quarta-feira, 2 de julho de 2014

O ANHANGABAÚ DE HOJE

Prédios na São João entre a avenida Prestes Maia (à esquerda) e a rua Líbero Badaró (ao fundo). Foto tirada por mim nesse dia
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Pois é, na última segunda-feira, dia 30 de junho, fui ao centro da cidade ("fui à cidade", como ainda costumo dizer) para resolver um problema na Prefeitura de São Paulo ali no Anhangabaú.

Para mim, é sempre uma enorme satisfação ir ao centro. Fui de ônibus pelo corredor da Rebouças e desci na Xavier de Toledo.

Desci as escadas da ladeira da Memória. Pobre monumento, uma das construções mais antigas de São Paulo ainda de pé (a cidade é de 1554, mas o obelisco da memória é de 1818!), todo pichado, sem água na fonte, esta sem funcionar. Duvido que seja por causa da falta de água, é falta de manutenção da Prefeitura mesmo, falta de vergonha na cara.

Desci e segui pela rua Formosa (ainda existe uma placa daquelas azuis de metal antiga, meio enferrujada, com o nome da rua na esquina do prédio da Light). Fui à Prefeitura e na saída tive de dar uma volta porque ali está montado o local para a "Fan Fest" da Copa do Mundo. Nesse dia tinha jogo da Argentina, eram umas onze horas (o jogo seria às 13 horas em Itaquera) e o local parecia meio vazio.

Digo "parecia" porque a Prefeitura colocou no vale, que já deixou de ser bonito há muito tempo (gostaria de tê-lo conhecido ao vivo nos tempos entre 1910 e 1950, quando os palacetes Prates, o Palacete Fiscal ainda estavam ali, com jardins maiores e mais limpo, sem aquele calçadão feio e sujo de hoje), colocou placas de zinco para separar a visão de quem passa por ali. E o som que vinha dali era pouco. Deixaram o parque mais horroroso ainda.

Encontrei alguns argentinos do Chacaritas Juniors, aquele time da segunda divisão argentina que tem um uniforme praticamente igual aos do São Paulo F. C.; conversei rapidamente com eles e contei a epopeia do meu filho Alexandre, que ano passado foi a Buenos Aires e assistiu com amigos a um jogo do Chacaritas. Os amigos ele conheceu pela Internet. Alexandre, claro, com a camisa do São Paulo e foi muito bem recebido.

A sede e o estádio do clube ficam na cidade de General San Martin, cidade da zona metropolitana de Buenos Aires.

Continuei andando até a São João, onde fotografei prédio do quarteirão da avenida entre a avenida Prestes Maia e a rua Líbero Badaró. Lindos prédios dos anos 1920 e 30.

Segui dali pela São João no sentido bairro. No quarteirão entre o Anhangabaú e a rua Conselheiro Crispiniano, passei pela primeira vez na frente do casarão que por muito tempo abrigou o Conservatório Musical de São Paulo e que passou depois anos abandonado. Está muito bem restaurado; entrei, subindo as escadas. Dois seguranças internos me disseram que ele está normalmente fechado, não tem um uso definido ainda (restauraram para que, afinal?). Porém, neste momento, está alugado temporariamente para os jornalistas que cobrem a Copa do Mundo em São Paulo (quais e quantos são, não sei). Resultado: só deu para ver a escadaria e o hall de entrada mesmo.

Segui e tomei o ônibus na rua Conselheiro Crispíniano, voltando com ele para o escritório. Valeu a pena o passeio. E pensar que, hoje em dia, muitíssimos paulistanos jamais pisam naquela região.

Um comentário:

  1. Fico deprimido quando visito o centro de SP.
    Na década de 70/80 o centro fervilhava. Muitas pessoas nas ruas.
    O Viaduto do Chá, a Rua Direita, a Praça da Sé cheias de gente. Era até difícil de andar...
    A Mesbla e o Mappim funcionando a mil, este último com fila para entrar nos antiguíssimos elevadores com portas pantográficas. Os cines Marrocos, Olido, Paiçandu, Art Palácio, Ritz, Ipiranga, Metro, Metropole, Comodoro, etc, todos em funcionamento e com muitos frequentadores.
    Os restaurantes do entorno da Praça da República e Largo do Arouche abertos e com bom movimento.
    A Av. São Luiz e o final da Ipiranga com suas joalherias e agências de turismo. O hotel Hilton, o glamour do terraço itália e o charme do Copan e seu cinema. Os belos lagos da Praça da República. Os bonitos chafarizes da Praça da Sé. As escadas rolantes da Galeria Prestes Maia. As sessões de cinema do Bijou. As lojas de modelismo da Rego Freitas. Enfim...são muitas lembranças boas.

    Já hoje em dia, quase tudo acabou.
    O centro esta vazio, morto.
    As ruas às moscas. As lojas, todas de segunda linha, vazias.
    Os cinemas fechados. E o pior, o medo de ser assaltado.
    O que fizeram com nossa cidade?

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