quarta-feira, 9 de março de 2016

BACALHAU À PAULISTA


Quinta-feira santa, dia 5 de abril de 1928. Operários da Companhia Paulista trabalhavam nas obras de eletrificação da linha até Rincão nos acampamentos situados nas estações de Camaquan, Graúna e Ityrapina - como se escrevia na época.

Estes operários moravam em Rio Claro em vagões no pátio da estação central ou na casa de parentes, quando os tinham. A cozinha da Paulista estava localizada também nesta cidade. Os mantimentos eram fornecidos pela Cooperativa dos empregados. A alimentação era paga a crédito.

No almoço daquele dia foi-lhes servido uma bacalhoada. Logo depois do almoço, já nos acampamentos, vários operários e também o cozinheiro começaram a sentir mal-estar: náuseas, vômitos, estas coisas. Pegaram o primeiro trem que se dirigia de lá para Rio Claro e foram atendidos pelo médico F. Penteado Junior, da própria Paulista.

Porém, eram tantas as pessoas a ser atendidas que o médico começou a mandá-las diretamente para a Santa Casa da cidade. Caminhões também foram chamados para o transporte, o trem não era suficiente, dada a urgência dos casos. Houvesse vomitórios e laxantes para atender a tantos doentes. Três médicos foram destacados para coordenar os trabalhos.

O delegado de polícia e o médico do posto de higiene de Rio Claro foram chamados para investigação e não deu outra: foi o bacalhau. Ninguém morreu.

Bom, a história é apenas uma intoxicação, mas serve também para sabermos que, durante as obras da eletrificação da Paulista em sua linha-tronco, havia acampamentos em algumas das estações para os operários que nela trabalhavam.


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