Mapa que mostra a linha de Jacutinga e outras linhas próximas (Extraído do livro Vias Brasileiras de Comunicação, Max Vasconcellos - 1928)
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A linha de Jacutinga, da Central do Brasil, tinha um trem de passageiros que desde 1914 até 1970 percorria o ramal que começava em Governador Portela (Estação da linha Auxiliar da Central do Brasil) e terminava na linha da Barra da Rede Mineira de Viação, em Santa Rita de Jacutinga, onde havia uma estação para cada uma das ferrovias, em bitola métrica. Passava por duas cidades importantes do século XIX: Vassouras e Valença.
Seus antecessores foram os trens que corriam em dois pequenos trechos isolados, um ligando Barão de Vassouras à estação de Vassouras (Carril de Vassouras) e outra, Desengano (hoje Juparanã) a Valença (União Valenciana). Com a abertura da linha de Jacutinga, entre 1914 e 1918, as duas ferrovias do século XIX foram desativadas. A Central utilizou parte dos leitos das duas antigas ferrovias que percorriam partes do trecho do ramal desde o século XIX.
ACIMA: Horário dos trens do Rio de Janeiro para Santa Rita de Jacutinga em 1932. Notar que havia horários diferentes dependendo do tipo de trens (sempre, na época, com prefixo R- e S-) e pontos de destinos finais: alguns não iam até o final do ramal, mas somente até Barão de Vassouras ou Valença ou ainda Rio Bonito (depois Vila Pentagna), tendo de baldear para o RV-5 (Guia Levi, fevereiro de 1932)
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Entre as estações de Barão de Vassouras e de Barão de Juparanã, ambas na linha do Centro da Central do Brasil, havia bitola mista para que o trem do ramal, em bitola métrica, pudesse trafegar.
A linha terminava em Santa Rita de Jacutinga, depois de cruzar o rio Preto e entrar alguns metros em território mineiro. Nessa cidade podia-se tomar a linha da RMV, que fazia o percurso Soledade de Minas a Barra do Piraí. Ali havia duas estações: havia de caminhar de uma até a outra para mudar de trem.
Havia também automotrizes a gasolina que percorriam certos trechos do ramal (ver Subúrbios de Vassouras). Essas foram as únicas locomotivas ou automotrizes que esse ramal viu. As diesels não andaram nunca por ali.
Depois de desativados em 1970, a linha foi erradicada em 1972. Os trilhos foram
retirados. Hoje o único trecho com trilhos do velho ramal é justamente o
pequeno trecho de bitola larga entre as estações de Barão de Vassouras e Barão
de Juparanã, sem, claro, o terceiro trilho.
Devia ser muito bonita a viagem pelo ramal. Podemos ter uma ideia lendo o que se segue.
Estação de Governador Portela (Acervo
Marcelo Lordeiro - 1972)
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Partindo da estação de Governador Portela, no KM 111,730, O trem deixava a estação
pelo ramal, tangia as encostas da Serra da Viúva e subia até o ponto da linha no km 118.
PONTO
DA LINHA NO KM 118 (Extraído do livro Vias Brasileiras de Comunicação,
Max Vasconcellos - 1928)
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Até aqui o trem seguia pela vertente sul da serra, de
onde se descortina o vale do rio Santana. Depois passava por diversas fazendas,
pela parada de Monsores e chegava à estação do Morro Azul do Tinguá, no km 124,278.
ESTAÇÃO
DE MORRO AZUL DO TINGUÁ - KM 124,278 (Foto Jorge A. Ferreira 2006)
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Na descida
do vale do rio Tinguá, o trem seguia para sudoeste, passava por mais fazendas,
pontilhões, pela estação da Sacra Família.
Estação da Sacra Familia do Tinguá (REVISTA EU SEI TUDO
- 1930).
Dali, descia para noroeste, passava por uma série de morros, pela Fazenda Palmital, voltava para sudoeste e chegava à estação de Palmas, mais tarde chamada de Barão de Amparo, no km 132,014.
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Estação de Palmas, mais tarde Barão de Amparo (REVISTA EU SEI TUDO
- 1930)
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O trem então voltava para noroeste, passava por outro vale, pela Fazenda
Triunfo, pela estação de Engenheiro Nóbrega (antiga Triunfo), pela Fazenda
Cachoeira, onde virava para nordeste, voltava para noroeste, acompanhando então a
rodovia que seguia de Vassouras para Mendes, cruzava a passagem da rua Visconde
de Araxá e chegava à estaçào de Vassouras, no KM 148,418.
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O trem logo saía da
estação e passava por um pontilhão de seis metros no KM 148,600. Desse pontilhão só sobrou uma das cabeceiras em pedra.
PONTILHÃO
DE 6 METROS. Do pontilhão só sobrou uma das cabeceiras em pedra
(Foto Jorge A. Ferreira - 2008)
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A partir dele, a composição se voltava para
noroeste, subia até o km 150,700 e passava a acompanhar a vertente do rio das
Pedras, num vale encachoeirado, descendo até próximo ao rio Paraíba, cruzando o
rio das Pedras ao lado da linha de bitola mista (larga e métrica) na ponte do rio das Pedras, no km 154,500, também chamado de Rio das
Mortes. A ponte é a ponte de Barão de Vassouras.
PONTE
SOBRE O RIO DAS PEDRAS. A ponte (leia a placa) é a Ponte de Barão de Vassouras. Aqui nesta foto
a bitola métrica do ramal já não existia há tempo. A que aparece é a linha do
Centro (Foto Ralph M. Giesbrecht - 1998)
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Desta ponte de 31,80 m de extensão, o
trem seguia até a estação de Barão de Vassouras, no km 154,667, já na chamada linha do Centro. Aqui o ramal se juntava
à bitola mista.
ESTAÇÃO
DE BARÃO DE VASSOURAS, na linha do Centro. Aqui o ramal se juntava
à bitola mista (Foto Ralph M. Giesbrecht - 1998)
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Daqui, o trem voltava a
cruzar a ponte, agora já na linha de bitola mista (três trilhos) e por ela
acompanhando as águas do rio Paraíba do Sul até cruzá-lo pela ponte do
Desengano, em curva de 173 m, por onde chegava à estação de Barão de Juparanã, antiga Desengano, no km 157,815 e também na linha do Centro.
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Aqui o
trem deixava a bitola mista. A linha se
separava e a composição seguia no sentido norte até galgar a serra das
Cruzes, donde se via um lindo panorama no km 161. Aí cruzava um afluente do rio
Quirino e acompanhava o rio virando para oeste, passando pela estação de
Quirino, passava pela mata onde outrora houve cafeeiros (no século XIX),
passava pela estação de Carvalho Borges, cruzava finalmente o rio Quirino, em
marcha ascendente até atravessar o topo do divisor de águas dos rios Paraíba e
Preto, no km 174 a 582 m de altitude. O trem passava a descer acompanhando o
rio Esteves, que cruzava pouco antes de chegar à estação de Esteves. no km 176,121.
ESTAÇÃO
DE ESTEVES (Foto Jorge A. Ferreira - 2004)
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Depois desta o trem
continuava acompanhando o rio Esteves, cruzando-o, passando pela estação de
Chacrinha, cruzava de novo o rio, subia e chegava à estação de Valença, ou Marquês de Valença, no km 182,850.
ESTAÇÃO
DE VALENÇA, ou MARQUÊS DE VALENÇA - KM 182,850 (Foto Jorge A. Ferreira - 2006)
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Saindo da estação, o trem cruzava o rio Barros, seguindo para nor-noroeste e
cruzando o rio das Flores por uma ponte de 19 m, no km 186,4. Subia pelo
chapadão entre o vale deste rio e o do rio Bonito, passava pela estação de
General Osório, a partir da qual descia, cruzava o córrego Cantagalo, passava
pela estação de Santa Inácia e pela fazenda do mesmo nome, voltando a subir até
a altitude de 576 m, seguia até acompanhar um trecho do rio Bonito, cruzava-o
no km 196, para depois descer rampa forte até chegar à estação de Vila Pentagna, antiga Rio Bonito, no km 197,949.
ESTAÇÃO
DE VILA PENTAGNA, ANTIGA RIO BONITO - KM 197,949 (Foto Nelson Mça Jr - 2007)
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O
trem deixava a estação no fundo do vale e percorria um trecho difícil até o alto da Serra da Taquara, no KM 200. "Belíssimo local. Hoje, sem trilhos, uma
estrada para automóveis e caminhões precária e extremamente perigosa".
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Aqui, na garganta do Alto do Brilhante, altitude 594 m, o trem descia, já na vertente do rio Preto, passando pela estação de Coroas, no km 202,788.
ESTAÇÃO DE COROAS - KM 202,788 (Foto Jorge A. Ferreira - 2008)
. Após esta estação, a linha passava a seguir para oeste, onde se vê, ao longe a serra Negra. Tomando a direção nordeste, o trem passava pela antiga parada de Guimarães e já em rumo noroeste, passava por uma ponte sobre uma pequena cacheoira do córrego Macuco, cruzava uma pequena rodovia, um viaduto e já estava na estação de Alberto Furtado. Dali continuava, acompanhando a partir de agora o rio Preto no sentido oposto ao seu curso. Cruzava a ponte sobre o ribeirão Santa Delfina, passava ao lado das corredeiras do Criminoso, no rio Preto, mudava o curso para sudoeste acompanhando o rio, passava ao lado de uma ponte interestadual que cruzava o rio Preto - do outro lado do rio é território mineiro - coberta de zinco e fechada no meio por uma porteira, em frente à parada Coutinho, tranpunha o córrego São José, passava pela fazenda São João da Mata, tranpunha o rio Ubá e chegava à estação de Parapeúnas, antiga Rio Preto, no km 221,308. A cidade atendida por esta estação fluminenses estava do outro lado do rio Preto - justamente Rio Preto.
ESTAÇÃO DE PARAPEÚNAS, ANTIGA RIO PRETO (Foto www.riopreto-mg.com - ANOS 1930)
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Saindo da estação, o trem subia o vale, lembrando sempre que seguia no sentido oposto ao rio, atravessava o ribeirão São Pedro por ponte de 11 m, mais 4 pontes nos 9 km seguintes, passava pela estação de Fernandes Figueira, depois pela Fazenda Glória, por um pontilhão e chegava à estação de Coronel Cardoso, no km 238,237.
ESTAÇÃO DE CORONEL CARDOSO - KM 238,237 (Foto Nelson Mendonça - 2007)
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Saindo da estação o trem cruzava uma ponte de 41 m sobre o córrego São Fernando, continuando pela margem direita do rio Preto e sempre vislumbrando a serra da Taquara à sua esquerda. Mais um pouco e se via a fazenda Santa Clara, do outro lado do rio, e a fazenda Santa Teresa, no lado fluminense, e o trem chegava à estação de João Honório, antiga Santa Clara, no km 242,256.
ESTAÇÃO
DE JOÃO HONORIO, antiga SANTA CLARA - KM 242,256 (Foto Luiz Antonio Mathias
Netto - 1996)
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Saindo dela, o trem passava pelo morro de Santa Clara, cruzava o
córrego Indaial, pela fazenda São Francisco, pela cachoeira Barbosa Goçalves,
passava pela estação do mesmo nome, no km 247,600, depois por um viaduto sobre
uma estrada de rodagem, e no km 251,600 cruzava, junto à fazenda São Mathias, o
rio Preto numa ponte de 54 m, construída sobre uma cachoeira. Entrava então em
território mineiro, seguindo para noroeste entre pequenos morros e vegetação
densa. Subia acompanhando a margem esquerda do rio Bananal onde existe a
cachoeira de Areias. Os
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passageiros já podiam ver dali a linha da Rede Mineira
que também chegava a Santa Rita de Jacutinga; a seguir, passava por um túnel de
136 m sob o morro das Areias, cruzava-se o rio Bananal e em seguida entrava no
pátio da estação da Central do Brasil em Santa Rita do Jacutinga, no km 258,409. Fim da viagem.
Parabéns pela transcrição. Dá para viajar junto.
ResponderExcluirA estrada do antigo leito só foi asfaltada mais de 30 anso depois da supressão do ramal.
ResponderExcluirEntão para que a pressa em tirar os trilhos?
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