero e rua dos Timbiras; dali até a estação São Bento, onde tomei outra vez o trem para descer na estação São Joaquim. Em seguida, fix o percurso de metrô até a Luz e baldeei para a Linha 4, desci de novo no Largo da Batata, fui ao escritório, peguei minhas coias, fui até onde o carro estava e dali segui via Vila Madalena até a Heitor Penteado, pela rua Apinagés cheguei na Alfonso Bovero e dali à Vila Pompeia.
Fiz o que precisava e fui para a Marginal do Tietê, via Guaicurus, Lapa de cima (não cruzei a linha), até a ponte da Anhanguera e peguei a Marginal Tietê até Barueri. O bairro da Boa Vista fica ao lado da estrada, à direita de quem vai para o interior. Parei o carro e tive de andar pelo menos oito quarteirões de rampas para recolver o que precisava. De lá fui de carro para casa.
Enquanto ando por São Paulo presto muita atenção a tudo em volta, principalmente quando ando a pé.
Para não dizer que só falo mal da cidade (da qual gosto muito, apesar de tudo), sinto que em certo aspecto houve alguns progressos: os prédios antigos que ainda estão de pé por todos os bairros mais antigos começam a ser mais cuidados, restaurados, pintados de várias cores um ao lado do outro e isso é muito bom.
Por outro lado, boa parte deles vêm sendo derrubadas nos últimos anos, especialmente por causa da especulação imobiliária. A cidade está mais suja, embora o centro velho e novo e também outros bairros próximos a eles estejam mais limpos do que alguns anos atrás. Meio surpreendente, realmente. A exceção é a Cracolândia, triste nome atual de parte do bairro dos Campos Elíseos. Mas até lá há algumas construções bem mantidas. Pouco pode se fazer quanto a isto. A verdade é que essa conservação não tem nenhum estímulo da Prefeitura, que pouco se lixa por isso. É apenas resultado de uma conscientização que começa agora, tardiamente, a ser feita pelos proprietários e arrendatários de alguns imóveis. Ainda há, infelizmente, muita coisa em ruínas ou totalmente desfugrada e mal cuidada.
As calçadas estão imundas, quebradas... parte disso é pela falta de chuvas que completa agora quase um ano e mesmo quem quer limpá-las vai fazer isso com vassoura, pois lavar calçadas hoje é praticamente um crime de desperdício de água. A quantidade de chicletes pisados, círculos pretos nas calçadas de grande movimento é simplesmente impressionante e praticamente irremovível: eles acabam se autolimpando com a degradação da borracha que contêm, mas como a "renovação" de chicletes jogados ao chão é muito grande, elas nunca acabam.
Bitucas de cigarros aparecem em incrível quantidade, algo verdadeiramente impressionante em pontos de ônibus, frente de bares e mesmo pontos de longa espera de pedestres para atravessa as ruas.
O que eu estava pensando é que sempre gostei das fotos da velha São Paulo, com o casario que existia até os anos 1940, sempre com algum estilo, do mais simples até o mais extravagante, mas sempre feito por gente que queria que sua casa fosse bonita, muitas delas com a fachada no limite das calçadas, com belas portas, varandas laterais ou frontais, janelas de madeira, portões de ferro, casas que quando eram recuadas mostravam muros baixos que ninguém pensava na época que poderiam a ser invadidos por bandidos, vagabundos e drogados.
A partir dos anos 1950, as construções, tanto de casas, como de edifícios altos e de galpões passaram ser verdadeiros caixotes, sem qualquer preocupação de beleza ou de harnonia arquitetônica. O condreto passou a imperar, e, convenhamos - há algo mais horrível do que concreto?
E, por gostar demais dessas construções, quando as defendo e defendo sua conservação, sou considerado por muitos como sendo um saudosista, um nostálgico dos "velhos e bons tempos". Detesto a verdadeira muralha de prédios que se formou na cidade e que está se espalhando pelas cidades limítrofes (até Barueri, por exemplo, onde passei hoje), tapando a visão do horizonte, sombreando a cidade e também - este um dos maiores problemas - cada vez mais enchendo a cidade de habitantes e transormando-a num monstro de mais de doze milhões de habitantes. Se juntarmos as cidades da área metropolitana, trinta e nove ao todo, teremos quase vinte milhões.
Aí, reclamamos da limpeza, do asfalto esburacado, das enchentes costumeiras, do lixo espalhado, das clçadas quebradas, do barulho que se prolonga naquele bar perto da sua casa que toca músca alta até quatro da manhã, dos congestionamentos quase incessantes a qualquer hora do dia, da falta de transportes coletivos, do racionamento da água que o governo não admite, da eletricidade que vira e mexe falta a qualquer vento ou garoa que caia, dos mendigos da cracolândia, da violência incessante, dos motoboys e dos ciclistas, do excesso de caminhões, dos prédios que caem de repente "por que a prefeitura não fiscaliza", dos impostos prediais e territoriais altíssimos que o prefeito quer aumentar a níveis muito mais altos que a inflação, da corrupção dos vereadores, secretários e funcionários em geral.
Como um blogueiro que sou, minha característica é sempre achar que meus pensamentos são fantásticos e que sou portanto o dono da verdade. É o que gostaria de ser, realmente, mas, na prática, sou apenas um palpiteiro que tem gente que apoia e gente que me chama de imbecil e arrogante.
O fato é que a cidade somente melhorará se o povo, seus moradores, tomarem conta dela, no sentido de sua manutenção. Quer calçada e sargetas limpas? Limpemos nós mesmos, se possível pelo menos varrendo e catando lixo que os mal educados jogam durante todo o dia. O problema é que não podemos fazer muito mais do que isso - e pouca gente faz.
Se quisermos deixar mais vezes o carro na garagem para usar o transporte público, haverá dois problemas: um, que, especialmente os ônibus, são em grande parte velho e parece que vão se desconjuntar; sacodem no asfalto esburacado (e há ruas que ainda são de paralelepípedos) e é um pesadelo andar neles, mesmo nos corredores (Estou falando dos corredores bem-feitos, como os da Nove de Julho, Rebouças e Santo Amaro, e não nos improvisados, "feitos" recentemente pelo sujeito que pensa que é prefeito, mas age como um tresloucado). Enfim, um incompetente. O segundo problema é que, quanto mais gente deixar os carros na garagem, mais cheios serão os trens e ônibus - pois há poucos em relação ao número de pessoas e, se metade da população que anda de carro deixar de andar e tentar usar o transporte coletivo, será um caos.
Porém, há que se reconhecer que mesmo o prefeito incompetente que temos hoje ou qualquer um - não podem fazer muita coisa. Cai um prédio ou um viaduto na avenida, como já aconteceu este ano, e a culpa ;e de pefeitura, que não fiscalizou.
Ora, imaginem a quantidade de construções existem em São Paulo e que precisam de fiscalização. Não há qualquer condição de se fazer isso, assim como, com o número de policiais que temos, não se consegue nem pensar em conter a violência (nota: policiais sõ atribuição estadual). Não há como manter os logradouros limpos. Eles são demais e nossos habitantes são, em grande maioria, um bando de porcos. Enfim, quando sugeri há uns dois anos atrás neste mesmo blog que São Paulo deveria congelar a construção de novos edifícios, ou melhor, qualquer nova construção, permitindo apenas reformas ou restaurações que não aumentassem de forma alguma a atual área construída (e de preferência derrubando construções sem condições de uso decente, neste caso prédios altos e velhos), eu estava dizendo que, muito mais que sonhar com a cidade que era São Paulo até os anos 1940, eu estava afirmando que a atual São Paulo é inviável. Não há prefeito que consiga dar conta da fiscalização necessária.
É hora de parar e pensar. Não é por acaso que escrevi hoje este blog. Além de meu "passeio" pela cidade, neste mesmo dia inglório o Prefeito sancionou o novo plano diretor que prevê o adensamento de construções ao longo das linhas férreas, especialmente as que estão sendo construídas ou projetadas agora. Ou seja, ele está permitindo que a cidade atinja o colapso em pouco tempo em nome do interesse de uma minoria.
quinta-feira, 31 de julho de 2014
ANDANDO E PENSANDO POR SÃO PAULO CITY
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