sexta-feira, 25 de março de 2016

1916: A SOROCABANA DA BRAZIL RAILWAY E A CONTENÇÃO DE CUSTOS

Trem de passageiros da Sorocabana Railway inaugurando a estação de Borebi, região de Bauru, e 1917. Estes carros eram muito melhores do que os que estavam sendo usados no transporte de operários da própria ferrovia como mostrado no texto.

Em 1916, um trem "de carga" da Sorocabana Railway trafegava todos os dias entre as estações de São Roque e de Mairink para transportar um "avultado" número de operários, segundo o jornal O Estado de S. Paulo de 1o de fevereiro de 1916.

Não se sabe até quando, e desde quando, esse trem circulou. Aparentemente, nessa época, a grande maioria desses funcionários morava em São Roque, que na época era a sede do município a que Mairink ainda pertencia. Este bairro provavelmente ainda não tinha infra-estrutura suficiente para abrigar todas essas pessoas.

Diz a reportagem (transcrita em português da época):

Este trem compõe-se de três vagões. São, porem, tão arruinados, que ha justo temor que mais dia menos dia uma grande desgraça e della sejam victimas os 150 homens, na maioria chefes de familia que alli vão engaiolados.

Os carros acham-se quasi innutilisados, apresentando grandes rombos, produzidos pelo fogo das fagulhas.

Além disso, ha a notar numerosos parafusos soltos, eixos completamente gastos, o que é um enorme perigo, sem contar com os freios dos carros,dos quaes nenhum funcciona. 

O referido trem, cuja velocidade é igual á de um trem de passageiros, está sujeito, em taes condições, a causar um grande desastre. 

Isto nos dizem em carta, que ontem recebemos. Chamamos, por isso, a melhor attenção do Sr. chefe do trafego da Sorocabana Railway para o facto denunciado, afim de que s.s. tome as referidas providencias." 

Repare-se que , na época, quase que exatamente cem anos atrás, a Sorocabana era uma concessão do Estado de São Paulo ao grupo Brazil Railway, que, até um ano antes, era comandado pelo Sr. Percival Farquhar e que, na época, estava em processo de concordata. Farquhar havia sido afastado cerca de um ano antes e as estradas de ferro a esse grupo concessionada passaram a ser administradas das piores formas possíveis para economia de custo.

Tal situação perdurou até 1919, quando o Governo do Estado rompeu o contrato, que deveria valer até os anos 1960, e assumiu diretamente a sua administração. Pode parecer incrível olhando-se com olhos de hoje, mas a Estrada de Ferro Sorocabana passou a ter uma administração bastante eficaz até pelo menos os anos 1950. 

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